Desde a minha infância, nunca consegui me relacionar bem com o mundo ao meu redor. Com o tempo, me tornei uma pessoa sem amigos, frequentemente solitária e envolvida em confusões. Era a quarta escola da qual eu havia sido expulsa em seis meses, e hoje meus pais decidiram, sem meu consentimento, me mandar para um internato peculiar, localizado a vários quilômetros da área urbana de Los Angeles.
─ Espero que tenha pegado tudo que precisa. ─ falou meu pai, enquanto dirigia em direção ao internato. Eu olhei pela janela, observando a paisagem deserta, sentindo uma mistura de ansiedade e resignação. Era difícil acreditar que essa seria a minha nova realidade.
─ Está me dando náuseas. ─ eu falo sem humor.
─ Minha filha, vai ser bom para você. ─ disse minha mãe, expressando tristeza em sua voz.
─ Eu sei o que é melhor para mim, tá legal? ─ eu digo. ─ E simplesmente me enviar para um internato no meio do nada, sem ao menos considerar minha opinião sobre isso, não vai resolver muita coisa ─ acrescento, irritada.
─ Vamos, Cady, você vai se sair bem ─ disse meu irmão, Jesse, desta vez.
─ Jesse, eu já disse, eu não quero ficar aqui, ─ eu falo, exausta. ─ Esse lugar parece ser horrível! Sem contar que a ideia de estar longe de casa me assusta. Por favor...
─ Cadence Miller, você está precisando urgentemente de ajuda. Ficar neste lugar com pessoas que te entendem irá te fazer bem. ─ meu pai falou, estacionando o carro em frente à "escola". ─ Serão só alguns meses, se você não se adaptar...damos um jeito de outra forma.
─ Eu não preciso de ajuda. ─ afirmo.
Ao chegarmos ao local, minha mãe e meu irmão me ajudam com minhas coisas. Desço do carro, observando o imponente prédio à minha frente. Até que não era tão ruim quanto parecia nas fotos. No entanto, eu ainda não quero estar aqui.
─ Ei, não vai ser tão ruim. Eu prometo. ─ meu irmão falou. ─ Pensa pelo lado bom...você não vai ser expulsa porque logo, logo já vai ter se adaptado. ─ tentou aliviar o clima tenso.
─ Você promete que vem me buscar? Se eu não gostar daqui? ─ perguntei, com um nó na garganta.
─ Eu venho assim que puder. ─ ele deixou um beijo simples em minha testa enquanto me abraçava fortemente.
Vou sentir falta dele.
Jesse sempre me defendeu e procurou me entender. Mas agora, ele estava iniciando em uma banda. Não quero impedi-lo de seguir seu sonho. Ficar e causar mais problemas em casa pode fazê-lo largar tudo para me ajudar. Quero que ele seja feliz, mesmo que isso custe a minha infelicidade.
─ Você tem que ir, maninha. ─ falou. ─ Boa sorte.
E então, os portões se abrem, e logo minha tutora vem ao meu encontro enquanto minha família vai embora.
─ Olá querida. ─ Falou a moça. ─ Seja bem-vinda ao colégio interno Meadows Kindergarten. Me chamo Briana e serei a sua tutora. Espero que se sinta em casa enquanto estiver aqui. ─ Disse. ─ Vem, vou te mostrar a escola que logo você irá chamar de lar!
Pouco ansiosa para o tour, apenas pego minhas coisas e a acompanho.
─ Por favor, pode deixar suas coisas aqui na recepção; pessoas com essa função levarão sua bagagem até seu quarto. ─ Deixo minhas coisas no lugar indicado e logo seguimos em frente.
Ela me mostrou a entrada, o gramado, o ginásio, onde ficava o banheiro, o local da sala de aula, refeitório, diretoria... por fim, os dormitórios. Eu ficaria no quarto 129, onde dividiria com outras 2 garotas.
─ E por fim, seu quarto, senhorita Miller. ─ falou Briana enquanto me apresentava a sala. ─ Aqui está sua chave. Caso a perca, há uma reserva no criado mundo ao lado de sua cama. Bom proveito.
