Dizem que vermelho é a cor do amor, ou de uma raiva muito forte. Para outros; vermelho é a cor da morte.
Vermelho mancha todos os lençóis da cama de Alaska, mancha as cortinas; os ladrilhos, as mangas do moletom nas noites frias. É tudo um mar vermelho, uma verdadeira sangria. Talvez vermelho agora fosse a sua cor favorita, tudo era um grande talvez; talvez moresse pela raiva do amor.
Há cinco tons de vermelho que preenchem sua visão aos poucos, primeiro começa com um vermelho bem clarinho, quase como um rosa; em seguida é vermelho intenso o suficiente para abafar a sua visão. Alaska não sabia o motivo de ver tanto vermelho, era assim que ela demonstrava (ou implorava) por amor, essa era a cor dele? Ela precisava sangrar por ele?
Talvez ela devesse implorar por amor, se o seu interior era vermelho assim como o das pessoas, significava que eles combinavam. Meu deus, o próximo tom de vermelho a fazia girar a cabeça; a tontura, o enjoo e o nojo seguido enquanto o sangue escorria pelos seus pulsos atingindo os sapatos caros e ilustrados de cada um. As pessoas corriam, mas sangrar era um ato de amor, vermelho não era a cor do amor?
Ela fica extasiada quando ele chegava perto, quando ele estava no mesmo cômodo que ela apenas a algumas carteiras de distância era como se uma sensação estranha de fascínio e empolgação a preenchesse, então ela ficava obcecada, maníaca; precisava de sua atenção, precisava de seu amor vermelho para preencher os seus pulmões de ar novamente, a fazendo transbordar. Ela precisava sentir algo. Estava com a boca seca, faminta faminta.
Ele nem se quer ligava para a sua presença, parecia a evitar em todos os corredores do colégio, mas ela ainda assim achava isso um ato de amor.
Cada gota de sangue (amor) que ele deixa para trás a fazia se rastejar para consumir aquela mísera gotícula. Ele corria, mas ela o alcançava. Não entendia o porquê dele estar correndo, ele estava indo embora da mesma forma que os seus pais? Por que todo mundo fugia do seu amor?
A cascata vermelha escorria pelos seus olhos, nariz, pulsos, boca e ouvidos, dificultando cada vez mais a sua respiração. Seu corpo fraquejava enquanto sua cabeça esquentava, estava tendo uma hemorragia tão grande que sabia que poderia morrer. Mas se ela moresse, ela não seria amada.
Se ela não fosse amada, se sentiria vazia. Não se pode morrer vazia.
É uma pena para Alaska se esforçar tanto para alguém a amá-la. É uma pena que ela precise sangrar tanto vermelho intenso.
"Porque meu interior é vermelho
E o seu também é
O vermelho em minha pele combina com você
E meu deus, você está sangrando
Que sensação maravilhosa
Você está triste e está implorando
Minha cabeça esta girando
O vermelho significa que eu te amo."- The Red Means I Love You, Madds Buckley.
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Contos de Alaska
Short StoryUma coletânea de Contos interpretativos repletos de crises existenciais. A bela tragédia da vida de Alaska Hati, uma jovem mulher que tenta se encontrar em meio as nuvens obscuras de traumas e luta pra sobreviver sozinha em um mundo cruel demais par...