Prólogo; 🐡

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I don't mean to be complacent with the decisions you made
But why?

       A casa estava bagunçada, os arredores com um cheiro de mofo, cheiro de podre, as paredes grossas por algum tipo de sujeira estranha e com aranhas que tinham suas presas grudadas contra as perfeitas e grossas teias, elas movendo-se inutilmente para escapar dos seus destinos árduos. Seus destinos são traçados por alguém maior, mais forte, com fome de seus corpos indefesos e flutuantes. Por que Deus daria asas para animais nojentos como esses? Cuspindo suas doenças e confusões por aí, moscas existem apenas para se encantarem com migalhas nojentas, com a farsa de uma boa vida. Elas sabem onde estão pousando, o que elas produzem, o que elas comem?

      Noah soltou um suspiro trêmulo. Suas mãos envoltos de uma faca ensanguentada, lágrimas molhadas em seus olhos, diferente do sangue já seco em seu rosto e mãos. A sua roupa estava com o tecido manchado demais. O miserável estava sujo, imundo, ele tinha uma dor em seu pescoço, mas ele não entendia o porquê de sua dor. Afinal, de quem era o sangue? Dele ou do cadáver a sua frente.

     Cadáver? Cadáveres não ficavam com seus olhos fechados? Cadáveres se sentavam no chão, pernas abertas, mãos de cada lado e uma cabeça encostada na parede. Noah nunca havia visto um cadáver, não um fresco e vazio. Olhos desfocados e frios. Estava morto? O coitado sentiu seu coração reverberar em seu peito. Ele ouvia batidas na porta.

    Ele ouvia batidas? Mas não havia batidas, talvez eram as aranhas se alimentando, talvez fosse o bater das asas das moscas, mas ele estava ouvindo batidas. O garoto patético se levantou trêmulo e a faca em sua mão passou a descansar no piso imundo. O pobre coitado quase escorregou enquanto cambaleava para a porta da frente, o corredor da entrada parecia limpo e a porta estava aberta. Quem entrou? Alguém entrou? Foi ele mesmo?

   Quem teria entrado além deles? Ninguém iria entrar a esta hora, ninguém deveria estar ali. Ninguém deveria estar vendo isso, essa visão, essa melancolia, essa situação. Era um segredo por enquanto.

    A brisa, o vento calmo e suave bateu contra o rosto de Noah como um carinho, como um delicado toque de dedos, e ele fechou os olhos. Ele fechou, e suspirou. O grito desesperado partiu a noite como um animal ferido, Noah gritou e chorou, desespero. Alimentando o nada, alimentando o vazio da noite, com seu desespero com sua perda.

Ele havia chegado tarde demais.


   Noah tinha uma rotina simplista. Ele saia às 10, comprava alguma comida, voltava para casa, às 13:00 ele comia a comida depois de ter esquentando no microondas. Afinal, ele não comia nada que fosse ele mesmo que tivesse feito. Eu duvidaria se ele cozinhasse, afinal, ele nunca fez isso. O coitado nem poderia. Então das 13:49 adiante ele não teria mais nada pra fazer.

   O que resultaria em uma lista de situações desconfortáveis. Pensar. Pensar era desconfortável, porém precisava de uma certa prática. Vejamos, se você trabalha sempre, você não tem tempo para pensar a não ser em seu trabalho, se você for alguém que não liga para trabalho, talvez você até goste de pensar, logo vai ter uma prática nisso, já se você quer um trabalho, porém não o tem, você pensa, bota em prática o pensamento:

"E se eu não for bom o suficiente?"

"Minha aparência talvez não fosse de alguém que quer um emprego ou alguém que se dê o valor de contratar." 

   Isso terá um peso. Você pensará em críticas sobre si, críticas supostamente ruins e que, talvez nem seja a verdade. Noah por outro lado é ambíguo. Ele gosta e desgosta do trabalho, não é como se isso fosse ruim quando se tem uma remuneração, porém não é tão agradável quando se lida com coisas chatas.

Festa no Céu | Noah x Kaleb ( Sense Life )Onde histórias criam vida. Descubra agora