Capítulo 08 - Despedidas e Chegadas

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Primeiro veio o choque pela notícia, depois ódio por aquela desgraçada ter ousado matar Juan, depois uma vontade desgraçada de socar a cara de Gael até ele desmaiar por ter sido o responsável por colocar esse plano estúpido que custou a vida de Ju...

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Primeiro veio o choque pela notícia, depois ódio por aquela desgraçada ter ousado matar Juan, depois uma vontade desgraçada de socar a cara de Gael até ele desmaiar por ter sido o responsável por colocar esse plano estúpido que custou a vida de Juan em prática e por último a vontade de socar a minha própria cara por ter concordado com toda essa merda.

— Ele ainda está lá? — Falo me erguendo, tentando racionalizar tudo aquilo e entender a notícia trágica com a qual sou recebido.

— Não! Conseguimos autorização para o seu transporte. Para enterrá-lo com os nossos, o corpo chegou ontem e iniciamos os preparativos para o enterro, será amanhã, estávamos aguardando o seu retorno. — Yolotli fala ainda com a cabeça baixa e eu assinto, indo em direção a porta — Juan escolheu ir, ele conhecia os riscos, traçou o seu próprio destino. Gael não tem culpa por isso.

Ignoro suas palavras e sigo em direção ao andar de cima, onde Gael costumava realizar suas coisas. Eu odiava entrar na sala dele, Gael era extremamente bagunceiro, e trabalhava em um ambiente completamente caótico. Assim que abri a porta pude ver mais uma vez milhares de coisas descoordenadas e fora de sentido. Só o ambiente em si já me deixava mais irritado ainda. Ele está sentado ao lado da janela com expressão de culpa e quando me vê se ergue do sofá.

— Eu... — Não dou tempo a ele de falar, puxo sua blusa e dou um soco em sua cara. Ele não reage.

— Está vendo agora as consequências dessa sua obsessão naquela maldita? Ahn? Está satisfeito agora? — Dou outro soco — Hum? Me diga Gael, valeu a pena perder o Juan em troca de um coyote que nem se quer podemos garantir a eficácia. Me diz: VALEU A PENA? — Grito em sua cara sentindo tanta raiva, mas tanta raiva dele. Odeio perder o controle, odeio gritar com ele, mas um homem de grande importância morreu por causa das necessidades pessoais dele. Não consigo ignorar isso.

— Ele conseguiu! — Afirma, olhando para baixo, um suspiro fundo de lamento sai de seus lábios — eu não imaginei que ela iria tão longe. Ela nunca matou nenhum dos homens que nós mandamos, sempre dava alguns sustos, mas nunca havia ido... Tão longe. Eu realmente não imaginei que ela tivesse coragem. Não sabendo que nós éramos os responsáveis por enviá-lo. — Se desculpa, falando em um tom de gente normal, sem deboche, sem sarcasmo, sem duplos sentidos dessa vez.

— Isso não vai trazer ele de volta! — Empurro Gael contra a poltrona e ele cai sobre ela. Viro de costas e olho para cima, pensando no que vou fazer. Meu amigo, talvez o único que eu tenha feito verdadeiramente durante toda a minha vida. Morto. E eu nem poderia matá-la para me vingar. Um grito alto sai dos meus lábios de puro ódio. Isso não ia ficar assim.

— Como você sabe que ele conseguiu? — Pergunto, tentando racionalizar, minha respiração acelerada pelo ódio que corria como lava em minhas veias.

— Ele avisou três dias antes de ser capturado. Estava tudo certo, ele já ia voltar, ele só queria aproveitar os últimos dias na cidade, antes de retornar, eu tinha dito que ele podia tirar alguns dias de folga, e...

O CarniceiroOnde histórias criam vida. Descubra agora