(Don't) remember - Hyunho (Concluída)

Como tudo deu errado.

O choro de Minho se intensificou conforme os objetos eram citados por Changbin. O álbum era o mais significativo para ele, pois se tratava da declaração mais criativa e genuína que recebeu na vida. Mas isso não tirava o peso dos outros objetos que havia levado.

O boné preto com uma pequena logo desconhecida era considerado simples, mas foi um presente que veio em um momento muito especial. Quando, por um erro de cabeleireiro, acabou ocasionando um corte que Minho odiava com todas as forças. Ele se sentia estranho e deslocado, mas a pior parte era lidar com os comentários que insistiam que havia ficado bom e ele precisava se acostumar.

Mas diferente de todos, Hyunjin apenas acolheu a insegurança do namorado e, em um dos dias em que saíram juntos pelas ruas movimentadas da cidade, ele puxou o Lee para uma loja qualquer e o ajudou a escolher o boné. Não haviam muitas opções e o objeto não era de marca como os que foram dados depois desse episódio, mas era, de longe, o mais especial para Minho.

O boné simbolizava a compreensão, o acolhimento e a demonstração de que Hyunjin sempre o entenderia, pois ele havia genuinamente gostado do corte. Mas o amor deles era sobre isso, opiniões diferentes e o cuidado para entender as divergências.

Entretanto, a parte mais angustiante para Minho, foi quando o enfermeiro perguntou sobre o pequeno chaveiro de girassol. As luzes na sala piscavam freneticamente indicando que as memórias haviam sido completamente acessadas, mas o paciente sequer viu, ele sequer se importava.

Em sua mente, a lembrança vívida do dia em que Hyunjin lhe entregou o chaveiro juntamente com as chaves do seu apartamento. O Lee não entendeu de primeira, mas o sorriso largo do namorado enquanto questionava se queria morar com ele foi o estopim para que sua emoção chegasse ao ápice. O convite veio em um momento em que ele queria se mudar, mas não gostaria de morar com mais ninguém no mundo.

Minho então sorriu, um riso sôfrego e repleto de dor. Dor, era definitivamente o que ele sentia. Uma dor física, emocional e afetiva. Era como se aquela máquina estivesse tirando muito mais do que suas memórias com o ex namorado, ele sentia como se também estivesse perdendo seu coração no processo.

Na sala ao lado, o mesmo acontecia com Hyunjin que, assim como Minho, se encontrava uma bagunça de lembranças e lágrimas. A pressão do aparelho em sua cabeça era angustiante, mas aquele aperto presente em seu peito conseguia ser mil vezes pior.

Ele pensou sim, por alguns instantes, se era mesmo aquilo que queria. Porém, convenceu-se que seria melhor viver com um vazio em suas memórias do que consciente, mas sem Lee Minho.

Diferente do ex namorado, ele mantinha os olhos sempre abertos, apesar da vista embaçada pelas lágrimas e as luzes tornarem tudo um imenso borrão. Por isso, assim que Seungmin nomeou o primeiro objeto: uma caixinha de som, ele pediu para que pudesse segurá-la.

Ela era pequena, vermelha e aveludada. Foi um presente que Minho deu para ele, quando completaram algumas semanas morando juntos e sua cantoria no banho passou a ser uma questão delicada para ele. Hyunjin não era cantor, bem longe disso, mas era uma pessoa que vivia cantarolando por aí quando estava com alguém íntimo. Mas ele se pegou pensando se isso em algum momento incomodaria Minho quando acordou o namorado em um domingo de manhã, sem pretensão.

Mesmo tendo se desculpado e ouvido do Lee que estava tudo bem, a culpa não desapareceu de fato, então ele se forçou a prestar mais atenção e passou a cantar baixo e quando estava sozinho. A questão é que Minho logo percebeu e um dia chegou do trabalho com a caixinha de som, dizendo que agora ele poderia levar o aparelho para o banheiro para ouvir música como sempre quis e eles conseguiriam ouvir a mesma música.

Segundo Minho, agora eles conseguiriam cantar juntos. E essa foi a parte mais sensível para Hyunjin, pois percebeu, naquele momento, o verdadeiro significado da palavra "juntos" e que, com Minho, ele poderia ser quem era.