O Leilão || Malila.

- 17.

Carla Maraisa

- Eu fico tão feliz que você está em um relacionamento - Maiara fala pela chamada - O mundo é um lugar muito cruel para ficar sozinha.

- É... acho que ela primeira vez eu realmente estou feliz com alguém

Maiara continua falando e eu escuto uma gargalhada do meu sobrinho, enquanto ele faz barulhos com a boca, arrancando um sorriso bobo dos meus lábios.

Estamos retomando contato aos poucos, falando sobre as nossas vidas agora, eu falei da minha empresa, da minha namorada, falei do nosso romance, já Maiara falou da sua esposa, do seu pequeno filho de seis meses que ela gerou, falou que a nossa mãe está bem, que todos sentem a minha falta e mesmo ainda um pouco magoada, não nego que fico feliz de saber que eles não me esqueceram.

Planejamos que eu e Marília iremos até a casa delas, a algumas cidades de distância, para passarmos algumas semanas juntas e matar a saudade.

- Eu contei a novidade para a minha esposa e ela ficou muito feliz - Minha irmã continua - E eu principalmente, passamos o último ano em luto.

- O que aconteceu? - Pergunto preocupada.

- Ela perdeu a sua irmã, então é um pouco raro ela realmente ficar tão feliz.

- Como ela perdeu a irmã?

- Sua irmã fo-

- Senhora Maraisa - Minha secretária me chama batendo na porta - Tem uma carta para a senhora.

- Mai, eu preciso desligar - Falo para a minha irmã - Depois eu te ligo.

- Tudo bem - Maiara concorda antes de desligar.

Estico a mão e minha secretária me entrega a carta antes de sair da minha sala. Não é tão comum eu receber cartas, geralmente os empresários vem falar pessoalmente comigo, mas nessa carta tem algo de errado, principalmente porque não tem nenhum selo, ou cartão postal, é só um envelope em branco, como se nao fosse enviado pelo correio.

Abro a carta e vejo rabisco e algumas coisas escritas a mão e uma letra totalmente difícil de entender.

" O leilão existe, ele é real, pessoas estão envolvidas nisso e pessoas estão sendo machucadas. Muitos pensam que foi um homem que começou, mas não, foi uma mulher.

Não adianta pedir ajuda das autoridades, tem muitas pessoas poderosas envolvidas nisso, mais do que você imagina."

Viro a folha para ver se tem mais alguma coisa escrita e não, são apenas essas palavras, sem o remetente, apenas o destinatário, sem nome algum ou alguma pista de quem pode ter sido, absolutamente nada.

Fico absorvendo as palavras das cartas e o que eu pensava que era ruim, é pior do que eu já Imaginava. Que tinha pessoas poderosas por trás disso eu sabia, mas agora porque uma mulher iria começar um esquema de sequestro e venda humana tão grande, principalmente porque mulheres são vendidas o tempo inteiro nisso.

Saio da minha sala com a carta em mãos e vou até a minha secretária rapidamente.

- Quem mandou isso? - Pergunto confusa - Quem mandou a carta?

- Foi deixado na recepção, senhora.

- Por quem?

- A pessoa não quis se identificar.

Nego com a cabeça sem conseguir pensar em uma pessoa sequer que sabe que eu estava investigando esse leilão, não contei para ninguém em momento algum, apenas para Marília quando eu cheguei machucada em casa.