02|É Claro Que Me Lembro De Você, Anna.

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Oh, eu costumava dizer que
Eu nunca me apaixonaria novamente até encontrá-la
Eu disse: Eu nunca me apaixonaria, a menos que seja por você
Eu estava perdido na escuridão, mas então eu a encontrei
Eu encontrei você
Until I Found You|Stephen Sanchez

Dylan Russell

Quinta, 12 de outubro de 2023.

Doze de outubro, quase quatro anos que eu perdi o meu irmão e que vi toda a minha vida perder o controle bem diante dos meus olhos. 

O dia doze de todos os meses eram um tormento para mim, porque eu passava o dia inteiro pensando nele, mergulhando em um misto de dor e saudade. 

Obviamente, minha vida não era perfeita, mas com Eric por perto ela parecia ser. Desde sua morte, tudo mudou tanto, eu mudei tanto. Não sei explicar muito bem, mas desde que ele se foi, eu meio que parei de me permitir sentir sentimentos bons como felicidade, amor, paz, porque eu não me sentia mais merecedor deles.

A cada dia doze, a imagem do corpo dele sem vida aparecia repetidas vezes em minha memória, assombrando-me e fazendo-me pensar que talvez, se eu tivesse sido um irmão melhor, tudo aquilo poderia ter sido evitado.

Além de perder Eric, também tive que aguentar as incessantes brigas dos meus pais. Eles raramente estavam em casa, e quando estavam, não passavam mais de vinte minutos sem brigar e, infelizmente, eu não tinha mais o meu irmão para me distrair quando eles discutiam, e parecia que as brigas só pioraram depois que ele se foi.

Atualmente, agradeço aos céus pelos dois terem se separado, foi a melhor coisa que poderiam ter feito. 

Benjamin Russell, casou-se novamente um tempo após a separação. Ele não era um pai ruim, apenas era muito ausente, sua vida girava em torno do trabalho. Seu novo casamento o transformou positivamente de todas as formas possíveis, principalmente como pai. Era uma pena meu irmão não ter conhecido essa versão dele. 

Minha mãe, Cynthia Miller, parecia conhecer um homem diferente toda semana. Como ela era adulta e nem sequer morávamos mais juntos, eu não me sentia no direito de julgá-la.

Enquanto meus pais passaram pelo luto brigando o tempo inteiro, eu passei essa “fase” distante de tudo que eu amava. Me afastei dos poucos amigos que tinha ─ os quais pareceram nem sentir minha falta ─, negligenciei os meus estudos, parei de me divertir fazendo coisas que eu amava, de sair de casa, enfim, eu estava no fundo do poço, vivendo no automático. 

Felizmente, com o passar do tempo, eu aprendi a lidar melhor com a sua partida, isso após longos meses de terapia. Como dava para notar, eu não superei completamente e acho que nunca vou, afinal era como diziam, a gente não se acostuma com a dor, somente aprende a conviver com ela.

Além da terapia, buscar recomeçar minha vida em outra cidade também me fez bem, pois acabei ganhando uma nova família. Quando comecei a faculdade, conheci Liam e Ethan, e me aproximei mais de Jenna ─ uma amiga desde a infância ─, eles me acolheram, me apoiaram e estiveram ao meu lado todas as vezes que precisei. 

O som de batidas na porta me obrigaram a sair de meus devaneios, sendo assim, levantei da cama em um pulo e caminhei até a sala. Olhei através do olho mágico e vi Nancy Campbell.

─ Dylan, oi! ─ me cumprimentou, passando os braços ao redor do meu corpo assim que abri a porta. ─ Como você está? 

─ Bem ─ a abracei de volta, um pouco sem jeito. ─ O que fazendo aqui? ─ questionei, me afastando.

Fascinado Por VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora