All out of love

As flores no altar

"O livro que ela ama eu não li
Eu nunca tive muito a ver com ela
O filme que ela adora eu não vi
Como chegar nela, eu nem sei.
Ela é tão interessante e eu aqui pichando muro" - vícios e virtudes, cbrj.

                              
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Lia aparava o caule de uma peônia rosa.

"Lembrem-se de tirar os espinhos das flores antes de qualquer coisa"

Advertiu a professora do workshop andando pela sala analisando o desempenho da turma.

Como se a professora estivesse previsto, Larissa espetou o dedo em um espinho.

— Ai! — Larissa grunhiu. — Tse! Rosa idiota.

— Não fale assim com ela, ela não vai durar 2 dias no seu arranjo. A professora disse que temos que conversar com nossas plantas e tratá-las bem para durarem. — Lia deu um sorrisinho e cheirou sua linda peônia rosa.

Larissa deu de ombros.

— Não sei por que mamãe nos inscreveu nesse workshop...

Diferente de Larissa, Lia sabia, as duas prestaram vestibular faz 2 semanas e agora a senhora Carmen, mãe de Lalá, estava tentando ocupá-las o tempo todo para não ficarem ansiosas com os resultados que demorarão 2 meses para sair.

Mesmo tendo isso em mente, Lia continuava ansiosa, era impossível não estar.

—...ela sabe que eu sou péssima com esse tipo de coisa.

Larissa pegou o rolo de papel toalha e tirou um pedaço para limpar a pequena gota de sangue no seu dedo indicador.

— Todo mundo gosta de flores Lalá.

Lia tentava encaixar a peônia no seu jarro de flores com diferentes tons de rosa, gostava daquilo. O arranjo estava bonito, as aulas eram divertidas, estava passando tempo com sua melhor amiga de infância e mantinha sua mente ocupada nesse período de "férias".

"Mente vazia oficina do diabo" sua mãe dizia.

— Gosto de ver e receber arranjos de flores, não de fazer eles. — Ela tirava os espinhos concentrada — você sempre foi a amiga caprichosa, você tem jeito. Se lembra quando fazia os cartões de dia das mães para minha mãe? Ela sempre dizia que minha letra estava "até mais bonita" quando recebia

As duas amigas riram ao se recordarem.

— Mas é claro que eu lembro! Fiz um para ela ano passado.

— Minha mãe nunca vai querer colocar um arranjo desses na mesa de jantar —

ela girava o vaso analisando-o, tinha algumas rosas vermelhas, outras brancas e algumas mini margaridas, era um arranjo um tanto... exótico. Ela olhou para o arranjo de tons de rosa da amiga e deu um sorriso malicioso. Lia logo entendeu o recado.

— Claro que não Larissa, sua mãe está nos pagando uma aula de como fazer arranjos, você precisa aprender.

— Não nasci para fazer buquês, nasci para ganhar. — deu um sorriso convencido.

Lia revirou os olhos.

— O Jorge já te deu algum?

Jorge era o amor proibido de Larissa, era o motorista do pai dela. Senhor Ricardo e a senhora Carmen eram tradicionais e nunca, em hipótese alguma deixaria a filha deles namorar um homem 5 anos mais velho e sem diploma. Mas ela o amava e se ele deixava a amiga feliz, isso que importava para lia.

O sorriso de Larissa se desmanchou e a garota desviou o olhar.

— Não...

— Nem mesmo uma florzinha que você cata na rua? — Lia sorriu esperançosa.

— Não, mas a gente não namora.

Larissa balançou a cabeça enquanto picotava uma rosa vermelha. Parecia triste com o assunto de Jorge.

— isso é verdade.

Ao ver o semblante  triste da amiga, Lia trocou de assunto.

— Quando iremos viajar mesmo?

Outra tentativa de ocupar as garotas , senhora Carmen arranjou uma viagem para o campo para uma pousada da amiga dela. Tem uma programação bem agitada pelo que Lia soube.

— Segunda feira às sete horas, precisamos sair bem cedo, para chegar pelo menos na hora do almoço. Minha mãe vai ir um dia depois. — a garota olhou animada para a amiga — precisamos de roupas novas! Preciso de pijamas que não pareçam que pertecem a uma menininha de 10 anos, biquínis novos já que lá tem uma jacuzzi e vestidos novos também, toda noite tem jantares especiais e festas e, ah! Também tem um baile de máscaras e uma festa a fantasia.

Lia sorriu, estava feliz consigo mesma por ter conseguido animar a amiga novamente.

— Uau, é bastante coisa, achava que era uma pousada para velhos quando sua mãe disse "pousada relaxante" — comentou balançando de leve sua cabeça.

— Pelo contrário, é famoso por ser frequentado por gente nova. — a garota olhou para a flor parecendo pensar e então deu um pulo — Depois daqui podemos ir no shopping já fazer algumas comprinhas!

Lia olhou para a amiga com um sorriso torto.

— Vou ter um jantar importante hoje de noite, pensei em ir para casa depois daqui para me arrumar.

Larissa pareceu decepcionada mas sorriu mesmo assim.

— Tudo bem então. — Voltou sua atenção para a rosa picotada.

— Vamos amanhã, ok?

Lia se inclinou para olhar a expressão da sua amiga, que ao ouvir as da morena palavras suavizou seu rosto.

— Ok — Lalá olhou para a amiga e sorriu. — Você precisa MESMO de roupas novas.

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