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Querido Am-

É natal, bom, véspera de Natal. Muita coisa mudou nesses três anos, eu não escrevo mais sobre o nosso amor na busca de encontrá-lo, é muito mais divertido vivê-lo... Estou escrevendo apenas porque é uma data especial e talvez algum dia daqui a muitos anos encontraremos esse diário, e relembraremos de momentos em que na nossa velha e já cansada memória não se fazia tão presente assim. Então vou recapitular algumas coisas, há três anos eu entrei naquela nova empresa de Seattle e recomeçamos depois de um turbulento quase casamento, eu ainda lembro do nosso segundo-primeiro encontro, eu estava prestes a dobrar o joelho e pedir você em casamento naquele mesmo instante onde você gargalhou alto e chamou atenção de todos, você só conseguia me ver, eu estava apaixonada por seu amor. Nossos apartamentos se tornaram distantes mesmo ficando a poucas quadras um do outro, você dormia até perder o horário na minha cama e eu fazia o mesmo quando terminava minha noite em seu apartamento Até que entendemos o que aquilo significava, era quase que doloroso se despedir pela manhã e não se reencontrar a noite, então nos tornamos naqueles casais emocionados o bastante para dividir um lar rápido demais, mas conosco demorou doze anos, mais de dez anos então não parecia tão apressado assim.

Morar junto era excitante, novo, uma infinidade de possibilidades até nossa primeira grande briga chegar... Você estava tão zangada e... Eu não me orgulho das coisas que falei, não me orgulho de ter ido embora no meio da noite, de ter abandonado o que tínhamos. A verdade é que é normal discussões entre casais e que relacionamentos não são perfeitos, e que tudo bem você ter dúvidas, querer terminar, é compreensível explodir quando tudo parece sufocante demais. Fico feliz por não termos esperado mais doze anos para voltar uma para outra, no dia seguinte você apareceu em meu apartamento, você se desculpava e eu odiava cada palavra que eu coloquei na sua mente na noite da briga, mas acredito que toda aquela fúria foi necessária porque nos mostrou que ainda tínhamos muito a descobrir sobre nós mesmas como casal e individual, graças a Dra. Soares agora sabemos que terapia é sempre bem-vinda para nos auxiliar com o que estamos lidando. Acho que nunca estivemos tão bem quanto agora.

Muita coisa mudou, como por exemplo, Jordan e Lorrane. Eu fiquei tão preocupada com o que seria de nós, Jordan sempre foi minha melhor amiga e estava prestes a casar com a mulher da minha vida, além de ter magoado minha irmã... Eu nunca disse isso, mas todos os dias eu agradecia por Jordan não ter feito nada de errado mais uma vez, porque se ela magoasse Lorrane novamente eu nunca voltaria a olhar em sua cara, mesmo amando-a. Mas enfim, elas estão bem, noivas e eu mal posso esperar para o casamento no próximo verão, minha irmã nunca esteve tão feliz e tão leve, acho que isso é uma das coisas boas do amor, de encontrar alguém que seja seu conforto... Você acaba se deixando viver sem o constante medo de que pode se machucar, é libertador e eu posso afirmar isso. Jordan continua trabalhando em Meadowbrook apesar de dividir uma bela, e devo adicionar GIGANTE, casa com Lorrane aqui em Seattle, mas de acordo com Jordan ela vai aceitar sua proposta da B-Corp, acho que já não há ressentimento entre nós quatro desde os últimos anos, finalmente podemos dizer que somos uma família e dessa vez com seus pares corretos.

Nesse exato momento estamos seguindo para Meadowbrook, você não é tão boa motorista como gosta de dizer, sem ofensas

Eu adoro essas viagens, adoro quando estamos apenas nós duas descobrindo um novo mundo, adoro como você coloca sua playlist favorita que nunca muda ou adiciona novas canções, adoro o fato de você saber toda a letra e cantar baixinho algumas partes, mas na sua favorita é como presenciar um show particular com meu ídolo favorito, você se empolga e esse talvez seja um dos meus momentos favoritos sobre você. Estou ao seu lado se fazendo a pior companheira de viagem, escrevendo sobre você e sobre nós nesse diário de bordo, você já se acostumou com isso assim como já me acostumei a sentir meu corpo ser jogado para frente nas suas paradas bruscas. Eu gosto disso, gosto de como nossas particularidades não se tornaram apenas toleráveis para nós, mas sim necessárias porque são novos motivos para se apaixonar ou render boas gargalhadas e implicâncias.

Querido Amor VerdadeiroOnde histórias criam vida. Descubra agora