Capítulo 8 - Toda ação...

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Os olhos claros de Rafaella observaram toda a grama, as árvores e as flores espalhadas pelo jardim. Capturaram com atenção os pássaros voando acima dela. E a sensação de seus pés descalços sobre a relva lhe trazia uma pitada de conforto.

Mais a frente, ela enxergou a figura de um homem sentado sobre o banco, bem próximo do lago. Sem ter controle, andou até lá. Se aproximou cuidadosamente e colocou a mão sobre o seu ombro.

O rosto de Renato fez-se presente à sua frente. Ele lhe cedeu um singelo sorriso e Rafaella o devolveu. Seus cabelos castanhos balançavam conforme o vento lhe atingia e seus olhos ainda eram bonitos como Rafaella se lembrava. Renato estava tão... suave.

— Sente-se comigo.

Ela obedeceu, sentou ao lado do irmão e suspirou quando ele segurou em sua mão. Sua pele era extremamente fria, como se o sangue em seu corpo faltasse e o calor não lhe preenchesse a muito tempo. Rafaella levantou os olhos fitando o perfil do mais novo.

— Está gelado.

— Você deveria saber o porquê...

A mão trêmula da mineira alcançou o rosto de Renato e ela arfou ao sentir outra vez o frio de sua pele.

— E está tão pálido.

Renato então se virou para ela e lhe concedeu aquele mesmo sorriso. — É porque estou morto.

— Co-como?

— Você não se lembra?

Os olhos de Rafaella lacrimejaram e suas mãos tremeram mais ainda. Seu coração batia tão rápido, podia facilmente escuta-lo em seus ouvidos.

— Você me matou. Me abandonou. Me deixou pra morrer.

— Eu não... Não queria isso.

— Não? — Renato segurou na gola alta de sua camisa e a puxou expondo o corte profundo que tinha na garganta. — Você fez isso comigo.

— Eu não... — Rafaella tentou se afastar, mas Renato segurou com força seus braços.

— Você não percebe? Tudo que te cerca morre! Sua mãe morreu, seu pai morreu e seus irmãos morreram. Você é a morte, Rafaella. Você leva a morte por onde vai!

Os olhos de Renaro eram repletos de ódio, e suas mãos pareciam formigar para atacar o pescoço da morena e a sufocar até a morte.

— Certamente você matará seus filhos também!

O grito que Rafaella deu ao despertar fez com que Bianca também acordasse assustada. O peito da mineira subia e descia numa rapidez assustadora. Quando Bianca tocou em seu braço, Rafaella praticamente pulou de susto mas se acalmou ao reconhecer os olhos castanhos.

— Sou eu. Sou apenas eu. — Bianca proferiu baixo tentando tranquilizar a mais velha. — Respire.

Rafaella gemeu baixo sentindo o corpo inteiro doer. Abaixou os olhos fitando suas próprias mãos, estavam suadas e trêmulas. O pesadelo se repetia e se repetia em sua cabeça. Parecia ainda sentir a textura da pele de Renato em suas palmas.

— Meu bem... — Bianca lhe chamou a atenção, a mais nova se ajeitou na cama para estar de frente pra mineira. — Respire.

Com calma, Bianca empurrou os ombros da esposa fazendo com que deitasse de novo. Se colocou ao lado dela, apoiada sobre seu cotovelo, sua atenção era totalmente em Rafaella. Delicadamente repousou sua mão sobre o peito da mulher.

— Me sente?

— Sim. — Rafaella suspirou encarando a ruiva.

— Quer me falar sobre o pesadelo?

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