Reencontro

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8 de Janeiro - 2024

O céu de Toronto estava nublado naquela manhã, as nuvens cinzentas encobriam o sol, criando um clima melancólico que combinava perfeitamente com o humor introspectivo de minha melhor amiga, Lorelai.

Eu observava a cidade do alto do meu apartamento no 18º andar, as luzes dos prédios e carros parecendo pequenas estrelas brilhando na vastidão urbana. Recém-formada em História pela Universidade de Toronto, sempre fui apaixonada por tempos passados, devorando cada detalhe das eras que me fascinavam. Porém, nada poderia me preparar para o que estava prestes a acontecer.

— Diana, você está pronta? — chamou Lorelai da porta da sala. Seus olhos estavam ligeiramente vermelhos, sinal claro de que havia chorado.

— Sim, só um segundo. — respondi, fechando um dos livros que estava estudando e jogando um casaco por cima dos ombros. Eu precisava de uma pausa, e ela também. Lorelai tinha acabado de terminar um namoro de anos e estava precisando de apoio.

Saímos do apartamento e caminhamos até o café da esquina. O aroma de café fresco e pães assados invadiu nossos sentidos assim que entramos. Sentamos em nossa mesa habitual, ao lado da janela.

— Eu não entendo, Diana — começou Lorelai, mexendo distraidamente no seu cappuccino. — Como tudo pode mudar tão rápido? Ontem estávamos fazendo planos para o futuro e hoje... acabou.

— Eu sei, Lorelai. As coisas são complicadas, mas às vezes, o fim de algo pode ser o começo de uma coisa melhor — disse, tentando oferecer algum conforto. Eu sabia que palavras não seriam suficientes, mas estava lá para ela.

Conversamos por horas, relembrando memórias antigas, rindo e, de vez em quando, quase chorando novamente. A tarde passou voando, e antes que percebêssemos, o café estava fechando.

— Vamos, precisamos descansar — disse, dando um abraço apertado nela. — Amanhã será um novo dia.

Voltamos para o meu apartamento. Lorelai decidiu passar a noite lá, o que era ótimo, pois eu não queria que ela ficasse sozinha.

— Vou tirar um cochilo rápido, estou exausta — falei, me jogando no sofá. — Qualquer coisa, me chama.

Lorelai assentiu, pegando um livro na minha estante. Fechei os olhos, e em questão de segundos, comecei a sentir um estranho formigamento pelo corpo. Era como se uma energia percorresse minhas veias, um som distante, semelhante ao sopro do vento em árvores antigas, começou a ressoar em meus ouvidos. O barulho da cidade desapareceu, e a sensação de ser puxada por uma força invisível tomou conta de mim. Então, tudo se apagou.

🕓

Quando acordei, o cheiro da terra úmida e das folhas secas invadiu minhas narinas. Abri os olhos lentamente, piscando várias vezes até que minha visão melhorasse. Acima de mim, a copa das árvores se balançava gentilmente ao vento. Eu estava deitada no chão de uma floresta. O canto dos pássaros era a única coisa que quebrava o silêncio absoluto.

Levantei-me, sentindo a umidade da terra nas minhas mãos. Olhei ao redor, tentando entender onde estava. A paisagem parecia de ser tirada de um Contos de fadas: árvores altas e robustas, pássaros cantando ao longe e nenhum sinal da modernidade que eu conhecia. Meu coração começou a bater mais rápido. Será que eu estava sonhando?

Meu primeiro instinto foi verificar meu celular, mas, como eu temia, ele não estava no meu bolso. Respirando fundo, tentei me acalmar, mas nada parecia ajudar muito. Eu caminhei pela floresta para encontrar algum refúgio, meus passos ecoando no silêncio natural. Após alguns minutos, avistei uma clareira e, além dela, um campo completamente verde. Ao fundo, um majestoso casarão se erguia, com sua arquitetura colonial deveras elegante. Aproximando-me com cautela, notei que havia pessoas trajando roupas de época, algo que parecia saído diretamente do final do século 19.

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