capítulo quatro

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1867

Alika passou horas perdida naquele mundo imperfeito e perfeito que ainda não conhecia bem, admirando o horizonte enquanto o sol se punha sobre terras sem vida.

Seu vestido balançava hora ou outra com um vento jogado em sua direção. Gostava da sensação de estar coberta. De estar digna. Odiava os pedaços de pano sujos que fora obrigada a usar por tantos e tantos anos. Não se dera conta até aquele momento como os detestava. Sentia que as coisas ficariam certas agora se um vestido bonito se ajustasse em seu corpo e lhe entregasse algo que acreditava não ter: delicadeza.

Ela observou sua pele cintilando como se fosse feita de constelações e sorriu, pela primeira vez em horas. Sentia-se verdadeiramente bem consigo mesma pela primeira vez em dias, semanas, meses e anos. Estava absorvida por um poder maior, que se enrolava em sua alma como uma víbora faminta. Era um abraço confortável, apesar dos pesares.

Fosse o que fosse agora, ela se sentia incrível. Fechou os olhos e respirou fundo, absorvendo tantos cheiros diferentes que mal era capaz de listar. Pelo menos dezoito deles eram parecidos com o seu. Doces, levemente enjoadios e com um pouco de charme. Pareciam perigosos também, de alguma forma. Atraiam-na, no entanto, ela sabia que não devia ir atrás de nenhum.

Ela abriu os braços. Se sentia tão viva que poderia começar a dançar de cima do telhado da casa sem nenhuma música estar tocando. Cada centímetro de sua pele era sensível, tão excitante. Seus instintos absurdamente aprimorados a deixaram tão empolgada que poderia ter demorado mais para perceber que outro alguém se aproximara.

Alika foi arrancada de seu mundo fantasioso a contra gosto e olhou por cima do ombro, conhecendo um homem musculoso e de olhar malicioso. Ele usava uma camisa branca e deixava o peitoral exposto, exibindo seus pelos encaracolados. Sua pele pálida brilhava bem mais intensamente do que a pele de Alika, mas ela não invejou aquilo. Achava ridículo brilhar tanto.

Ao menos uma vantagem, tinha, e não se perturbou ao ser examinada de cima a baixo como um pedaço de carne fresca.

— Você deve ser a mais nova boneca de Maria. — Cumprimentou ele com a voz sensual e arrastada. Seu sorriso de canto e postura davam a entender que estava ali para flertar, mas olhando do ponto de vista de quem fora estuprada há pouco tempo, ficar a sós com um homem excitado não era a melhor coisa do mundo. Ela o deu as costas e assim ficou, completamente quieta.

Ele se aproximou e deslizou a mão pela coluna dela, subindo até seu ombro nu. Alika cerrou os dentes.

— Até que é bonita... para uma preta — ele disse, tirando a mão dela com um puxão grosseiro, como se tivesse tocado em algo sujo e pegajoso. Alika olhou para baixo, o chão estava a vários metros e uma queda o mataria, se ele fosse humano.

Ela se lembrou da última parte da sua conversa com Maria. Uma em que a sua salvadora lhe informava de suas novas capacidades.

— A senhorita agora possui uma força que nenhum homem ou animal da natureza possui. — Ela disse, andando pela salinha decorada com tantas porcelanas e bordados. — Agora a senhorita enxerga no escuro, corre mais rápido do que todos os cavalos que puder pensar e ouve as fofocas a um quilômetro de distância — sorriu divertida. — Não precisa respirar, piscar, comer ou dormir. Não se cansará nunca... fisicamente falando. Seu corpo é feito do material mais resistente da natureza.

BLOOD TYPE, Jasper HaleOnde histórias criam vida. Descubra agora