Um Som Pra Você | Guapoduo

quatro!

Para Roier, ele e Cellbit eram como cometas separados pela imensidão do universo, podem ter se encontrado em uma dessas voltas malucas, mas já não se olham mais. Porém, ainda sabem da presença fantasma e da existência da distância um do outro.

Se ele e Cellbit foram feitos para ficarem distantes, então Roier pergunta ao Sol o porquê dele amar tanto a Lua, se estão tão distantes, se não podem ficar juntos. No final, talvez o Sol, estivesse apenas focado em ser um grande astro do Sistema Solar, e a Lua não era sua prioridade. A Lua, cansada, deve ter partido após seu coração se despedaçar em dois. Talvez, no final, a história do Sol e da Lua não seja o romance perfeito para se espelhar.

Porém, ainda no talvez: A noite sente falta do dia, as estrelas sentem falta dos raios solares, mas não foram destinados a se encostarem, são almas gêmeas fadadas a se soltarem depois de se encontrarem. Ainda no talvez, Roier precisa rebobinar e refazer seus pensamentos. Ele e Cellbit não são cometas, são o Sol e a Lua.

O vazio do abismo deles cresceu quando se reencontraram em um de seus eclipses. Cellbit, a Lua de Roier, se encontrou perdido, seus corpos celestes o conduziram para longe de Roier, o Sol. Roier viu os desejos do homem se apagarem quando suas lágrimas chegaram até a chama que incendiava seu coração, e a Lua de Roier, sem brilho, veio a escurecer.

Mesmo com o barulho do espaço e das estrelas brancas que brilhavam intensamente naquele pequeno ambiente, Roier ouviu o coração do loiro se partindo novamente, mesmo que o amor nos seus olhos ainda estivesse presente como antigamente.

- Não foi certo o que você fez. - Jaiden diz seriamente, ao lado de Roier na sacada do hotel em que estavam hospedados.

- Sair correndo do palco ou ir atrás dele?

- Ter ido atrás dele e ter gritado o nome dele em alto e bom tom pra todos os seus fãs que estavam ali. - Roier respira fundo, levando o cigarro para os seus lábios e dando uma tragada. - Você sabe como os seus fãs são, Roier. Eles vão descobrir quem é o Cellbit a qualquer momento, e não vai levar muito tempo pra eles juntarem A e B e deduzirem que foi ele o "cara que partiu seu coração". - Ela faz aspas com os dedos. - Você acha que é isso que ele quer?

- Ele nunca quis isso. Sei que fiz merda, me desculpa. Eu só não sabia como chamar a atenção dele naquela hora.

- Você não deveria ter chamado a atenção dele. Deveria ter deixado ele ir. Quer deixar ele ainda mais despedaçado? - Jaiden desvia o olhar do movimento lá embaixo, olhando para Roier. - E não é pra mim que você tem que pedir desculpa. - Ela se vira, dá alguns passos pra longe, abre a porta da sacada e olha para Roier por cima do ombro. - Eu te amo, Roier. Sou sua melhor amiga. Mas não vou passar pano pra atitude que você teve hoje. E espero que não se repita.

Jaiden sai da sacada e fecha a porta, deixando Roier sozinho. Ele taca o que sobrou do cigarro pra longe, se senta na cadeira que estava ali, pega seu violão que estava encostado na parede e encara o caderno de composições que estava na mesinha bem na sua frente.

Roier volta ao que estava fazendo antes de Jaiden aparecer, que era tocar violão e escrever a última música surpresa do último show da turnê. Okay, o último show só seria daqui dois meses, mas ele seria o extra em Quesadilla, e Roier queria que tudo fosse três vezes melhor.

- E se eu não gostar de mim? E se eu for mesmo tão pequeno? Eu não devia questionar. Me desculpa mesmo... - Roier para de tocar o violão, analisando a letra que escreveu. Ele respira fundo, frustrado. - Tá faltando alguma coisa...

Roier escuta o barulho da porta da sacada abrir, então vira o rosto, vendo Maximus. Ele se aproxima do mexicano e pigarreia.

- Vamos ficar aqui por uns quatro dias, né? - Roier concorda com a cabeça e franze as sobrancelhas, confuso. - Por que você não tenta, sei lá... encontrar ele? Conversar com ele?