Finalmente temos um fim (última adeus)

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Toda noite eu fantasiava o dia da sua volta. As cenas eram cheias de reencontros emocionantes, abraços apertados e palavras doces. Mas, junto com essas fantasias, vinham também as conversas imaginárias sobre como eu diria, com a voz firme, que estava exausto de seus retornos. Que você tem o dom de me quebrar em mil pedaços, de anular meu amor próprio, apagar minha autoestima, e fazer com que eu engula meu ego e orgulho.

Queria te contar como você me destrói quando está longe, mas me aniquila ainda mais quando está perto. Amava o fato de você me conhecer tão bem, mas odiava que não soubesse o suficiente para entender que nunca gostei de mudanças. Talvez por isso eu tenha continuado alimentando essa relação.

Lembro da primeira vez que você foi embora. A dor era aguda, uma ferida que parecia impossível de cicatrizar. Mas com o tempo, aprendi a varrer para debaixo do tapete do coração os vestígios do seu abandono. Quando voltava, trazia consigo um vendaval que desorganizava tudo novamente. Cada retorno era uma nova esperança, seguida por um novo caos.

Toda vez que você partia, deixava um rastro de dor. Eu tentava reconstruir meu mundo, só para vê-lo desmoronar novamente na sua volta. Ainda assim, cada reencontro trazia um lampejo de felicidade, rapidamente ofuscado pela tempestade emocional que se seguia.

Após mais um retorno repentino, senti que não poderia mais suportar a ideia de ter você desorganizando toda a minha cabeça. Meu coração acelerou, não de amor, mas de medo. Medo de voltar atrás, de me perder novamente naquela espiral de dor e desejo. Mesmo você tendo o dom de me quebrar, eu não posso continuar vivendo assim. Não compensa para mim ter você na minha vida.

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