[01] Senhor Feiticeiro

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Em uma noite de lua cheia, com as veias pulsando friamente sob a pele, Caroline andou em passos lentos em direção a cozinha. Ali, encarou a última gaveta do balcão por longos minutos até finalmente abri-la, logo tendo posse da faca mais afiada. Era a melhor para cortar qualquer tipo de carne cheia de nervos, e naquela noite, foi perfeita para cortar o pescoço do seu amado.

Aquele que fodia com outra e deitava-se ao seu lado. Ele, que a fez virar as costas para as sombras e dobrar-se em oração diante de um altar dito como santo.

Hipócrita.

Pensou, enquanto via a lâmina deslizar com precisão voraz sobre o pescoço do homem que, por anos, partilhou sua cama enquanto seus malditos desejos o levavam a outra.

Seus olhos, que imploravam por misericórdia, encontraram os dela. E ela teve.

Não torceu a faca.

Tombou a cabeça para o lado, observando seus olhos agonizantes e os lábios trêmulos pelo qual também jorrava líquido vermelho.

— Você sempre será o mais bonito, Louis — murmurou, logo sentindo o gosto metálico ao selar suavemente seu lábio inferior. — Até mesmo suas vísceras possuem beleza.

Com um último suspiro, ele se foi.

Caroline levantou da cama do casal, e assim como ela, sua camisola branco-neve agora estava saturada de vermelho.

Semelhante á volta milagrosa de uma carnificina.

Carregando a faca, caminhou em direção ao quintal, pondo-se de joelhos sobre a terra úmida pela chuva que começou cair ainda pela tarde. Com a lâmina, traçou ali um corte em seu pulso, o sangue fluindo livremente para o solo, em um pacto silencioso de amor e lealdade eternos a Satã.

Ali estava Jungkook, em uma manhã nublada de domingo, lendo sobre uma mulher que liberou a fúria de um coração partido na vingança de uma fé renegada. Novamente, se viu incapaz de desprender-se da narrativa que o enfeitiçou desde a primeira linha, mesmo que, no decorrer da leitura, seu estômago tenha retorcido-se em náuseas, assim como arrepios que percorreram a sua espinha a cada frase dita por Caroline.

Mas amava. O amava.

E essa era sua única certeza.

Desviando o olhar das folhas em suas mãos, encarou, então, o feiticeiro. Jimin estava na cozinha, usando apenas uma box preta e a camisa favorita de Jungkook, que parecia grande demais em seu corpo. Os fios ruivos, rebeldes e desalinhados, caiam em seus olhos azuis enquanto concentrava-se em preparar ovos mexidos para o café da manhã.

Um anjo.

Um anjo da mente diabólica.

Jungkook aproximou-se depois de deixar o manuscrito sobre o sofá. Assim como Jimin, que ao sentir o toque das mãos pesadas em sua cintura, deixou a frigideira suja sobre a pia, virando-se para encará-lo.

— Eu foderia com a sua mente — declarou, traçando um caminho de selares pelo pescoço exposto.

O ruivo sorriu.

— Essa foi a declaração mais encantadora que já recebi — confessou, inclinando a cabeça para trás, dando espaço para que ele continuasse devorando-o.

Os lábios finos deixavam um rastro úmido sobre sua pele e as marcas começaram a surgir com a intensidade do desejo. As mãos, que antes descansavam em sua cintura, agora apertavam suas nádegas com urgência. Jimin tocou o braço forte, fechado por tatuagens, então suspirou quando Jungkook simulou uma estocada.

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⏰ Última atualização: Jun 02 ⏰

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