- Só estou falando, Jennie... - Dou de ombros enquanto caminhamos lado a lado E o que exatamente você está só... "falando" - Seu cotovelo bate no meu em uma implicação irritante.
- Que, se ela namora, não parece... Porque ela está claramente dando em cima de mim – Solto o meu melhor sorriso cafajeste (que com certeza foi comprado em uma esquina qualquer porque não é nada bom).
- Uhum... Sei – Ela solta uma risada debochada como quem não acredita em uma palavra que eu falo – E como exatamente ela está... sabe... "dando em cima" de você? Posso saber? - Chegamos na fila, eram 10 da manhã, meu estômago implora por carboidrato na mesma intensidade que meu cérebro implora por um gole de café.
- Ela fica... Não sei... Ela fica me olhando, tipo, ela está me encarando – Dou ênfase no embasamento, arregalando os olhos na direção de Jennie, tentando melhorar o meu argumento. (Nesse ponto, eu parecia mais querer me convencer de que era real do que convencer a minha melhor amiga).
- Te... Encarando? - Seus lábios se curvam em um sorriso irritante que só me deixa mais furiosa com o deboche.
- Sim! Ela fica me olhando! - Cruzo os braços - Se você chegasse mais cedo ou prestasse atenção... Notaria! - Quase mostro a língua quando ela ri mais uma vez, por sorte nossa vez chega e um adolescente simpático anota os nossos pedidos e os entrega em uma velocidade reconhecível.
Opto por não continuar nesse assunto quando saímos da fila, gasto meu tempo com o salgado que está em minhas mãos, está tão quente que posso ver a fumaça dissipando no ar, o que só me deixa mais esfomeada ainda. Nos sentamos junto com o resto da sala, em uma mesa que está na sombra, fico em pé, tomando o sol como se dependesse de calor para viver (e talvez fosse verdade). Eles continuam falando mal do Miguel e eu continuo quieta, nesse ponto o meu salgado já acabou e estou bebericando um copo de café com leite, meu cérebro agradece a dose extra de cafeína mas me sinto culpada por beber tanto café.
Dizem que é tão viciante quanto drogas.
- A única coisa que me faz continuar é pensar que sábado tem festa - É a frase que me traz de volta a realidade, volto a observar a mesa que agora parece mais vazia do que antes- Você vão, né? - Emma nos encara como se isso dependesse de sua vida- Né? - Solto uma risada pelo seu desespero enquanto encaro a Jennie e o Chris.
- Sim, nós vamos - Ela revira os olhos e solta uma risada ao perceber seu tom.
Emma é a presidente da fraternidade, então eu entendo todo o desespero por entregar a festa perfeita e organizar o evento do ano. Porém, cá entre nós, e apenas entre nós, a Alpha Pi é o maior flop da história e enquanto ela se arrasta para fugir do apagamento completo de sua existência... Ela mal consegue existir.
- Ótimo! Vai ser incrível - Emma cantarola o incrível e eu dou um sorriso caloroso em resposta.
- Se aquele merdinha do Bryan entregar as bebidas vai - Gaby solta e por 3 segundos eu preciso me lembrar que esse é o jeito dela e que na verdade isso foi uma piada.
- Ele vai, ele não me deixaria na mão... - Emma arregala os olhos como quem não acredita em si mesma - Enfim, temos que voltar pra aula, já estamos atrasados - Ela pega o celular e fica encarando a tela como quem implora por outra tarefa que não seja assistir a aula do Miguel.
- Eu odeio esse homem - Gaby junta suas coisas e já se levanta, junto de toda a mesa - Na verdade, eu odeio todos os homens... Não existe uma única exceção - Todos já estã acostumados com seu jeito então é mais um dia normal.
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Os meus 10 medos
FanfictionSomos levados a mergulhar nas profundezas emocionais de duas jovens que se veem envolvidas em uma teia complexa de sentimentos e medos. Lisa, uma veterana universitária, carrega consigo cicatrizes emocionais profundas, convencida de que o amor só tr...