O príncipe

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Uma semana se passou desde a visita de Cheng à câmara de gelo. Ele e seu irmão montaram guarda na porta para que ninguém além de Lan Zhan pudesse entrar na câmara. Jiang Cheng passou a semana inteira pedindo a Lan Qiren que liberasse Xichen do castigo e finalmente conseguiu que o velho desse a Xichen sua liberdade. Contudo, Jiang Cheng teria que ser encarregado de cuidar do príncipe.

Lan Xichen foi "jogado" nos braços de Jiang Cheng como um bebê, o príncipe não estava nada feliz em ser feito de babá. Com cuidado, Cheng levou Xichen até seu quarto, trancou as portas, fechou as cortinas e acendeu um incenso. Ele se sentou atrás de Xichen e tirou as bandagens que cobriam as costas do príncipe.

O príncipe Lan estava quieto o tempo todo e tenso com aquela aproximação; ele não sabia o que falar e estava com medo de o outro príncipe surtar novamente. Ele gemeu de dor quando sentiu o príncipe passar os dedos sobre as novas cicatrizes em suas costas, apertou o tecido da calça e mordeu os lábios aguentando a dor e a ardência.

Jiang Cheng afastou as mãos, levantando-se, pegou os robes de Xichen e foi até o canto do quarto encher a banheira. Ele se virou para o príncipe e fingiu uma tosse.

"Vossa alteza, acredito que você deve estar desejando um banho quente depois de tanto tempo no frio", ele cruzou os braços, virando o rosto para o outro lado. "E também devo lembrar a você que hoje é a data em que seu amado irmão fará uma festa de noivado em homenagem a Wei Wuxian!"

Xichen se levantou e tirou as calças, caminhou nu pelo quarto e entrou na banheira ainda em silêncio. Assim como Lan Zhan, Xichen ficava com as orelhas quentes e vermelhas sempre que ficava envergonhado ou tímido; nesse momento, suas orelhas estavam queimando.

"Será que devo perguntar o motivo de você estar cuidando de mim e o motivo pelo qual fui liberado?" Xichen perguntou, afundando o corpo na água quente.

Cheng cuidadosamente se livrou dos robes que vestia e os pôs dobrados no chão perto da banheira, ele havia ficado somente com as roupas íntimas estampadas de flor de lótus. "Não", foi tudo o que ele disse.

Xichen concordou e apenas voltou a ficar em silêncio, não querendo incomodar o príncipe. Ele quase fechou os olhos para aproveitar a sensação do seu corpo sendo aquecido, mas as mãos de Jiang Cheng sobre seus ombros o deixaram completamente desperto. O príncipe ficou tenso ao se lembrar do acontecimento na câmara.

"Mas se quer saber, agora eu entendo por que você agiu daquela forma, colocando fogo no meu Palácio", disse Jiang Cheng.

Ele entendia? Então Jiang Cheng estava bem com Xichen querendo ele e Yao? O príncipe sorriu satisfeito com aquele pensamento; ele teria os dois príncipes para si. "Você entende?"

"Claro, comecei a entender quando entrei no seu quarto."

"Por que?" Xichen se virou para encarar o rosto de Cheng.

"Bem, basta ver ao redor para entender que você foi uma criança mimada pelo seu tio, apenas para não sofrer a dor do luto. Mas se quer saber o que eu acho, isso te tornou um grande idiota que acha que pode fazer o que bem entender", disse Jiang Cheng com calma. "Mimar você não te fez esquecer a dor da perda dos seus pais. Seu tio queria que você não sofresse tanto para que você cuidasse do seu irmão, não foi? Mas deixa eu te dizer, você se tornou uma pessoa medíocre e duas caras; isso te torna inútil como qualquer outro príncipe arrogante."

Cheng se afastou apenas para prender o cabelo, não disse mais uma palavra enquanto voltava a dar banho no príncipe de Gusu. Xichen, por outro lado, estava com o semblante tomado por uma seriedade; ele jamais escutou aquilo de alguém, mas será que Jiang Cheng tinha razão? Se ele tinha, aquelas palavras serviram para lhe humilhar. Ele deu de ombros e fechou os olhos se concentrando nos lugares onde as mãos de Jiang Cheng passavam, o príncipe Lan não pensava em si como uma pessoa pervertida, porém o herdeiro de Yunmeng estava lhe tirando do sério.

As Quatros Peças de Jade- Príncipe do Gelo (segundo livro)Onde histórias criam vida. Descubra agora