Ⅲ - Uma despedida

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    "Por que?" Essa era a perguna que vinha à cabeça de Boothill. Permanecia em um sono profundo, porém seu cérebro (uma das poucas coisas humanas que ainda possuía) Vagava por pensamentos fúteis, o motivo? Bom, haviam eras que o ciborgue não havia um sono calmo daqueles, um em que se sentiu seguro enquanto dormia, por dentro e por fora.

    Quantas horas haviam se passado? Haviam solicitado que se livrasse de alguém? Talvez devesse se hospedar em outro lugar para garantir sua segurança, mas nada disso importava naquele momento.

    Ele tinha alguém como o ruivo consigo, ele jamais iria esquecer a cor dos olhos daquele que, com toda a sinceridade do mundo, olhava em seus olhos e dizia "Você é lindo, Boothill", aquele qual o longo e sedoso cabelo que fora pintado com sangue carmesim, aquele que aparentava o apreciar genuinamente, e, nos desejos mais profundos de Boothill, Argenti, aquele que aparentava o amar, o ciborgue jamais esqueceria como se sentiu adorado e amado aquele dia.

    Com esses pensamentos em mente, ele lentamente abriu seus olhos, confusos ao notar apenas o remanescente de um calor que já esteve ali, o lençol perfeitamente arrumado, entretanto. Esfregou seu olhos e estendeu sua mão robótica, notou que estava verdadeiramente sozinho daquela cama que agora guardava memórias para si da primeira vez que sentiu algo meramente semelhante a amor.

    — Não sei por quê me surpreendo... Nem mesmo ele iria querer algo sério com alguém que não pode dar o mínimo de toque físico né. — Disse ainda sonolento enquanto se sentava na cama. — Isso nunca dá certo, eu já sabia disso, caramba! Por que insisti nessa (p̶o̶r̶r̶a̶) zorra mesmo sabendo disso? Devo ser um idiota mesmo!

    Colocou ambas as mãos em sua face, sentindo desgosto ao sentir o toque metálico frio em sua pele.

    — Eu sou um Vigia da Galáxia, não tenho tempo pra coisas sérias de qualquer jeito. Mesmo se ele estivesse aqui eu teria que dizer "adeus" Em algum momento.

    Quente.

    Notou a cama se mover, e logo sentiu um vento estranhamente quente na parte superior de seu pescoço, uma respiração? Talvez. Suas dúvidas sobre a coisa estranha que se aproximava foram confirmadas ao ver dois braços longos e perfeitos se envolvendo em seu corpo.

    — Bom dia. Sinto-me culpado de deixar-te sozinho ao acordar. Se pudesse, gostaria de estar ao teu lado.

    — Ah. Você tá aqui, bom dia, ruivinho. — Sentiu-se corar ao receber um beijo levemente acalorado em sua bochecha. — Veio me cobrar, é?

    — Temo que não saiba do que está falando, Boothill. Tu não me deves nada. — Falou com seu nariz gentilmente repousado sobre o pescoço de Boothill, o lado esquerdo de sua cabeça encostando na pele do outro.

    — Te pagar por ontem, sabe? Ficar me seduzindo e tudo, fazer a minha lustragem de graça, me elogiar toda hora, fazer melhor com a minha cabeça do que qualquer psicólogo faria, e isso sem mencionar o resto!

    — Espera, ainda acha que fiz aquilo por dinheiro...? Por Idrila, Boothill! — Se irritou naquele momento. — Por favor, entenda que eu não sou um garoto de programa, fiz aquilo por que te aprecio! Pare de se odiar tanto ao ponto de não entender isso, _eu lhe imploro_. — Agora colocou sua testa no ombro de Boothill, suspirando em descontentamento.

    — Tu não pode me culpar, viu?! Um homão como você falando todas aquelas coisas pra alguém como eu, fica difícil de acreditar!

    — Só você mesmo... — Suspirou outra vez, se recompondo. — Fiz café da manhã para compartilharmos, e _prometo_ não cobrar uma única moeda por ele.

Um Encontro Predestinado - ArgenthillOnde histórias criam vida. Descubra agora