Há dois anos e um dia...
20:30h-Eu chamei você aqui porque eu estou decidida, irei embora
-Minha querida como sua avó não posso deixar que tome uma decisão tão repentina, você é muito nova e aqui é sua casa, nós somos sua família
-Vovó, isso é um comunicado, não voltarei atrás, eu sei que essa casa é minha, mas aparentemente ela não passa de uma construção a qual herdarei, este local deixou nos últimos meses de ser meu lar e se tornou um hotel bonito, um local no qual apenas durmo e me alimento mas não me sinto amada, feliz, bem. Eu garanto a ti que é o que me fará melhor. Quanto a escola, eu posso apenas transferir minha matrícula entre as filiais em qualquer lugar do mundo.Eu te amo muito vó e sentirei muitas saudades, assim como sentirei das minhas amigas e dos meus amigos, da tia Kushina, dos meus tios, do meu avô, do Itachi, dos meus primos, da Hanna, e até do meu pai, que ultimamente não tem tempo de me dar atenção, sentirei falta do jardim, da fazenda, da minha cama...mas eu estou disposta porque está insuportável viver aqui, sobreviver neste ambiente de culpa está me matando, meu irmão meu odeia, meu pai vive ocupado e distante, estou sendo uma péssima amiga por viver deprimida e não conseguir ficar feliz em momentos que era para eu estar. Eu quero ir embora, aqui deixou de ser meu lar no momento em que eu passei a ser culpada por todo o caos que rodeia esta construção rebuscada.
-É assim que ela quer, assim será, eu já autorizei, já reservei um avião da empresa para levá-la amanhã e providenciei um apartamento na cidade que ela escolheu, não há mais discussão-disse meu pai sério e frio, como ele tem sido nos últimos meses, ao entrar no meu quarto de repente
-Mas Fugaku, meu filho ela só tem 15 anos
-Mãe, ela julga que isso será o melhor para ela, eu estou sendo um pai horrível como ela faz questão de lembrar todos os dias, ela e o irmão vivem um caos e eu não posso solucionar as intrigas infantis deles ao mesmo tempo que preciso cuidar da empresa, Kiyomi saberá se virar e talvez ela tenha razão ao dizer que aqui deixou de ser um lar, esse sentimento me persegue repetidas vezes desde que Mikoto partiu, será bom para ela aprender sobre si, sobre o mundo, sobre a vida e se um dia quiser voltar, essa construção rebuscada ainda será sua casa.
-A palavra final é sua-disse dona Ayko suspirando, vencida
-Obrigada, Pai, não irei decepciona-lo mais, se é que isso é possível
Ele piscou, acenou com a cabeça, tentou fracamente sorrir e saiu do quarto fechando a porta
-Ky, eu te ajudarei a arrumar suas malas
Enquanto dobrávamos todas as roupas, sapatos, joias, objetos importantes e maquiagens que eu pretendia levar e colocávamos nas malas enormes que eu comprei antes de saber se me autorizariam minha avó fez um pequeno interrogatório
-Suas amigas foram comunicadas?
-Sim, elas me ajudaram a tomar a decisão, assim como a tia Kushina e o Itachi
-E seu avô?
-Irei ligar, mais tarde, assim que tudo estiver pronto para contar
-Como ficará a questão da documentação para você morar em outro país?
-Já tem algumas semanas que meu pai concordou comigo então ele já providenciou tudo, não foi nada tão repentino-sorri fraco
-E porque eu só fiquei sabendo disso horas antes de você partir?
-Vô, você tem mais netos e também os ama incondicionalmente, você tentaria me convencer a ficar, me falaria coisas bonitas sobre acreditar em mudanças e não é isso que preciso no momento, não posso continuar vivendo ansiosa pela transformação dos outros, eu preciso ficar longe, eu te amo vó, me desculpe por não ter consultado você antes,espero que entenda
-Entendo, minha linda, se isso te fará bem tem todo o meu apoio
Liguei para o meu avô e contei a notícia. Ele reagiu bem e até me apoiou. É válido ressaltar que a minha família não sabe exatamente os motivos das minhas brigas com meu irmão, afinal eles são tão ocupados que eu não quis estressa-lós com isso, quando tentam me perguntar sobre eu explico superficialmente e ao fazerem o mesmo com o Sasuke, ele faz igual a mim. Nossos avôs são os que mais sofrem e isso parte meu coração que já se encontra me pedaços.
Terminamos de guardar tudo e minha avó resolveu dormir comigo. Claro, se eu conseguisse dormir seria ótimo. Já é madrugada e eu estou sentada na cozinha escrevendo cartas, uma para Hanna a governanta, que cuidou de mim desde criança com o maior amor e carinho, uma para cada amiga que estou deixando, uma para o idiota do Naruto, uma para o meu pai, uma mim mesma e uma para minha mãe. Escrever cartas está ultrapassado eu sei, mas me faz bem.
-olha a vadia mimada vai embora, eu não pude ter notícia melhor hoje, assim você vai procurar problemas em outro lugar e me deixa em paz- disse Sasuke completamente bebado ao chegar repentinamente ali, ele estava em uma festa na casa de um amigo, mais uma das festas que mesmo diante de toda a insistência das minhas amigas me neguei a ir, agora como ele sabe? Apostaria um órgão que foi o fofoqueiro do Naruto que contou
-Como disse, eu irei embora e você irmãozinho não precisará se preocupar em ter a minha inconveniente presença na mesa do jantar, estará livre do meu rosto por tempo indeterminado, será feliz e viverá contente-disse irônica
-Espero que sua vida seja infinitamente infeliz e fracassada- disse ele se afastando
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Retorno ao "lar"
Teen FictionIrei aproveitar o último ano do ensino médio, o último ano da minha adolescência, perto de quem eu amo. Não me definirei pelos meus problemas, acreditarei no meu potencial de ser feliz e de viver dia após dia sendo melhor, superando meus medos e tra...