00|Prólogo.

445 47 63
                                    

Eu estive observando você por algum tempo
Não consigo parar de olhar para aqueles olhos do oceano
Cidades em chamas e céus de napalm
Quinze chamas dentro daqueles olhos oceano
Seus olhos oceano
Ocean Eyes|Billie Eilish

Dylan Russell

Quinta, 12 de novembro de 2020...

Uma música absurdamente alta explodia nas caixas de som; cheiro de álcool, maconha e diferentes tipos de perfumes impregnavam praticamente todo o ambiente, além dos corpos suados dançando juntos no pequeno espaço. Foi isso que presenciei assim que adentrei meu apartamento, após chegar de viagem.

Em plena quinta-feira à noite, Ethan e Liam tiveram a brilhante ideia de dar a porra de uma festa. E os imbecis nem sequer me avisaram. 

Fechei os olhos por alguns segundos e respirei fundo, tentando não perder a pouca paciência que eu tinha. 

Praguejei baixinho e, com uma grande mochila nas costas, me espremi entre toda aquela multidão para tentar chegar ao meu quarto. 

Não era porque eu não era o maior fã de festas que meus amigos não podiam dar uma, só que hoje não foi o melhor dia para isso.

Tudo o que eu queria no momento era me deitar e dormir em paz, não só para descansar, mas também para de alguma forma fazer a tristeza sumir. 

─ Dylan! O que fazendo aqui? ─ Liam surgiu de sei lá da onde, passando o braço em volta do meu pescoço, quando eu já estava me aproximando do corredor onde ficava meu quarto.

─ Como assim o que fazendo aqui? achando que mora sozinho, é? ─ cuspi as palavras, afastando seu braço de mim. ─ Já falei para você e Ethan que quando quiserem dar uma festa me avisarem antes. Se eu soubesse que esse bando de desocupado estava aqui, tinha dormido fora ─ completei, ríspido.  

─ Meu Deus, relaxa um pouco! Que estresse! ─ ele passou a mão pelos cabelos lisos e castanhos, falando bem próximo ao meu ouvido, devido à música alta. ─ Quer um gole? ─ esticou a garrafa de cerveja em minha direção.

─ Não. Cadê o Ethan? ─ vasculhei o lugar com os olhos à procura do garoto. 

─ Na casa de alguma gatinha. E ele não tem nada a ver com isso, assumo a culpa ─ disse, tomando um longo gole da bebida. 

─ É claro. Ele não é sem noção como você ─ rebati, irritado.

Ethan Howard e Liam Sutton se tornaram meus amigos, desde que comecei a faculdade e juntos dividíamos um apartamento. 

Uma das principais diferenças entre eles era: o primeiro conhecia as palavras limites e responsabilidade, o segundo não.

─ Desse jeito você me magoa, D ─ ele fingiu estar ofendido.

Revirei os olhos, fazendo pouco caso de seus dramas. 

─ Vou para o meu quarto. 

─ Espera aí ─ ele colocou a mão no meu ombro, me impedindo de sair. ─ Como foi com seus pais?

Viajei para a Califórnia ontem, para que hoje fosse com meus pais visitar o túmulo de Eric, como fazemos quase todos os dias doze de todos os meses. E foi desconfortável e deprimente pra caralho. 

Meus pais queriam que eu ficasse até o domingo, no entanto, preferi voltar hoje mesmo, usando a desculpa que já tinha perdido dois dias de aula e não queria perder mais um, mas, na verdade, eu só não queria ficar naquela casa que estava repleta das memórias do meu irmão. Além disso, também não estava interessado em ficar presenciando as discussões deles por qualquer besteira. 

Fascinado Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora