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Os olhares se cruzaram, seus estômagos reviraram e a vontade de jogar para fora seu almoço se fez presente em Pond, que mentalmente procurava maneiras de sair dali.

Os passos desesperados, gritos de mulheres, palavras de consolo e choro de crianças, a música clássica que tocava de fundo; tudo se misturava em seus ouvidos trazendo a pior música que já havia ouvido. O som alto de tiro fez com que Phuwin se abaixasse a procura de não ser acertado por uma bala perdida, tapava seus ouvidos para diminuir o barulho e fechava fortemente seus olhos no reflexo do medo, perdendo Pond em um canto cego que corria junto às pessoas, quebrando o contato de olhares que tinham segundos atrás.

Caos.

Não importava o quanto tentasse, descobrir de onde vinham os tiros era quase impossível no meio da bagunça de pessoas tentando desesperadamente sair do grande salão de festa. Os corpos caídos já sem vida espalhados pelo chão e as pessoas feridas clamando por suas vidas eram as únicas pistas que tinham para saber quem eram os atiradores.

As mãos de Pond sobre os ombros de Phuwin o puxando para cima o fez sair do transe. Correram desesperadamente para fora do salão juntos as demais pessoas para tentarem se salvar. O Tangsakyuen foi deixado na porta, sentindo que logo seria abandonado pelo mais velho naquele lugar, segurou fortemente seu pulso para que não saísse do lugar em que estava.

Naravit o olhou nos olhos por míseros segundos. Soltou seu pulso com brutalidade, apesar de não ser seus verdadeiros sentimentos naquele momento. Queria correr para casa junto a Phuwin, tendo certeza que o rapaz ficará seguro e que nada poderá fazer mal ou o machucar. Mas não fez. Correu para o meio do tiroteio, entrando no meio das pessoas tendo a certeza que o menino teimoso que deixou no único lugar relativamente seguro que tinha lá iria sair para ir atrás de si.

Mas dessa vez agradeceu por tamanha teimosia de Phuwin, pois foi quando uma bala perdida acertou seu ombro após identificar um dos atiradores que correu para tirar a arma de sua mão antes que acertasse mais alguém. Seu mal era agir como um verdadeiro policial, armado e prontamente treinado para agir em uma situação daquelas, quando era apenas um detetive criminal que tremia quando precisava segurar uma arma.

Seu ouvido zuniu e por alguns segundos não conseguia escutar mais do que o som do tiro que era disparado ao lado do seu ouvido. Pode ouvir longe o som dos policiais gritando para se renderem e tirando os últimos convidados da festa do salão, finalmente parando o tiroteio. Phuwin segurou o corpo de Pond antes que caísse no chão, cansado.

Foi quando descansou seu peso sobre o corpo do mais novo que sentiu a dor da bala presa em seu ombro, fechando fortemente seus olhos e tentando regular sua respiração enquanto grunhia de dor. Queria chorar mas jamais demonstraria tamanha fraqueza naquele momento.

O que aquela festa havia de tornado?

Até a Próxima MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora