Capítulo 1

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O despertador insistia em tocar por mais que Rin o desligasse. Eram seis da manhã e ela ainda não conseguia processar porque colocara o celular para tocar tão cedo, não tinha nada para fazer, afinal sua agenda estava vazia até... Mais desperta, senta-se num pulo e pega o celular.

- Oh merda! Eu to atrasada! – Na tela a revelação, ela vinha ignorando o alarme desde as seis, eram seis e quarenta e ela tinha vinte minutos para chegar ao teatro. – Que merda! Merda!

O despertar de Rin foi tão barulhento que atraiu a atenção de Kaede. A idosa já havia tentado acordar a jovem sem sucesso e sabia que logo que saísse do quarto a jovem protestaria, mas com convencê-la de que ela tentou, mas Rin a ignorou totalmente? Kaede suspirou e sorriu no momento que a jovem em forma de furação entrou correndo pela cozinha, colocando um sapato e pegando uma maça para comer no caminho. Estava com os longos cabelos negros presos em um rabo de cavalo alto e em um vestido leve, provavelmente a roupa mais prática que encontrara.

- Por que não me chamou vovó?

-Se você tivesse acordado das muitas vezes que chamei. - A jovem gemeu, arrependida pois sabia que a idosa tinha razão. Ela estava tão ansiosa que passou a maior parte da noite acordada e quando conseguiu adormecer estava começando a amanhecer. – Bem agora, resta correr certo?

Rin resmungou alguma coisa enquanto colocava sua sapatinha e pegava sua bolsa para sair, teria que pegar um Uber para chegar a tempo e ele já estava na porta.

- Estou indo vovó! Me deseje sorte!

- Boa sorte! A Kagome estará lá para ajudá-la e lembre-se de se divertir!

- Pode deixar! – E na mesma velocidade em que entrara no cômodo, saíra, deixando uma leve bagunça. Kaede amava sua bela neta de consideração, desde que a jovem passara a viver com ela após a morte dos pais. E adorava ver que estava trilhando o próprio caminho e agora conseguindo seu primeiro papel principal em uma peça. Depois de que ouvir tantos comentários maldosos, a acusando de conseguir o papel por sua aparência, ou que dormira com o diretor para isso ou até que pagou para conseguir. Mas Kaede acompanhara, cada noite sem dormir, cada ensaio solitário, cada não, cada papel pequeno em conseguira até que finalmente tivera a chance.

Kaede olhou para a bancada, iria preparar um bom jantar para Rin, ela merecia pelo seu esforço e após este pensamento, colocou-se em movimento afinal o jantar não iria ser feito sozinho.

***

- Uma hora de atraso! – Reclamava abertamente Sesshoumaru com InuYasha. Ele estava arrependido de ter aceitado o papel na peça. O roteiro era bom, mas o problema era o elenco. Seu irmão decidira contratar para dar vida a sua versão moderna de Eros e Psique, a maioria de atores novatos e para Sesshoumaru, que tinha uma carreira consolidada era a pior coisa. Estava acostumado a lidar com divas e prima-donas e as preferia, mas decidiu se desafiar e aceitar o roteiro do irmão, bem não porque era seu irmão, mas porque era bom. Mas se soubesse que teria que lidar com amadores que não conseguem nem ao menos chegar no horário.

- Calma, a Kagome está ligando para ela para entender o que aconteceu.

- Hunf. – Fora o máximo de resposta que o jovem dera a seu irmão caçula antes de se sentar novamente e chamar seu assistente Jaken. – Veja como está minha agenda para essa semana.

- Você não vai abandonar a peça! – Começou InuYasha, ele sabia que trabalhar com seu irmão seria um pé no saco, mas Sesshoumaru estava saindo melhor do que a encomenda, sendo o resmungão do grupo desde que chegara e só piorava quando sua parceira, aquela escalada para Psique ainda não havia chego.

- Apenas se ela entrar... – Antes pudesse terminar, as portas se abriram com um estrondo e uma jovem esbaforida entrou e correu em direção a eles.

Sesshoumaru a avaliou, não era uma visão ruim, apenas bagunçada. Rosto branco estava com leve rubor, ela viera correndo e seu peito subia e descia com a velocidade de quem tinha corrido uma maratona, alguns fios haviam se desprendido do seu penteado e estavam colados em seu rosto. Uma bela visão, realmente a aparecia jus ao papel de Psique, exceto pelo seu atraso.

