Capítulo 2

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     O brilho da tela do computador iluminava meu rosto enquanto eu navegava por sites de companhias aéreas, procurando passagens de avião. Decidi que precisava sair um pouco, me afastar de tudo e tentar fazer minha vida se movimentar novamente. As últimas semanas tinham sido uma sucessão interminável de dias vazios e noites insones. Precisava desesperadamente de uma mudança de cenário, um novo começo.
    Cliquei em várias opções, considerando destinos, datas e preços. A ideia de ir para um lugar onde ninguém me conhecesse, onde eu pudesse ser apenas mais uma pessoa na multidão, parecia cada vez mais atraente. Talvez uma praia isolada ou uma cidade vibrante, cheia de vida. Meu coração ansiava por algo novo, algo que pudesse me distrair das memórias que me assombravam.
    De repente, meu celular vibrou ao lado do teclado. Uma nova mensagem. Peguei o aparelho, sentindo um leve desconforto. O número era desconhecido. Por um momento, um déjà-vu tomou conta de mim, e uma sensação de inquietação se instalou no meu peito.

*desconhecido
"Obrigado por ter encontrado Adam. Ele está seguro agora."

    Li a mensagem várias vezes, tentando processar o que significava. Quem era Adam? E por que alguém estava me agradecendo por encontrá-lo? Eu não tinha ajudado ninguém recentemente, muito menos alguém chamado Adam. Uma onda de confusão e ansiedade me envolveu, e senti o pressentimento sombrio de que estava prestes a começar tudo de novo. Nada bom poderia vir dessa mensagem, eu sabia disso no fundo da minha alma.
Fechei os olhos por um momento, tentando controlar a respiração. Por que meu número? Por que eu, de novo? As lembranças dolorosas de  Duskwood surgiram à superfície, trazendo de volta toda a dor e a sensação de perda que eu lutava tanto para superar.
Olhei para a tela do computador, ainda aberta na página de passagens aéreas. A fuga parecia mais tentadora do que nunca. Mas a mensagem piscando na tela do celular era um mistério que eu não podia ignorar. Mesmo sabendo que poderia me trazer mais sofrimento, algo dentro de mim não me permitia simplesmente virar as costas.
Respirei fundo e respondi à mensagem.

*eu
"Desculpe, mas acho que você mandou a mensagem para a pessoa errada. Não conheço nenhum Adam."

Minutos depois, a resposta veio, e com ela, uma nova sensação de desespero.

*desconhecido
"Tem certeza?"

*eu
"Sim, acho que foi engano."

Minutos depois, a resposta veio, e com ela, mais uma sensação de desespero.

*desconhecido
"Deve estar acontecendo algum engano mesmo. Adam me enviou o seu número. E nada mais."

Senti um arrepio subir pela espinha.

*eu
"Por que você acha que fui eu quem ajudou seu amigo?" perguntei.

*desconhecido
"Adam mandou o seu número para mim. E mais nada. Presumi que você teria o ajudado." veio a resposta rápida.
   
    O peso dessas palavras era quase palpável. Fechei o laptop, sabendo que qualquer plano de viagem teria que esperar. A paz que eu esperava encontrar estava mais distante do que nunca, e a sensação de que algo inexplicável estava prestes a acontecer era inegável.
Meu coração batia forte no peito. Quem era esse Adam e por que ele tinha meu número? A história estava começando a se desenrolar de maneira perturbadora.

* eu
"Estranho...Onde ele estava?" perguntei, tentando manter a calma.

*desconhecido
"Ele estava em Greenside, Redlog Pines," respondeu o desconhecido.

    Li a mensagem, tentando decifrar se aquele nome significava algo para mim. Mas era completamente desconhecido.

*eu
"Nunca ouvi falar nesse lugar," respondi, a inquietação crescendo dentro de mim.

