3. Porque tão complicada?

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Sentada em frente ao grande piano. Tocava uma música clássica, não sei seu nome. Porém foi a primeira que aprendi. Sem notícias de suas cartas, estava pensando em coisas fora da realidade. Talvez elas ainda não tenham chegado, e se chegaram ele já deve ter escrito, e estão perto de serem entregues. A música tocada errado era só mais um dos sinais que eu por algum motivo viajava para fora do planeta.

"Querida?" Minha mãe entra na sala e me olha tranquila, enquanto caminha até mim. "Está tocando errado, a algo que não está a fazendo bem?"

"Não, só me perdi um pouco." Balanço minha cabeça na tentativa de voltar a minha realidade. Assim voltando a tocar certo."Sabe que se continuar se perdendo assim, talvez nunca tenha um desempenho bom." Parecendo preocupada, minha mãe chega mais perto, acariciando meus cabelos.

"Estamos indo dar um passeio no parque, quer vir junto?" Me fazendo olhar para ela, me pego pensando sobre as consequências de sair. Para falar a verdade aprecio muito minha paz em casa. Mas dessa vez, talvez eu realmente precise sair e ver gente. "Talvez a modista venha deixar nossas roupas hoje." Seu sorriso me faz abrir um ainda mais bonito. Dessa forma me levando e em seguida, já vejo as criadas descendo as escadas com meu sombrinha, um leque e minha pequena bolsa. "Pensei que fosse uma pergunta." Meu sorriso se fecha vendo que na verdade eu teria que ir de um jeito ou outro.

"É claro que não era, sei que não gostaria de ir, e esse seu medo de socializar precisa acabar." Ela sai da sala.

O parque repleto de pessoas. Entre elas belas damas desfilavam com seus vestidos coloridos e exuberantes. Cavalheiros espalhados em cada canto, admirando-as. As pequenas gêmeas andavam de braços dados observando tudo que se mexia ao seu redor. Enquanto Isabella conversava com duas mulheres juntamente a Liana que estava calada. Pensando em algo diferente a cada segundo.
"Liana também é assim... Não é mesmo?" A mãe pergunta a filha, que não a responde, já que estava perdida em seu planeta. "Não é mesmo Liana?" A mulher acorda. Olhando nervosa para a mãe e para as outras duas mulheres que a olhavam estranho. "Sim, sim." A mãe franze o cenho repreendendo a filha. "Foi ótimo conversar com a senhorita." A mulher mais velha se afasta. Fazendo Isabella olhar quase enfurecida para a filha. Que volta a caminha sem mais e nem menos.

"Porque você sempre tem que estar assim? Isso é constrangedor." A mãe puxa a filha para mais próximo. Falando baixo em seu ouvido. "Me desculpe, não vai se repetir."Respondeu com voz baixa, se alto repreendendo.

"Lady Isabella! Sempre nos encontrando não é mesmo?" Violet mais um vez aparece. "Giovanni." O pai sorri.

Não demorou muito para a mulher se perder novamente. Porém ao mesmo instante é arrancada de seus pensamentos por Eloise, que a agarra. Trançando seus braços as afastando do resto.
"Não me entenda errado. Cressida é uma pessoa difícil de lidar, se ela se sentir atacada indiretamente, o seu modo de defesa é destruir sua ameaça." Eloise diz com os olhos chorosos, vendo Liana com a feição nada feliz. "Isso não justifica suas atitudes, se não concorda com ela porque continua a andar com ela?" Os olhos semi serrados encaravam sem piedade Eloise que respirava fundo, procurando como se desculpar. " estou sozinha, minha melhor amiga, já não é mais minha melhor amiga. E esse foi o meio que encontrei para não me sentisse tão só." Os olhos claros da moça pediam piedade. "Por favor não faça mais isso." Liana solta todo seu ar fazendo Eloise acariciar seu braço e dizer com a voz baixa "desculpa."

"Eloise!" Violet a chama, fazendo a moça sair de perto de Liana e ir até a mãe. Porém não demorou muito sua solidão.

"Posso a fazer companhia?" Um dos irmãos se aproxima. Oferecendo seu braço. "Não quero que pareça que estou a cortejando. Porém minha mãe pediu, e oque minha mãe não me pede sorrindo que eu não faço sorrindo mais ainda." O homem de olhos claros sorri tímido para a mulher, que o encara engraçado. "Talvez sim." Ela agarra em seu braço. "Vou lhe usar de escudo, espero que isso não a desaponte. Apenas quero me manter longe dessas moças sem sal que dizem ser da alta sociedade." Benedict ri, fazendo a mulher ri junto. "Lhe entendo... Se não for um incômodo milorde, irei lhe fazer de escudo também. Não gosto de sentir me como uma pedaço de carne ambulante para esses cavalheiros cheios de desejos obscenos... Sem ofensas."

"Me ofendeu." O sorriso impressionante do homem a arranca um ainda mais bonito involuntariamente.
"Sinto muito!" Ela ri baixo. "Não sinta! Está certa, todos aqui queremos apenas um troféu que nos dê nada mais que filhos e alguém para se deitar depois de um dia comprido e estressante. Desculpe me pelas palavras." A mulher abre seu leque e começa a se abanar, ignorando as palavras do homem. Que também fica quieto, apreciando a paisagem.
Porém seu silêncio não durou muito.

"A paisagem dessa parque... As flores rosas que se desprendem de suas casas, as águas cristalinas desse pequeno lago e as árvores altas... Isso... Isso é paz." Os olhos azuis dele brilhavam admirando tudo ali.
"Você tem uma ótima visão... " Ele a olha sem entender, perdendo seu entusiasmo. "Pensei que fosse você a mulher de quem todo falam que é apaixonada por arte. A mesma que fofocam sobre os lindos quadros que secam com o vento que passa por sua janela, que a propósito sempre está aberta." A mulher se espanta, e o homem ao perceber oque disse põe a mão em sua boca, e começa a rir baixo.
"Não sabia que tinha um admirador, que observa minha janela." Ela o olha com os olhos semi serrados, fazendo o homem fugir de seus olhos.
"Não admiro a você, e sim suas lindas telas. E talvez a vista magnífica que é a do seu teto colorido... Foi você quem pintou?" A mulher volta a ficar confusa.
"Não, não fui eu." Ela o ignora. Talvez quisesse mudar de assunto. "Olha não tenho culpa que minha janela de de frente para sua. É sempre que abro meus olhos vejo com imensidão suas telas. Que por sinal adoraria saber qual é a sua inspiração." A mulher fica quieta, se recusando a responder. Ela adoraria continuar o papo, afinal é sobre algo que ela também gosta. Mas para ela isso seria humilhante, como se estivesse pedindo por migalhas de atenção. Para falar a verdade, contar sobre si e seus amores é algo que para Liana é íntimo de mais para ser compartilhado.

"Faço faculdade de artes, simplificando para você... você lê? Toca algum instrumento? Ou apenas pinta para esvaziar a cabeça."  Ela o olha sem interesse. "Milorde, se sua intenção era não parecer está me cortejando, sinto lhe afirmar que oque está parecendo é totalmente o contrário." Benedict por sua vez se cala. Seguindo o caminho totalmente em silêncio.

"...𝒲𝒾𝓉𝒽 ℒℴ𝓋ℯ, 𝒴ℴ𝓊𝓇 𝒟𝒾𝒶𝓂ℴ𝓃𝒹." ❁𝘽𝙚𝙣𝙚𝙙𝙞𝙘𝙩 𝘽𝙧𝙞𝙙𝙜𝙚𝙧𝙩𝙤𝙣Onde histórias criam vida. Descubra agora