- Eu sinto muito pelo atraso! – A voz doce da jovem ecoou pelo teatro enquanto ela se curvava para se desculpar. – Eu realmente sinto muito!

- Ok Rin, tudo bem! – A tranquiliza InuYasha antes de se dirigir a todo o elenco. – Bem agora que estamos todos aqui, vamos repassar os papeis e vamos fazer uma leitura do primeiro ato. Como todos aqui sabem, Eros e Psique é uma obra antiga e muitas vezes deixada de lado pelos jovens, nossa missão aqui é tornar a mitologia atraente a todos.

Enquanto InuYasha explicava a dinâmica e qual a importância de cada personagem, Sesshoumaru ouvia entediado. Se o elenco fosse mais experiente não seria necessário perder tanto tempo com isso, já poderiam estar ensaiando e gravando suas falas e não ouvindo orientações sobre entonação, como falar no palco e como fazer para ser ouvido sem gritar.

Rin por sua vez ouvia cada palavra como se fossem a coisa mais preciosa que ouvira em sua vida. Era seu primeiro papel principal! Ela era Psique e estava empolgada! Lembrava-se levemente da lenda quando a escutou na escola. Algo sobre ciúmes, vingança e união do Amor e da Alma. Teria muito trabalho para fazer, afinal não queria decepcionar aqueles que lhe deram essa oportunidade!

- Sesshoumaru e Rin, aqui por favor. – A voz de InuYasha os tirou de seus desvaneios e os trouxe de volta a realidade. Os dois foram para o lado do diretor e Rin pode dar uma boa olhada aquele que seria seu par em cena. Alto, rosto bonito e impassível, cabelos longos prateados, inconsciente de que estava prendendo o ar enquanto observava o homem a sua frente e guardava para si o pensamento de como ele ficaria em uma túnica greco-romana.

Eles caminharam para ficar ao lado de InuYasha que por sua vez explicava como seria a interação entre eles.

- Psique é uma doce jovem, que por mais que seja bela não usa de sua beleza para conseguir vantagens. Essa personalidade e aparecia causa a ira de Afrodite que manda seu filho Eros, para punir a jovem, sendo que Eros se apaixona por Psique. – InuYasha parou de falar e tomou a mão de Rin e a de Sesshoumaru e as uniu, obrigando-os a entrelaçar os dedos. – Vocês terão que se tornarem um, então tratem de se conhecer bem.

Rin olhou tímida para Sesshoumaru e podia ver o tédio em seu olhar, o que lhe deixou constrangida. Ainda estavam de mãos dadas e o calor que suas mãos passavam era totalmente diferente do olhar gélido que recebia. Como poderia ser tão bipolar? Quente e frio? Doce e amargo?

- Como sabem, Psique não conhece a face de seu marido até que instigada pela inveja e ciúme de suas irmãs, enquanto Eros está dormindo, esta pega um candelabro para conferir o rosto daquele com quem estivera por noites a fio, até que deixa que a cera da vela caia sob a pele de Eros, o despertando. – Ainda olhando para o casal a sua frente, InuYasha continuava a falar – Vocês têm o desafio de mostrarem a intimidade de um casal apaixonado que não conhecem o rosto um do outro, ou seja, terão muitas cenas de toques por isso, sejam amigos e se aproximem um do outro para que sua presença seja tão única que o expectador possa sentir a tensão entre vocês.

Sesshoumaru olhou-a de cima a baixo. Ela pequenina e uma novata. Suspirou, e tomou posição à frente dela para que pudesse tocar sua face e observar sua reação. Se ela não se controla-se, ele teria problemas, muitas novatas não sabiam como se portar na frente dele, gerando uma série de interrupções e outros problemas, mas a pequena parecia bem centrada e consciente de seu papel. Era nítido que tinha estudado as falas e sabia o que tinha que dizer, mas ainda estava um pouco tímida, seria interessante quando ela desabrochasse. Um forte desejo de provocá-la começava a surgir dentro de seu peito, ao passo que tinha uma reputação pra manter. Não iria se abalar por uma novata. A melhor coisa que poderia por enquanto era ignorá-la, como sempre fez com todo novato que cruzou seu caminho.

O despertar da MusaOnde histórias criam vida. Descubra agora