Um Encontro Predestinado - Argenthill

Ⅱ - Declarações

    A dupla andava pelas ruas da Hora Dourada, seus entornos cheios de luzes, músicas e pessoas andando para todos os lados, algumas gastando todo dinheiro em apostas, outras desfrutando dos melhores restaurantes que Penacony poderia oferecer, realmente aquele lugar merecia a fama que possuia.

    Ambos não conversavam muito enquanto andavam, mais focados em encontrar algum hotel para ficarem, apenas trocavam algumas palavras curtas e rápidas como se existisse uma conversa ali que apenas os dois entendessem, uma conversa silenciosa em que poucas palavras eram suficientes para eles se entenderem e conversarem sobre quaisquer assuntos que fossem. Eram assuntos triviais? Com certeza.

    Boothill permanecia com aquela vontade profunda em sua alma de ter algo com Argenti, "É apenas porque ele é bonito!" ele dizia a si mesmo, apesar de serem palavras sem sentido, já que ele odiava o fato de ter alguém tão bonito consigo, se sentia desconfortável, beirando ao inferior. Mas, isso o convenceria por enquanto, não acreditava e negaria qualquer sentimento mais profundo sobre o avermelhado.

    Após alguns minutos de caminhada que pareceram como horas, eles encontraram um hotel em que pudessem passar a noite, o lugar era aconchegante, com uma recepção em que tocava um jazz calmo e alguns biscoitos ao lado da atendente, como cortesia.

    Eles fizeram o check-in e alugaram um quarto para passarem a noite por 2 dias, Boothill estava hesitante sobre isso, e até chegou a perguntar "A gente só precisa de uma noite, amanhã de manhã nóis já vai embora, não?" Mas Argenti insistiu para pegarem o quarto por dois dias inteiros, o de cabelos brancos não entendeu exatamente o motivo, mas decidiu simplesmente aceitar, já que, também, o outro havia se oferecido para pagar a estadia, então Boothill pensou, "Por que não, não é mesmo?"

    Eles pegaram a chave do quarto que iriam dividir, pegaram o elevador até chegarem no devido andar e, ao acharem a porta do quarto, a abriram com a chave.

— Caaara! Tá tudo escuro aqui! Cadê o interruptor? — O apartamento estava realmente escuro, ele olhava em volta em busca de uma maneira de acender as luzes.

    Apenas nesse momento em que ambos estavam num quarto fechado, Boothill notou o cheiro enjoativo de rosas que o outro exalava.

— Não será necessário. Creio que a recepcionista havia mencionado a existência de um abajur no quarto, não? Vamos lá.

— Ei ei, pera lá, ruivinho! Eu tive um dia cheio hoje, preciso passar uma graxa nessa coisa aqui! — Ele deu uma leve batida em seu braço de metal, indicando que teria que cuidar de si mesmo antes de ter um tempo.

— Ah, entendo. Bom, eu mesmo tenho de tomar um banho nesse momento. — O cabelo de Argenti balançava gentilmente enquanto andava para dentro do quarto, sua armadura fazendo um leve som de tilintar. — Após eu finalizar meu banho, gostaria de alguma ajuda nessa tarefa? Creio que será um bom momento para falar sobre Idrila.

    Boothill o seguiu para dentro do quarto, acendendo o tal abajur. — Huh? Tem certeza? — Era a primeira vez que alguém além das pessoas que realizavam manutenção se oferecia para o ajudar em tal tarefa. —  Isso aí vai sujar essas suas mãozinhas que provavelmente nunca nem pensaram em ter alguma mancha!

— Fico lisonjeado que se procupe com isso, mas não o faça. Eu posso sempre lavar minhas mãos após qualquer atividade que possa acabar por deslustra-las. — Argenti disse com um sorriso inocente, ele queria mostrar para Boothill que realmente estava desejoso em ajudá-lo com o que quer que seja necessário, realmente _não importava o que fosse_, ele sentia necessidade de fazer o outro se sentir confortável, priorizado as necessidades de Boothill como um um cavaleiro cavalheiro faria.