Angelina é uma garota que mora em uma grande metrópole . Sua vida vai de mal a pior, ate o momento em que sofre um acidente e se vê em uma situação extremamente inusitada. sem poder retornar ao seu "antigo eu" se vê forçada a retomar a vida em uma e...
Ouvi um barulho na minha janela, intercalado e rítmico, no silêncio das três da manhã, eu pensei comigo: mas que porra é essa? Eu levantei meio zonza, pois tinha pegado no sono apenas algumas horas antes. e teria que levantar as cinco. Ou seja dormir é pros fracos. esfreguei os olhos e abri a janela. minha amiga Júlia estava prestes a jogar algo na minha janela, uma pequena brita. Por sorte eu apareci e ela não jogou a pedrinha. ela jogou a brita no chão pegou o celular do bolso e começou a me ligar. Eu atendi: -Oi? O que você quer? São três da manhã. - Eu disse com um tom de frustração. - Tem outra hora não?- -A qual é, tá cedo pra ir dormir, desce aqui rapidão quero falar um negócio contigo.- Ela disse do celular e fungou olhando pra mim com um sorriso bobo. -Maaaaas neeeeeeem fodendo, tá frio. fala dai mesmo pelo celular. tá é maluca que eu vou descer nesse vento, não sei por que veio se podia ter ligado.- eu disse olhando pra aquele sorriso bobo que aos pouco começou a se desfazer, dei uma pausa dramática e logo acrescentei: - Calma ai que tô descendo. fica com essa cara de cu não.- Eu disse debochando. Desliguei o celular, coloquei um tênis de corrida que tava do lado da cama, era o mais perto. Liguei a luz do quarto e caminhei até a porta. Do lado de fora do quarto não tem ar condicionado então eu senti a temperatura cair. "Tá frio" eu pensei e fui em direção as escadarias no breu depois de fechar a porta da sala. Saindo da casa eu encontrei a Júlia encostada no carro. dentro do carro tocava baixinho shyness boy uma musica com ritmo alegre. Claro eu conhecia, era do meu gosto musical. -Diga, amor.- Eu disse rindo. Ela me cumprimentou, me olhou séria e disse: -Bora no Mac? tô varada de fome.- Eu acenei com a cabeça uma única vez afirmando. Sem dizer uma palavra me dirigi até a porta do carona do Civic prata. eu sabia que algo bom não deveria ser já que o Mac é o ponto de encontro das amarguras dela e meu. entrei no carro, coloquei o cinto. Ela veio logo em seguida. rodamos um pouco a cidade. ela não dizia uma única palavra apenas batia os dedos no volante ao som da musica que tocava. O clima era gostosinho, com uma vibe de final de noite e boteco esvaziado na cidade deserta. passamos por um drive-trough, ela deu uma olhada pelo retrovisor, ainda sem falar nada e apenas ouvindo a musica. avançamos um pouco mais pelo trajeto, pegamos o retorno e enfim chegamos no drive-trough do Mcdonalds. haviam 3 carros à nossa frente e nesse meio tempo chegou um outro logo atrás do nosso, uma SUV totalmente preta. eu estava olhando pro carro até ela me perguntar: -vai querer comer o quê?-. Olhei pra ela e disse que comeria o mesmo que ela. que satisfeita com a resposta pegou dois combos simples. fomos ate o local de retirada. Pagamos e, ainda em silencio apenas curtindo as musicas mais diferentes que um brasileiro médio poderia ouvir. ela seguiu dirigindo pelas ruas esburacadas. eu do lado e sem fome comecei a fuçar as embalagem pra ver se despertava a vontade de comer depois de dormir apenas duas horas. enquanto eu beliscava meu lanche, ela manobrou em um estacionamento e abaixou o volume da musica. entreguei o pacote dela a ela e disse: -Desembucha.- Falei e dei uma mordida no meu hambúrguer. Ela direcionou o pacote com o lanche para o console do carro. E com uma mão no volante virou o rosto devagar na minha direção, não totalmente, a musica tocando baixinho e a luz amarelada do poste da rua faziam o clima ficar meio desconfortável pra mim. Ela tinha uma feição estranha.
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-Eu terminei com o Leonardo.- Ela deu uma pequena pausa e continuou: - Acho que o foi o melhor pra nós dois.- Finalmente ela pegou o lanche do console do carro e começou a desempacotar. Cheirava maravilhosamente bem.
