Capítulo 11 - Despertar

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As vozes ao redor são tão perturbadoras

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As vozes ao redor são tão perturbadoras. Sinto como se, por mais que eu tentasse ignorar suas palavras, elas soassem como ecos em meus ouvidos, cada uma delas. Uma cacofonia de vozes e sons variados me deixa perturbada. O cheiro forte de álcool arde no meu nariz, mas é uma distração bem-vinda. Tento focar nesse cheiro, afastando os sons que invadem meus sentidos, mas é inútil. As vozes retornam, mais altas, mais insistentes.

Calem a boca, pelo amor de Deus, apenas calem a boca, tento gritar, implorar, mas acho que não me escutam. Eles não me respondem. Não consigo vê-los, mas eles responderiam se me ouvissem, não é? Foco meus ouvidos para tentar entender o que falam todas essas vozes, e uma frase com muito esforço se faz clara.

— Ela está estável agora — diz uma voz masculina, autoritária, talvez um médico. Tento compreender exatamente sobre o que ele fala, mas não consigo lembrar como cheguei até aqui.

Onde estou? Sinto-me tão cansada. Será que o momento da minha morte finalmente chegou, trazendo consigo o descanso que tanto anseio? A ideia de morrer, de deixar tudo isso para trás, parece um alívio sedutor. 'Que minha vida seja curta', a frase se forma em minha mente, ecoando meu desejo pela paz que só a morte promete. A escuridão me chama, um convite para um sono sem sonhos. Mas há algo, algo que agarra meu tornozelo, me puxando para longe desse descanso. Por quê? O que ainda me prende aqui?

As vozes retornam mais altas e insistentes, barulhos estranhos e agudos. Por que não posso afastar essas vozes, esses sons? Quero silêncio, paz, quero voltar para a escuridão que eu avistava. Cada palavra é como uma agulha perfurando minha mente. Cada som é como uma pancada na minha cabeça. Sinto uma dor no peito e mais vozes altas ao meu redor, uma mistura disforme de sons que não entendo.

Pelo amor de Deus, parem de falar. Tento me concentrar no cheiro de álcool, no ardor que ele causa em minhas narinas. É uma âncora à realidade, uma distração bem-vinda. Mas as vozes, as vozes continuam, implacáveis, invadindo minha mente, esmagando qualquer esforço meu para encontrar paz.

Quero gritar, mas não consigo. Quero ver, mas meus olhos não obedecem. Tento voltar para o ponto escuro que me dava calmaria, mas não acho mais esse lugar. Sinto novamente algo me prendendo no tornozelo e não consigo entender o que é, mas sei que é por isso que não consigo ir. Eu quero ir, por favor! O desespero me consome de um jeito sufocante. Eu quero ir.

Por que não consigo ir embora?

(...)

— Mamazinha do Milo, o Milo tá com sadade. Acoda, mamazinha — a voz do meu bebê ressoa forte em meu ouvido. Ele está vivo. A felicidade me toma por completo ao ouvir a voz de Emílio. Ele está vivo, ele está aqui. A vontade de protegê-lo, de segurá-lo novamente, me dá força, mas meu corpo se recusa a obedecer. Estou presa nessa casca, incapaz de me mover, de falar. O amor e a frustração se misturam, criando uma dor aguda no meu peito. Preciso lutar, preciso voltar para ele.

O CarniceiroOnde histórias criam vida. Descubra agora