Era madrugada. Bianca e William dormiam juntos na cama de casal. E como de costume, Rafaella e Aurora dividiam o porão no andar de baixo.
A pequena observava com atenção a mãe procurar algo nas caixas de metais. O local era rodeada delas, dentro continham munições, metralhadoras, pistolas, granadas, coletes e mais daquelas coisas que a menina não fazia ideia para que servia.
— Acho que isso serve. — Rafaella proferiu e se aproximou da filha que analisou a faixa preta sob as mãos da mais velha.
— O que vamos fazer?
— Você disse que quer ser como eu. — Segurou nas mãos da menor. — Preciso saber se sua audição está boa.
— Mas eu escuto muito bem.
— Não é isso, querida. — Rafaella riu colocando a faixa sobre os olhos da filha. — Você não vai me enxergar. Quero que descubra onde eu estou pelos sons que ouvir.
— Não deve ser tão difícil. — Aurora deu de ombros.
Rafaella balançou a cabeça se afastando o suficiente. E sorriu observando a expressão que a garota fazia, tão convencida quanto Bianca.
— Eu sou muito silenciosa. Estou pronta.
O porão era grande. Era perfeito para Rafaella treinar a intuição da filha e verificar se ela estava mesmo concentrada no que aprendia. A postura da mais nova se tornou mais tensa, igual como Rafaella ficava e mineira sorriu ao perceber aquilo mais uma vez. Sempre que se dava conta de que Aurora imitava toda a sua postura, o orgulho preenchia o seu peito.
— Sua postura está boa.
— Achei que fosse ficar em silêncio. — A menina falou andando rápido até o local que havia escutado a voz rouca da mãe. — Será fácil assim.
— Você deveria deixar de lado esse jeitinho convencido. — Aquilo fez Aurora rir. — E não, não vai se tornar mais fácil só porque estou falando. Veja, você não me achou até agora.
— Não deve estar tão distante.
— Aham, claro.
Rafaella já estava do outro lado do porão, encostada sobre a parede apenas assistindo a filha perdida pelo cômodo. Confusa de onde ela poderia estar.
— Você está distraida.
— É claro que estou, mama. Você está falando!
— Escute, Aurora! — Rafaella soou séria. Seu tom sendo mais forte que fez a menina estagnar. — Se quer ser como eu, não dê a mínima para distrações. Escute! Ou você acha mesmo que irão te deixar pensar?!
A herdeira continuou parada. Estava de frente para Rafaella, mesmo que não soubesse disso, e a mineira lhe lançava um olhar duro mesmo que a filha não o pudesse ver. Aurora então retirou a faixa e piscou os olhos afim de se acostumar com a claridade, logo suas órbitas castanhas encontravam-se com as verdes.
— Você não grita muito. — A mais nova proferiu. — Quando você grita, é por causa que está muito, muito brava?
— Venha aqui. — Rafaella suspirou e se agachou para receber a menina entre seus braços. — Tudo isso que estou te ensinando, eu aprendi muito mais nova que você. E foi de uma forma muito mais cruel. Eu não era tão boa como sou hoje.
— Você demorou para aprender?
— Sim, em partes porque era difícil pra mim me concentrar. Mas também porque o meu pai sempre exigiu muito, eu tinha que chegar a perfeição e eu não sou perfeita, querida. Assim como você também não vai ser.
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SUPREMACIA - NOVA DINASTIA
RomansaRafaella nunca pensou que um dia pudesse conhecer outra vida, nunca pensou que um dia poderia estar segura. Mas a vida depois de Bianca era mágica. Mesmo depois dos acontecimentos, Rafaella estava bem, estava em paz, estava livre. E ela que sempre f...