Prologo

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 Caminho até o ponto de ônibus me sentindo completamente sem chão. Ainda não posso acreditar que Hinata está morta. E agora? O que vou fazer com esta criança que trago em meu ventre?

Olho para todos os lados e só vejo vegetação. Por que os ricos gostam de morar tão isolados? Por que o ponto de ônibus tinha que ser tão longe? É claro que é longe. Só os empregados usam ônibus, porque os patrões vêm de carro. Não basta estar falido, grávido, cheio de dores, também sou idiota para piorar minha situação.

— Ai!

Sinto mais uma vez a forte dor. Acordei sentindo isso, mas eu precisava saber o que aconteceu com Hinata. Ela nunca ficou mais de uma semana sem falar comigo. E agora, infelizmente, descobri o motivo. Ando mais um pouco, agora com dificuldade, pois as dores estão aumentando. Talvez se eu me curvar essa dor alivie.

— Ai ai! 

Que nada! A dor só aumenta!

Será que chegou a hora, meu Deus?

Oh, paizinho! Aqui não, por favor. Olho em volta e novamente vejo só vegetação. O ponto de ônibus já está mais próximo. Só restam, pelo menos, dois quilômetros.

Novamente vem a dor que começa nas costas e irradia até o meu ventre. Não suporto e me dobro sobre meu corpo de novo, gritando. Vou morrer! Meu Deus, perdoe os meus pecados porque chegou a minha hora! E eu que tinha tantos planos... Ainda nem experimentei outro Alpha. Vou morrer e o único Alpha que tive foi o Obito. Aquele traste!

A dor é insuportável, então dobro meu dorso sobre a barriga, e, quando olho para o chão, vejo uma pequena poça que se formou sob os meus  pés.

Ai. E agora? Foi a bolsa que estourou.

— Calma, meu amor! Espera só mais um pouquinho, por favor! Mama não pode ter você no meio do nada! — falo com o bebê e, como resposta, tenho outra contração.

Alguns pingos grossos de água começam a cair. Está chegando um temporal para melhorar minha situação. Uso apenas um fina calça é uma blusa floral, um dos poucos que ainda me servem. Minhas tênis já eram. Estou todo molhado.

— O que mais falta acontecer? — pergunto, olhando para o céu enegrecido pelas nuvens pesadas que estão trazendo muita chuva.

Tento andar, mas as contrações estão cada vez mais próximas uma da outra. O que indica que vou dar a luz em pouco tempo. Mas como vou ter um bebê no meio do nada? E sozinho?

Eu devo ter colado chiclete na mesa da Santa Ceia ou feito alguma coisa muito errado que não percebi. Ou quem sabe sou o pobretão, zero a esquerda, esquecido por todos. Mas não pelo Senhor, Deus. Por isso eu te peço, me ajude, pois não tenho condições de ter um bebê, sozinho e na chuva.

Tudo tem dado errado.

— Ei! Será que dá para me ajudar só desta vez? — grito, olhando para cima. E um relâmpago corta o céu, seguido de um trovão ensurdecedor.

Encolho-me todo de medo.

— Tudo bem! Me desculpa! — Sigo olhando para cima e com as mãos levantadas, mas saio do meu contato direto com Deus quando vejo uma linda providência divina em forma de faróis de um carro.

— Obrigado! — agradeço, encarando o céu mais uma vez.

Balanço os braços no ar para que o motorista não me mate atropelado. Chove muito e fica difícil até mesmo enxergar. Peço a Deus para que ele pare, e de imediato, o carro estaciona no acostamento. Agora estou conectado com o céu. Mas essa dor está me matando. Será que vou morrer e já estão preparando tudo para minha ida? Curvo meu corpo e ando de pernas abertas. Ai! A cabeça do bebê está forçando para sair. Ai! Eu vou morrer.

Pai Por Acaso - Adaptação / MPREGOnde histórias criam vida. Descubra agora