Leonardo era um cara legal. Eu o conhecia desde o fundamental assim como a própria Júlia, sentada na minha frente, comendo o lanche vigorosamente. Os dois sempre foram muito amigos naquela época, mas só começaram a a namorar de verdade no segundo ano do ensino médio. Tinham um histórico de quase nenhuma briga, e se tiveram alguma discursão acalorada eu não tenho conhecimento. Ela me contava tudo, até mesmo coisas que eu nem fazia questão. E por isso mesmo eu acredito que era um relacionamento muito saudável. -Motivo?- Eu perguntei com um tom de incredulidade. Ela me olhou mais uma vez. Mastigando o lanche, enquanto a playlist mais caótica que a minha, tocava um pagode sofrência bem baixinho. - Minha família é um dos motivos, mas é apenas um deles.- Disse ela, mastigando educadamente como um ogro. - Eu gosto demais dele, só que eu tive que fazer uma escolha. Não posso te dizer com detalhes agora, mas como minha amiga eu gostaria que você me desse apoio nesse momento. Eu tô péssima. Ok?-
- Ok. Sua família eu até entendo, pais ricos e tudo mais, classe social e os caralhos todos de gente rica. Mas ainda assim, o que mais? Vocês eram perfeitos juntos! Queria eu encontrar alguém assim. Sinceramente Júlia.- Eu disse num tom que pareceu frustrado. Tomando uma dor que não era minha. - Como eu acabei de de te falar, eu tive que fazer uma escolha. O leo tá muito arrasado por eu ter terminado com ele.- - Eu imagino que esteja.- - Não quero que deixe de ser amiga dele por minha causa, pode fazer isso por mim?- - Claro que posso.- - Ótimo.- - Eu ainda não consigo acreditar cara. quanto tempo vocês estavam juntos mesmo?- - Em Maio ia fazer 4 anos.- Ela disse num tom tristonho. Eu dei uma boa encarada na SUV que estava estacionada ao lado. era a mesma SUV de antes do drive trough. Me perguntei por um momento a quanto tempo aquele carro estava ali. não me recordava de ele já estar ali. provavelmente estacionou ali pelo mesmo motivo que nós. no som do carro, tocava João e Maria. A luz do poste amarelada piscava vez ou outra, a musica lenta e baixa dava um tom melancólico. Eu prossegui com a conversa: - Se você ainda gosta dele, não deveria ter terminado.- Tomei um gole do café. estava quente e amargo. Muito amargo. exatamente do jeito que gosto. A luz do poste piscou de repente e o vento do lado de fora sibilava como em um filme de terror. estava uns 16 graus lá fora. - Pode não ser hoje, mas um dia , Lina, você vai me entender.- Eu ia responder ela mas bem naquele momento o celular dela começou a tocar. Eu consegui ver pela tela, 23 chamadas perdidas. Todas dele. - Atende.- Eu disse pra ela, fazendo um sinal de vassoura varrendo, com as mãos. - Ela me olhou com uma cara de, "sério que tá me falando isso?" E rejeitou a ligação. vi ela colocar o celular no silencioso. enquanto um carro passou fazendo barulho ao longe, olhei de relance e voltei a prestar atenção nela. -De todas as pessoas, eu achei você fosse me entender. Mas aparentemente não.- Ela disse e deu mais uma mordida no lanche. Me ajeitei no banco do carro, meu lanche quase acabando. -Me diz, como eu vou poder entender. Se você não me deu mais detalhes!- Eu falei. E realmente eu não conseguia entender. Abri meu café que estava intocado na embalagem. Café preto, pra ficar acordada. Não parecia mas eu estava caindo de sono. Era algo em torno de quatro da manhã. -Olha, eu não vou buscar entender de exato agora. E nem vou te julgar. Eu posso ter parecido meio insensível. Mas não vai achando que eu não fiquei chateada com você por isso. quero apenas voltar pra casa. Tô exausta.- Falei tentando não soar rude. Ela pareceu não ter entendido, me fitou por um breve momento. - ué.- Falou, me olhou com uma cara de deboche e ligou o carro. Aumentou o volume, botou uma playlist de funks 2021. - Só espero que tudo isso não seja pra você poder cair na farra.- Eu falei com a voz um tom mais alto que a música. - Quem dera fosse por isso. Mas não são motivos tão simples.- E ao que parece a nossa conversa sobre o assunto terminou ali.
Ela me deixou na porta de casa. faltava menos de uma hora para o meu despertador tocar. Voltei pro meu quarto que estava bem quentinho. e antes de voltar pra cama e tirar um cochilo rápido fiquei olhando pela janela ela sair com o carro, provavelmente acordando toda a vizinhança. O som alto se distanciando aos poucos.
Retirei os tênis, sentei na beirada da cama me cobri parcialmente e comecei a cochilar.