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"Ah, começou a nevar de novo..."
A rua se estendia diante dos passantes, uma vasta extensão de asfalto agora coberta por uma fina e imaculada camada de neve. O inverno anunciava sua chegada de maneira sutil, transformando o cenário urbano em uma paisagem pitoresca. Pequenos flocos de neve caíam lentamente do céu, como fragmentos de cristais dançando delicadamente em direção ao solo.
Cada um deles brilhava em um branco resplandecente, abraçados pelos tímidos raios de sol que se esforçavam para romper a espessa cobertura de nuvens.
Os adultos despertavam de seus sonhos aconchegantes e começavam a emergir de suas casas, envoltos em casacos e cachecóis, preparados para enfrentar mais um dia no ritmo monótono da vida cotidiana.
Clair não gostava muito do inverno.
A jovem estava completamente imersa em seu próprio mundo, presa em uma ilha solitária. Seus olhos fixos na tela do computador como uma mariposa cativada pela luz de uma lâmpada.
Seu corpo, de uma palidez quase etérea, tremulava sob o sopro penetrante do vento gelado que serpenteava através da fresta da janela. Cada rajada trazia consigo pequenos flocos de neve que se apegavam aos seus longos cabelos escuros.
Era a terceira vez que ela lia o conteúdo à sua frente, suas mãos trêmulas e ansiosas apertavam a barra do seu próprio vestido, as unhas cavando levemente o tecido em busca de algum tipo de conforto.
O café que ela havia preparado com tanto carinho, agora esquecido, estava completamente frio, formando uma película fina de nata na superfície da xícara.
Na tela brilhante do computador, um grupo de conversas saltava aos olhos, destacando-se no centro do monitor.
À primeira vista, a cena poderia ser considerada inocente e despretensiosa. Era só um chat de amigos organizando um reencontro escolar entre os colegas mais próximos do ensino médio. Para a maioria das pessoas, essa era uma chance de reconectar com os velhos conhecidos e compartilhar suas conquistas.
No entanto, para Clair, essa situação parecia um verdadeiro pesadelo.
Ela não sabia por que exatamente. Não conseguia lembrar de nenhuma memória significativa que pudesse causar aquela reação. Porém tinha certeza havia escolhido, há muito tempo, cortar todos os laços com aquelas pessoas, na esperança de deixar para trás todo sofrimento.
Mas... que sofrimento...?
Ela só podia ter ficado louca. Fazia tanto tempo que ela evitava interações sociais que mal se lembrava da última vez que conversara com alguém além de sua própria sombra.
Seu olhar pousou em uma fotografia antiga em cima da estante, mostrando um grupo de sete adolescentes sorridentes. Clair pegou a fotografia nas mãos, observando cada rosto. Ali estava ela, mais jovem, com os cabelos no tamanho dos ombros e um sorriso inocente. Um aperto no peito a invadiu ao perceber como se sentia distante daquela pessoa retratada, completamente desconectada da jovem adulta melancólica e solitária que agora se via refletida no monitor do computador.
Com um suspiro de pesar, ela se levantou e dirigiu-se ao banheiro. No reflexo embaçado do espelho, seus olhos verdes pareciam opacos, sem vida, refletindo a palidez de sua pele. Ela parecia uma sombra de si mesma, como se a própria morte a tivesse abraçado e a levado para o inferno.
Com cuidado, Clair girou a torneira, deixando a água gelada correr sobre suas mãos, inclinando-se sobre a pia para sentir o frescor em seu rosto. O som suave da água batendo na cerâmica ecoava no pequeno banheiro, quase acompanhado pelo piscar intermitente da lâmpada amarelada presa ao teto.
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Quando a Neve Derreter
HorrorAlguns acreditam que os sonhos são janelas para nossos desejos mais profundos, manifestando imagens e cenários que refletem nossas aspirações. Outros defendem que eles são portais para o oculto, transmitindo mensagens do sobrenatural e revelando mis...