Alucinação | 4

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Vou ser honesta com vocês: se existe algo que eu odeio mais do que ficar de bobeira sem ter muito o que fazer, é a sensação de não ter nada para ocupar a mente

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Vou ser honesta com vocês: se existe algo que eu odeio mais do que ficar de bobeira sem ter muito o que fazer, é a sensação de não ter nada para ocupar a mente.

Claro, não ter que estudar é ótimo! Você não precisa se debater com problemas, decorar regras, significados e datas estranhas que, sinceramente, ninguém se importa. Mas, quando você é um pontinho vermelho antissocial, às vezes ter uma desculpa para enfiar a cara nos livros parece perfeita comparada à sensação de não ter o que fazer e, muito menos, com quem.

Mas tudo bem, quando você se acostuma com a sensação, nada mais parece um bicho de sete cabeças.

Por isso, caminhei pelo jardim até um balanço velho pendurado no galho de uma árvore enorme. Antes de me sentar, analisei as possibilidades de ele cair, mas logo deixei a ideia de lado e me acomodei, ouvindo as cordas rangerem um pouco. Uau, achei bem moderno.

Começo a observar o lugar ao meu redor. Basicamente, estou cercada por mato, bancos, árvores gigantes, uma fonte de água e, adivinhem, uma enorme escola – ou melhor, um prédio imenso. Se eu tivesse que escolher entre morrer e ficar aqui, preferiria ver Jesus me aguardar no céu.

Engraçado, nunca parei para pensar nisso...

Viram? Esses são os efeitos colaterais de uma mente vazia. Ela pode ser um perigo para a humanidade.

─ Me disseram uma vez que aonde você está sentada já foi o lugar favorito de uma ex-aluna daqui. ─ ouço uma voz carregada de sarcasmo. por um momento eu hesitei me virar, então permaneço de costas pra voz, mas seguro levemente a corda que prende o balanço. ─ Oh, espere um segundo... ─ eu ouço seus passos se aproximarem e logo o individuo fica na minha frente com o indicador erguido. ─ Ela morreu! ─ ele diz sorrindo com ironia nítida em seu rosto.

Eu o observo com um leve olhar amargo, mostrando meu pequeno desconforto e ele continua ali, sorrindo como um maníaco enquanto enfia suas mãos nos bolsos da sua calça.

─ O que você quer? ─ eu pergunto séria, de saco cheio para os joguinhos dele.

─ Ah, por que essa irritação toda amor? ─ ele pergunta, aumentando ainda mais seu sorriso. ─ Se fosse a outra estaria se derretendo por mim agora. ─ ele aponta para uma garota loira que está lendo junto de outra garota, enquanto as duas parecem interagir sobre algo.

─ Uma pena eu não ser ela. ─ eu faço uma cara triste mais forçada que uma criança tentando escapar de uma bronca.

Então ele sorri e estreita seus olhos me olhando.

─ Sabe, esse seu beicinho está me fazendo querer rir, mas vou me segurar para não te dar mais motivos para dramatizar. ─ Ele disse isso com um tom de voz suave e levemente sarcástico, os olhos brilhando com um humor malicioso. Seu sorriso era um tanto presunçoso, como se ele já tivesse planejado sua próxima provocação. Ele inclinou a cabeça ligeiramente, me observando com uma confiança despreocupada. 

Weird Boy | Javon WaltonOnde histórias criam vida. Descubra agora