    Levantei-me do sofá, tentando clarear meus pensamentos. Quem era Adam? E como ele podia ter enviado logo o MEU número? A história estava se repetindo, e eu estava sendo puxada de volta para um turbilhão de incertezas e perigos. No fundo, sabia que não poderia fugir. Precisava enfrentar o que quer que estivesse por vir, mesmo que isso significasse mergulhar novamente em um abismo de medo e perplexidade.
    Olhei para fora da janela, observando o movimento lá fora, tentando encontrar algum conforto na normalidade do cotidiano. Mas dentro de mim, a tempestade já estava se formando, pronta para explodir a qualquer momento. E eu, mais uma vez, me encontrava no olho do furacão, pronta para enfrentar o desconhecido, mesmo sabendo que a paz que eu tanto ansiava estava mais longe do que nunca.
    Levantei do sofá e fui até a cozinha pegar um copo de água, tentando acalmar meus nervos. Levei o celular comigo, querendo ter certeza de que era realmente um mal-entendido. Olhei para a tela enquanto bebia a água, esperando alguma resposta que esclarecesse tudo.
A mensagem chegou.

*desconhecido
"Você pode me fazer companhia enquanto dou uma olhada no estacionamento para ver se ele está por aqui e tentar entender o que está acontecendo?"

Hesitei por um momento, mas minha curiosidade e a necessidade de resolver o mistério prevaleceram.

*eu
"Sim, posso fazer isso," respondi, ainda tentando entender se era realmente um mal-entendido.

    Enquanto esperava, meu celular vibrou novamente. Outro número desconhecido tinha me adicionado. Olhei para a tela, o desconforto aumentando. Resolvi mandar uma mensagem primeiro.

*eu
"Oi, é o Adam? Você precisa de ajuda?"

Minutos se passaram sem resposta, e minha inquietação aumentava. Então, o telefone tocou. Olhei para a tela, vendo o número desconhecido piscando. Deixei tocar três vezes, o receio crescendo dentro de mim. Finalmente, atendi, tentando controlar meu medo.

"Alô?" Minha voz saiu tremida.

A linha estava cheia de interferências, tornando difícil entender o que a pessoa do outro lado estava dizendo. Consegui captar apenas fragmentos das palavras.

*+55 431 893
"Greenside... não posso... te ajudar... sinto muito..."

*eu
"Adam? Você está aí?" perguntei, tentando captar mais alguma coisa. Mas a ligação caiu antes que eu pudesse obter qualquer resposta clara.

    Após a ligação ser abruptamente encerrada, fiquei ali, segurando o telefone, sentindo-me perdida e confusa. As palavras desconexas que consegui entender ecoavam na minha mente, deixando-me com mais perguntas do que respostas. "Greenside", "não posso te ajudar", "sinto muito"... O que tudo isso significava? E de onde ele me conhecia?
    Fiquei ali, em silêncio, como se o vazio ao meu redor pudesse me fornecer as respostas que eu tanto buscava. Mas tudo que consegui foi um silêncio ensurdecedor, que apenas aumentava minha sensação de desorientação.
Meus pensamentos estavam em turbilhão, tentando conectar os pontos soltos dessa estranha e perturbadora situação. Quem era Adam? Por que ele tinha meu número? E por que ele estava em Greenside, um lugar que eu nunca tinha ouvido falar antes?
    A sensação de inquietação cresceu dentro de mim, uma mistura de medo e curiosidade. Eu precisava de respostas, mas elas pareciam estar sempre um passo à frente, escapando-me como areia entre os dedos.
Tentei focar minha mente, relembrando os acontecimentos dos últimos minutos, buscando algum indício que pudesse me guiar para a verdade. Mas tudo que consegui foi um emaranhado confuso de informações desconexas.
Por um momento, considerei desistir, deixar tudo para trás e voltar à minha busca por paz e normalidade. Mas uma vozinha dentro de mim sussurrava que eu não podia ignorar o chamado do desconhecido, que algo importante estava em jogo, algo que eu não podia compreender completamente, mas que sentia instintivamente.
Com um suspiro resignado, guardei o telefone no bolso e voltei para a sala, a mente ainda mergulhada em um mar de incertezas.

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