O primeiro dia

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Você não progride enquanto dorme, é hora de acordar. Vamos , você tem um grande dia pela frente!

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O relógio despertou às 6 da manhã de uma segunda feira de céu nublado. A preguiça tomava conta do meu corpo enquanto eu lembrava que teria que sair da cama e enfrentar o frio fora das cobertas. Logo minha avó entrou e me chamou, ela sempre me acordava pelas manhãs com aquela voz doce mas fraca por conta da idade. A minha sorte é que eu ouvia bem.

— Hazel, levante! Hoje é seu primeiro dia na escola nova não é? Vamos lá, não quer chegar atrasado logo no primeiro dia! — disse ela enquanto me chacoalhava gentilmente tentando me despertar.

Ela parecia animada, talvez estivesse feliz que eu iria para uma escola nova, conheceria outras pessoas, era como se eu fosse recomeçar.

— Claro... já vou levantar. Meu pai já saiu?

— Saiu agora pouco. Ele pediu pra avisar que deixou mensagens no seu celular, acho que desejando um bom dia de aula.

— Certo, já vou descer. Obrigado. — eu disse esfregando os olhos tirando o resto da preguiça.

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Depois da morte da minha mãe, meu pai precisou trabalhar mais pra poder nos sustentar. Mesmo morando com a minha avó, ele nunca deixou ela pagar nada, ele não queria incomodá-la, por isso, ele sai bem cedo de casa todos os dias e volta perto das 5 da tarde. Durante o tempo que ele está fora, a minha avó sempre fica atenta aos meus horários de acordar, comer, ir para a escola, fazer minhas lições e dormir. Ela sempre faz o possível para que eu não perca nenhum dos meus compromissos, e eu sou grato por isso, sem ela eu provavelmente teria sido reprovado por faltas. Várias vezes.

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Saindo do quarto e descendo as escadas para o banheiro ainda me arrastando, joguei uma água no rosto para ficar mais atento e coloquei meus óculos. Sou praticamente cego sem eles, coisa de morcego. Olhei para mim mesmo no espelho, é algo que tornei hábito de fazer todas as manhãs.

Eu tinha olheiras debaixo dos olhos, não havia dormido direito por conta da ansiedade e do nervosismo de ir para a escola no dia seguinte. Uma nova etapa estava pra se iniciar e eu estava com medo. Medo do nível de dificuldade que aumentaria, medo das pessoas, do que iriam achar de mim, do que falariam de mim. Passei boa parte da noite anterior pensando no que dizer quando chegasse lá. Eu não queria que soubessem minha individualidade, eu queria ao menos ter a chance de fazer amigos, e eu não conseguiria caso achassem que eu era um monstro sanguinário logo de cara.

Logo eu senti o cheiro do café vindo da cozinha, me tirando dos meus pensamentos. Minha avó fazia café para mim todas as manhãs, e nas últimas noites, vendo que eu estava com problemas para dormir, ela faria uma xícara cheia de café para que eu pudesse me manter acordado durante o dia.
Ao chegar na cozinha, fiquei aliviado ao ver que só tinha a xícara de café na mesa. Normalmente ela faria algo para eu comer também, mas ela deve ter percebido o estado de nervosismo que eu estava e por isso não fez nada para eu comer. Eu fico com o estômago embrulhado quando estou nervoso assim, então se eu comesse alguma coisa era mais do que certo que eu passaria mal durante o dia.
Peguei o café na mesa e tomei um gole, o líquido quente esquentando meu corpo e me fazendo relaxar um pouco.

— Está ansioso pelo primeiro dia querido? Não se preocupe, vai dar tudo certo, eu tenho certeza! — era nítido que minha avó queria me acalmar, ela sempre tentava fazer eu me sentir melhor.

Who am I supposed to be?Onde histórias criam vida. Descubra agora