A Macieira

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"No pomar da saudade, o amor é a maçã que permanece, doce na lembrança"

"No pomar da saudade, o amor é a maçã que permanece, doce na lembrança"

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Sessenta anos antes

Princeton, 1905

Dalia pedalava sua bicicleta pelas ruas de Princeton, o vento suave acariciando seu rosto enquanto ela avançava decidida. Os paralelepípedos sob as rodas de sua bicicleta brilhavam em tons de cinza e marrom, polidos pelos anos de tráfego constante. O som dos cascos dos cavalos puxando carruagens se misturava ao zumbido dos automóveis, criando uma sinfonia urbana que preenchia o ar.

As ruas estavam movimentadas. Homens de negócios apressados, vestidos em ternos escuros e chapéus de feltro, passavam ao lado de mulheres em longos vestidos de seda e sombrinhas elegantes. Bondes elétricos deslizavam suavemente sobre trilhos, enquanto crianças corriam e brincavam nos cantos, rindo alto e sem preocupações.

Dália não podia deixar de notar o contraste entre a agitação da cidade e a tranquilidade de sua vila natal, Vila Macieira. Mas naquele momento, sua mente estava fixa em um único objetivo. Ela continuou pedalando, seu coração batendo mais rápido a cada quilômetro que a aproximava.

Finalmente, ela parou diante da imponente fachada da fábrica. A "Têxtil Monserat" se erguia majestosa, um símbolo de poder e prosperidade. A fachada de tijolos vermelhos era robusta, com grandes janelas de vidro que deixavam entrever o movimento incessante no interior. O letreiro dourado brilhava à luz do sol, exibindo orgulhosamente o nome da família Monserat.

Trabalhadores entravam e saíam pelos grandes portões de ferro, que rangiam a cada movimento, revelando a intensa atividade dentro da fábrica. Homens carregavam fardos de tecidos, suas roupas manchadas de suor e poeira, enquanto as mulheres, com aventais simples, conversavam em grupos, suas vozes misturando-se ao som das máquinas que zumbia constantemente.

Dália desceu da bicicleta e a encostou no portão. Ela encarou a fachada por um momento, sentindo um nó se formar em seu estômago. A visão da fábrica lhe trazia uma mistura de raiva e determinação. Com passos firmes, ela avançou em direção ao portão, ignorando os olhares curiosos dos trabalhadores.

Aproximando-se da entrada principal, ela foi recebida por um porteiro que a olhou com desdém.

Posso ajudar? Ele perguntou, a voz carregada de indiferença.

Dália ergueu o queixo, determinada:

Estou aqui para falar com Senhor Monserat — disse ela, sem hesitação. É um assunto urgente. Do interesse dele.

O porteiro levantou uma sobrancelha, mas acabou cedendo ao ver a determinação nos olhos dela. Espere aqui Disse ele, desaparecendo dentro do edifício.

Após alguns minutos, o porteiro retornou e indicou que ela poderia entrar. Dalia seguiu por um longo corredor, seus passos ecoando pelo chão de ladrilhos. As paredes eram revestidas de madeira escura, dando ao ambiente um ar austero e imponente.

O Coração de Dália - Um Romance No Século XXOnde histórias criam vida. Descubra agora