05:: Desentendimentos

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Após o intenso desentendimento entre as gêmeas Kim, o pós clima que se instala no coração de cada corrói aos poucos o restante de sanidade daquela noite. Não durariam tanto caso algo não fosse feito.

Ao menos, para uma das duas sim.

— Francamente, Bora. - Handong disse em um suspiro. — Só você mesmo para me arrancar de casa quando eu estava em plena tradição de leitura noturna. Tem que ter muito culhão.

O carro era espaçoso o suficiente, mas apenas as duas mulheres se encaravam ali, e ainda por cima com a distância perigosa. Uma não queria tocar na outra, mas ainda há um elo de intimidade. A chinesa cruzava as pernas torneadas no visível vestido preto, o olhar seco e distinto não media suas emoções para se expressar. Era tão honesta, mas tão mentirosa.

— Vai me agradecer quando entrarmos. Eu também preciso confirmar uma coisa.

— Falando nisso, onde está Gahyun?

— É sobre ela mesmo.

Havia um bom tempo desde que teve a oportunidade de expressar surpresa com as palavras de alguém, principalmente Bora. Assoprou um riso asno, contentou-se com aquela resposta mesmo que queira um esclarecimento melhor.

— E por onde anda Minji-ssi?

— Você deve saber mais que eu, não é? - refutou de maneira atrevida, rangendo a vontade em seus dentes enquanto descia o zíper da jaqueta. — Chegamos.

O aceno entre Kim e o motorista era feito em casos de evitar um segurança no raio de cem metros, normalmente para evitar rumores de sua presença em locais tão... inevitados. Mas ainda se sentia segura em saber que constantemente há de contar com a ajuda de qualquer um que estivesse monitorando suas atividades. É evasivo e prático.

O letreiro em neon requintado com a fonte cursiva brilhava de forma sigilosa, mantendo o mistério da entrada e a fila numerosa que aguardava. Bom, mas que pena! Bora sempre é a primeira, e ainda por cima como Vip. Às vezes ser reconhecida tem seu luxo.

— Ainda não entendo o mistério. É só uma boate.

— Shh. Nem começou.

O caminhar por tantas portas e corredores estava começando a irritar Handong, suspirando baixo com a impaciência de apenas curtir a genérica música que fosse. Ao final do que, aparentemente, se dava pela última etapa, ambas as amigas eram analisadas por uma mulher escondida por trajes fantasiados. Um animal era certo, felino até, mas especificamente não sabia.

— Não esqueçam das máscaras e nomes, senhoritas.

— Neptuno.

— Uhm... - "que porra é essa?" definitivamente pensava Handong, hesitante. Olhou para a morena desconfiada, a cordial funcionária e suspirou. — Imperatriz.

— Certíssimo. Sejam bem-vindas ao Galática, Neptuno, Imperatriz. Estamos honrados em ter tamanha presença por aqui.

Máscaras faciais pretas que mais agiam como viseiras, nenhum ar da graça para entreter. Porém sua estética é individual e tanto quanto eficiente, não precisando lidar com tantos gastos desnecessários. Certamente, uma maldita jogada de marketing.

— Imperatriz? Porra... Imperatriz!? - estática e sem capacidade de reagir propriamente, apenas ria sem escrúpulos. — Que nome ridículo.

— Disse a Neptuno.

— Obrigada, sou criativa.

Arrastando a única cortina que separava entre o asfixiante corredor sem fim e o cômodo mais aguardado da noite, os olhos de Handong brilhavam com tantos jogos de luzes. Mas claro, inesperados acontecimentos também. Tão bem organizado e arquitetado, a música ambiente onde definitivamente não cansava apenas em ouvir, funcionários bem espalhados para movimentar a clientela e estimular os gastos apropriados para melhorar o rendimento do local. Mas acima de tudo:

Que se dane os nepobabys;; jiyooOnde histórias criam vida. Descubra agora