Festa no Céu | Noah x Kaleb ( Sense Life )

Capítulo 1; 🍃

I found peace in your violence
Can't show me, there's no point in trying
I'm at one, and I've been quiet for too long.

Kaleb suspirou, observando o mais novo comer a refeição na sua frente. Quase animalesco, faminto, as bochechas estavam estufadas e vermelhas pela quantidade de comida enfiada em sua boca. Quase como um hamster guardando sua comida. "Muito obrigado." Disse, mastigando tudo de uma vez. Kaleb tinha o cotovelo na mesa, sua cabeça apoiada sobre a palma da mão, enquanto seus dedos batucavam em sua própria pele em um ritmo caótico, enquanto observava o garoto loiro a sua frente. "Quantos anos você tem, moleque?" Perguntou, Kaleb, levando a mão para seu alargador em sua orelha. "18." Respondeu Noah, ainda de boca cheia, seu estômago dando algumas voltas. Estava tão bom, ele não queria parar.

"Ei,ei, devagar, vai com calma, você vai acabar vomitando tudo depois." Kaleb alertou, vendo o ritmo do garoto desacelerar aos poucos, limpando a mão em um dos guardanapos de pano na mesa. "Não é tão novo eu teria te dando no mínimo uns 16 anos ou sei lá, mas já é velho o bastante." Seja o que significava isso, não era um pensamento coerente, a maioria das pessoas diriam que Noah é novo, um garoto novo demais pra qualquer coisa que ele tenha passado, novo demais pra o que ele sentia e o que buscava.

"Acho que vou vomitar."

"Não me diga, princesa."

Noah realmente vomitou no banheiro, menos do que antes. Antes de chegarem ao restaurante, Salazar esperou até o loiro conseguir se manter em pé, e logo após isso, eles foram conversar. Salazar falou sobre seu pai, algo como uma amizade de infância divertida, mas que se apagou. Noah não prestou atenção nessa parte, seu corpo tremia ainda e Kaleb estava com a mão em seu ombro para que mantivesse alguma postura. Ele teria que trabalhar em um dos restaurantes que Salazar era dono, era isso ou se prostituir, tudo para pagar sua dívida. Moraria um tempo com Kaleb durante o processo, seria mantido em vigília, talvez fosse apenas porque Salazar quisesse confiar em um dos deles para manter Noah bem, para que ele não morresse ou algo assim. Ou talvez por pura determinação de querer ver a ruína de alguém que ele ao menos nem conhecia direito.

A porta se abriu, Noah vagou os olhos pela casa de Kaleb, observando as mobílias bem organizadas, cheirava a limpo, os pisos de madeira eram em uma cor bege suave. "Lar doce lar!" Noah o seguiu, seus pés não fizeram barulho ao andar, Kaleb notou isso. "Aliás, o seu emprego, é só um restaurante popular de comida italiana...francesa.. sei lá, mas não tem com o que se preocupar, eu já trabalhei em um e você só vai precisar recolher as coisas que os ricaços deixarem na mesa." Noah ouvia tudo atentamente. "é legal manter um sorriso ao menos." Noah estava parado apenas olhando os pés do garoto a sua frente, olhos vazios, suas grandes olheiras abaixo de seus olhos mortos sendo a única imperfeição em seu rosto, seus lábios se abriram, estavam desidratados e machucados.

"Qual é seu nome mesmo?" Kaleb deixou a maçã de lado, retirando um cigarro do bolso. "Noah.." Respondeu o loiro, sua voz baixa e suave. Kaleb juntou as sobrancelhas estreitando seus olhos para o mais novo, sua mão fazendo o isqueiro deslizar para fora do corta vento preto que usava. "Tá bom...Noah." acendeu o cigarro, a chama iluminando um pouco o rosto do outro, queimando a nicotina, docemente, tão gentil e suave. O nome saiu arriscado, rouco, quase como se ele quisesse testar o gosto do nome antes de o dizer, o saborear e testar em sua língua para então dar seu julgamento. Noah suspirou, suas mãos suando.

Kaleb deixou o isqueiro na mesa e se aproximou de Noah. Suas mãos firmemente agarraram os ombros magros, tentando de um modo fazer o garoto ficar em uma postura ereta. "Você não pode sair entregando bandejas se estiver torto desse jeito." As mãos passaram por suas omoplatas, descendo pela cintura, onde foi agarrado novamente com firmeza, força, mas não uma que iria machucar realmente, não, chegava a ser algo cuidadoso, mas isso fizeram a espinha de Noah se arrepiar, a palma da mão quente em contraste com sua pele um tanto gelada.