Ela sai do quarto, me deixando sozinha.
Ele é bem grande. Nele há três camas, o que seria óbvio já que estou compartilhando, um sofá e um grande tapete vermelho com detalhes dourados e pretos que fica no centro do quarto. Cada cama tem um criado mundo e um abajur. Também há uma prateleira um pouco acima da minha cama e duas janelas que proporcionam uma boa iluminação para dentro do mesmo.
Adivinhem quem ficou com a janela? Eu! Bom, pelo menos tem cortina.
Briana me falou que está em horário de aula, então vou aproveitar que nenhuma das meninas está aqui para arrumar meu lado do quarto. Guardo alguns dos meus livros na prateleira acima, ponho minhas roupas no lugar ideal e coloco minhas malas debaixo da cama. O uniforme está em cima da minha cama. Ele não passa de uma saia xadrez vermelha com uma blusa social feminina branca de abotoar, gravata vermelha xadrez e uma meia longa branca que vai até a altura do joelho. O calçado é obrigatório que seja tênis.
Por fim, pego o porta-retratos meu e do meu irmão. Analiso a imagem em minhas mãos com um leve sorriso. Quando vou colocá-lo na prateleira acima, sem querer deixo que ele escorregue de minhas mãos, mas por sorte, ou não, outra mão o pega.
─ Acho que deixou isso cair. ─ ouço uma voz masculina. ─ Deveria tomar mais cuidado. ─ ele me devolveu a foto.
─ Obrigada. ─ agradeço de um jeito estranho e logo coloco o retrato em seu devido lugar.
─ Você é novata? ─ perguntou ele. Mas apenas concordo com a cabeça. ─ Legal. Prazer, sou Javon. ─ ele disse tirando uma de suas mãos do bolso da calça, estendendo a mesma em minha direção logo em seguida.
Dou um olhar rápido para sua mão mas ignoro.
─ O que está fazendo aqui? ─ eu pergunto com indiferença, me recordando das palavras de Briana: "Os garotos não podem ir ao dormitório feminino, assim como as garotas não devem ir ao masculino, com exceção de alguma justificativa bastante importante." ─ Briana me falou que não podemos entrar no dormitório de pessoas do gênero oposto, a menos que haja uma justificativa. ─ falo.
Ele revirou os olhos enquanto recolhia sua mão, a levando de volta para o bolso de sua calça.
─ Briana não sabe o que diz. E minha justificativa é: Vim dar boas-vindas a aluna nova! Tadam! ─ Brincou.
Mas eu continuei do mesmo jeito, sem expressão.
Ficamos em silêncio por um momento e logo Javon pareceu menos amigável.
─ Olha, eu não estou no clima de aturar gente chata hoje, tá bem? Estou tentando ser legal com você. ─ ele falou de um jeito estranho, quase enfurecido.
─ Bem, isso não é problema meu. Afinal, não pedi que viesse até aqui me visitar e muito menos que fosse legal comigo. ─ falo usando um tom alto em minha voz.
Ele apenas sorriu de lado, olhou as horas no relógio da parede e logo voltou seu olhar para mim.
─ Tudo bem, Cadence. Fica pra outra hora então. ─ ele falou enquanto andava em direção à porta. ─ Ah, caso queira me encontrar, eu sempre fico por debaixo das arquibancadas. Passa por lá qualquer hora. ─ com isso, ele me deu uma piscadela e saiu do quarto.
Fico pensando sozinha por um tempo até que percebo: Como ele sabe meu nome sendo que não me dei o trabalho de me apresentar?
NOTA DA AUTORA: espero que estejam gostando do pouco que já saiu. até o próximo cap! 💕
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Weird Boy | Javon Walton
Mystery / ThrillerCadence Miller, uma adolescente clássica e desajustada, sempre viveu em conflito com seus pais, apesar das ótimas condições em que vivia. Mandada para o internato Meadows Kindergarten, Cady se acha esquisita e percebe que sua vida está fugindo do co...