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O som das sirenes ecoava pelas ruas estreitas e úmidas, enquanto o céu pesado de nuvens parecia refletir a tristeza e tensão no ar. As luzes vermelhas e azuis piscavam incessantemente nas janelas das casas vizinhas. Em frente à elegante, mas sombria mansão dos Lewis, uma pequena multidão de curiosos se aglomerava, observando em silêncio. As folhas secas do outono cobriam a calçada de tijolos, e o vento frio aumentava o desconforto de todos ali presentes.

Mas ninguém parecia mais devastado do que o jovem policial Oliver Allen, que permanecia imóvel no jardim da frente, com os olhos fixos na cena de crime. O casarão, com suas colunas brancas e fachada imponente, agora parecia macabro, envolto em uma aura de tragédia. Sua noiva havia sido assassinada ali, e o corpo do criminoso também estava sendo removido pela equipe forense.

Ao lado de Oliver, William, seu colega de longa data, aproximou-se com cautela, colocando uma mão pesada no ombro dele, sentindo a tensão quase palpável que emanava de seu amigo.

- Oliver...

- Eu vou encontrá-lo e garantir que ele esteja morto - disse Oliver, sua voz rouca e os olhos cheios de lágrimas, fixos na porta de entrada da mansão.

- O quê? - William franziu a testa, confuso. - O que você está dizendo?

- Luke não foi o único assassino... A ideia foi do Mike.

William deu um passo para trás, chocado.

- Como você sabe disso? O Mike... Aquele que estudou conosco? Isso é impossível, Oliver.

Oliver desviou o olhar para o corpo de Amanda, sua noiva, que era cuidadosamente preparado pelos outros policiais, envolto em um lençol branco.

- Às vezes, o impossível se torna possível - ele murmurou, virando-se lentamente, deixando para trás a opulenta mansão de Amanda Lewis, que agora parecia uma tumba gigante.

- Às vezes, o impossível se torna possível - ele murmurou, virando-se lentamente, deixando para trás a opulenta mansão de Amanda Lewis, que agora parecia uma tumba gigante

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Dentro da delegacia de Woodsboro, o clima não era muito diferente. O prédio, pequeno e funcional, com suas paredes cobertas de painéis de madeira escura e luminárias fluorescentes antigas, estava quase vazio naquela noite de Halloween. O rádio no canto da sala ecoava uma mensagem festiva:

- Feliz véspera de Halloween, Woodsboro. Lembrem-se de beber com moderação e aproveitem as festas. As crianças estão ansiosas para pedir doces?

Ninguém na delegacia acreditava que Oliver apareceria para trabalhar tão cedo. A morte de Amanda ainda era recente, uma ferida aberta. Contudo, para a surpresa de todos, ele surgiu na porta, segurando uma bolsa preta, sua expressão distante e fria. Seu cabelo estava um pouco desalinhado, os olhos vermelhos de tanto chorar, e sua postura rígida indicava que ele estava longe de aceitar o que havia acontecido.

Oliver caminhou lentamente pelos corredores mal iluminados até seu escritório. O espaço era pequeno, com uma mesa de madeira escura, coberta por pilhas de papéis e arquivos. Jéssica, uma colega morena de olhos penetrantes, interceptou seu caminho.

- Você devia estar em casa - disse ela, cruzando os braços.

- E você devia cuidar da sua própria vida, senhorita Walter - retrucou Oliver, sem olhar para ela, trancando a porta atrás de si com um clique seco.

Dentro do escritório abafado, Oliver se deixou cair na cadeira de couro gasta, puxando os papéis da bolsa preta com movimentos automáticos. Entre eles, estavam os relatórios de vários assassinatos recentes em Woodsboro. A semelhança entre os casos era perturbadora. Em muitos, o assassino era descrito usando uma máscara e um capuz preto, detalhes que o faziam relembrar o que havia sido testemunhado no assassinato de Amanda.

Horas se passaram. Lá fora, as luzes da delegacia começavam a se apagar, e o eco dos passos de Oliver ressoava pelas paredes quando ele saiu apressado de seu escritório, com a mente fervilhando. A mansão dos Lewis voltava a dominar seus pensamentos.

- A mansão tem um sistema de segurança impecável - ele murmurou para si mesmo. - Apenas alguém próximo da família saberia como desativar os sistemas.

De súbito, Oliver levantou-se e recolheu os papéis que estavam espalhados pela mesa, jogando-os de volta na bolsa. Saiu do escritório a passos largos, com o som da porta batendo reverberando pelo corredor. Os outros policiais se entreolharam, mas ele os ignorou. No estacionamento úmido, o vento sibilava enquanto ele avistava William à distância.

- Como você está? - William perguntou, aproximando-se, sua expressão preocupada sob as luzes pálidas dos postes.

- Estou bem. Eu só quero descobrir quem fez isso.

- Ollie, nunca podemos fazer justiça com as nossas próprias mãos - William olhou diretamente nos olhos de Oliver. - Estou preocupado com você.

- Não precisa, William.

- Para onde vai? - William elevou a voz um pouco mais, tentando segurar o braço de Oliver. - Você não pode simplesmente se afastar de todo mundo por causa do que aconteceu.

- Eu vou descobrir quem foi o assassino - respondeu Oliver, sem olhar para trás, entrando em seu carro com determinação.

Ao chegar novamente à mansão dos Lewis, Oliver estacionou seu carro longe das viaturas que cercavam a entrada da propriedade. A mansão parecia ainda mais intimidante sob as sombras das árvores ao redor, iluminada apenas pelos faróis e as luzes de emergência. O vasto jardim, agora deserto, parecia uma armadilha.

Oliver caminhou até o policial Henry Clarkson, um homem alto e loiro, que o observava com curiosidade.

- Policial Clarkson - cumprimentou Oliver com um aceno breve.

- Detetive Allen - respondeu Clarkson, medindo cada palavra. - O que faz aqui?

- Ah... O xerife não te contou? - Oliver mordeu o lábio inferior, seus olhos fixos nos de Clarkson. - Que chato, mas você precisa saber: ele me deixou no comando das investigações. Minhas sinceras desculpas ao senhor.

Clarkson franziu o rosto, desviando o olhar com desconforto.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu - disse Clarkson, a voz carregada de simpatia.

- O assassino sentirá muito mais - respondeu Oliver, frio como o vento que cortava a noite. - Quanto mais cedo eu assumir as investigações, mais cedo acharei o culpado. Agora, com licença.

Clarkson concordou com um aceno hesitante, antes de se afastar. Oliver cruzou as faixas amarelas que delimitavam a cena do crime, sentindo o peso das folhas secas sob seus sapatos.

Enquanto isso, em outro ponto da cidade, William estava absorto em seus próprios pensamentos, folheando arquivos quando sua irmã mais nova, Zoey, entrou no escritório improvisado, perturbando sua concentração.

- Tão brutal... Ela era uma pessoa tão boa. Como alguém poderia fazer isso? - perguntou Zoey, inclinando-se sobre a mesa, o rosto expressando incredulidade.

William suspirou, olhando para o vazio, o peso da tragédia pesando em seus ombros.

- Nós estamos caminhando para nossa própria extinção...

SURVIVORS ᵖᵃⁿⁱᶜᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora