Cap. 15 - Afogado

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Aviso de gatilho: tortura e afogamento descritos em detalhe.

+ cena explícita na segunda metade do cap

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"De novo."

E sua cabeça estava novamente embaixo d'água.

Enchia suas narinas e pulmões, fazendo com que ele engasgasse quando começou a engolir o líquido com a boca aberta em reflexo. Queimava muito. Parecia que agulhas e navalhas se arrastavam por suas vias respiratórias, rasgando tudo em seu caminho. Seus braços se agitaram enquanto ele tentava desesperadamente levantar a cabeça, mas isso só levou os outros a imobilizarem-o ainda mais. Bem, pelo menos o suficiente para que ele não socasse ou esbofeteasse nenhum deles, mas gostavam que ele se debatesse um pouco. Era tão engraçado!

A consciência vacilava, os músculos desistiam. Ele sentia gosto e cheiro de ferro. O aperto em seu cabelo aumentou e ele sentiu alguns fios sendo arrancados bem no momento em que seus olhos começaram a revirar-se. Ele estava ficando mole, seu corpo não conseguia mais lutar e de repente tudo ficou muito escuro. Ele morreu.

...

Que piada. É claro que não morreu.

"Ei! Volta pra gente!"

Argh, só deixe-o morrer...

Um feixe de luz desfocado começou a se materializar diante de seus olhos. Era borrado e sem forma, abstrato como uma paleta de aquarela.

Até que o deixou de ser, e a imagem bem diante de seus olhos entrou em foco.

Ele tossiu e engasgou, vomitando água misturada com sangue, escurecendo o conteúdo já avermelhado no grande tanque pelas outras duas ou três vezes em que ele já havia sido mergulhado. Tudo doía. Ele não estava tendo acesso decente a sangue, então estava enfraquecido e cansado.

"Obrigado por se juntar a nós de novo" a voz de Yonghwan era quase como uma microfonia em seus ouvidos. "Não me olhe assim, pirralhinho inútil. Se você não tivesse fodido com a última coisa que eu lhe disse para fazer, não estaríamos aqui e você sabe muito bem disso."

A risada distorcida dos outros membros de seu coven ao seu redor fez seu estômago revirar. Aquele que agarrava de seu cabelo puxou sua cabeça para trás com força. Ele sentiu e ouviu seu pescoço estalar com o movimento brusco, a dor latejando até seu couro cabeludo e suas têmporas.

"Depois de tantas vezes que você não conseguiu fazer nada certo... Você tem sorte de ser tão divertido fazer você chorar."

Ele choramingou quando uma única lágrima saiu de seu olho e desapareceu em meio à umidade do resto de seu rosto. "Por favor...!"

Os lábios de Yonghwan se curvaram em um sorriso sádico.

"De novo."

Ele tentou gritar, mas não tinha mais forças. Saiu fraco e arrastado, logo abafado pela água novamente. Seus gritos e lamentos rodopiavam ao seu redor com as bolhas de ar que saíam de seu nariz e boca e ele só conseguia ver o vermelho pela quantidade de sangue que havia na água. A dor em seu peito era insuportável. Ele só queria morrer. Ele nunca pediu nada daquilo. Por que aquilo estava acontecendo com ele? Por que ele tinha que sofrer tanto? Por que ele não podia simplesmente morrer?

"Hongjoong."

Ecoou em sua cabeça, distante, mas de alguma forma tão próximo.

Os apertos em seus membros ficaram suaves, quase como um abraço. O que estava acontecendo? O que estavam tentando fazer?

"Hongjoong."

Ele estava cansado de novos joguinhos, de novas formas de puni-lo, de torturá-lo. Ele não queria mais nada disso! Soltem-o!

penumbra (pt-br)Onde histórias criam vida. Descubra agora