Serendipity (Camila/You)

Capítulo 1.

Serendipity - Da tradução literal: Acaso.

Serendipity descreve a sorte quando, por acidente, encontramos algo bom e único, seja uma pessoa, ou um sentimento, algo valioso, mesmo sem estar procurando.

Destino; Acaso; Sorte; Propósito; Era para ser; Fim.

Point Of View - Sn Baker Jauregui.

Larguei a escova na penteadeira assim que acabei de arrumar o cabelo. Me olhei mais uma vez, sendo aquela a milésima só naquela hora. Eu não tinha problema nenhum com a minha aparência, estava bem comigo mesma, mas sempre que era para tentar chamar a atenção da minha mulher, as coisas mudavam um pouco, eu continuava me achando linda, inclusive eu sou, mas parece que de algum tempo para cá tudo que eu faço é tentar chamar sua atenção, para ter pelo menos uma migalha do carinho dela, coisa que antes ela nunca deixou faltar, mesmo se fosse o caso de eu implorar para que parasse, ela não o faria.

Levantei e caminhei lentamente até a porta do quarto, percorri os grandes corredores sem pressa, desci as escadas necessárias, passando por meus empregados, enquanto eles me elogiavam, eu agradecia a todos, sabendo que eram sinceros. Eu não era uma tirana, era uma boa patroa, nós temos bastante tempo juntos nessa casa. E eles eram os únicos a preencher minimamente a solidão que aquela mansão trazia.

Deve se perguntar por que uma casa tão grande para apenas duas pessoas morarem. Bom, filhos. Era um foco meu e de minha esposa, para mais adiante. Mas olhe para nós duas agora, 9 anos depois e parece que o "adiante" chegou e nós é que ficamos para depois, ou talvez no passado. Nossa relação não é mais a mesma há um certo tempo, mas eu continuo esperando para que isso possa mudar.

Bati três vezes na grande porta de carvalho escuro, segurando um pouco a barra do vestido que eu usava. Aguardei e entrei, como não houve resposta, imaginei que ela estivesse atolada no trabalho como sempre, mas dessa vez eu estava totalmente errada. A sala estava vazia. Não havia nada além da pilha de papéis que ela sempre estava mexendo. Olhei ao redor e saí da sala ao constatar que ela realmente não estava em nenhum centímetro daquele lugar. Puxei o celular a procura de algum sinal, mas nenhuma mensagem. Nada. Liguei uma, duas, cinco vezes... ignorada em todas. Respirei fundo e saí do escritório. Procurei pelo nosso motorista, e questionei pela mulher que eu ainda era casada, pelo menos no papel.

— Então quer dizer que ela pegou o carro e saiu. - Falei, sentindo a decepção escorrer entre minha boca. Ela saiu mesmo? Isso parecia loucura.— Você sabe para onde ?

— Desculpe, sra Jauregui, eu não sei, ela pediu as chaves e saiu, pedi que deixasse que eu a levasse, mas ela nem me deu ouvidos. Parecia um pouco nervosa.

Ele diz a última frase realmente preocupado.

— Está tudo bem, obrigada.

Ele sorriu e se retirou. Mais uma vez precisei respirar fundo e voltei para o escritório, me sentei em sua cadeira e tentei ligar mais algumas vezes para ela e para algumas pessoas. Onde ela se meteu afinal?

(...)

A porta da grande sala foi aberta, eu tomava agora o último gole do whisky em meu copo e levantei o olhar até encontrar aquele que eu tanto amava, muito conhecido por mim, e que antes me arrancava suspiros e mais suspiros, mas que agora estavam cansados, apresentavam uma certa vermelhidão. Maconha, provavelmente, normalmente ficam assim quando ela usa.

Ela parou onde estava, me olhando estática, desviou o olhar por um segundo, mordendo os lábios em nervosismo. O que durou apenas um instante e logo se recompôs.