Depois de 94 anos, seus pensamentos retornaram ao velho e bobo bairro do Brooklyn, agora no corpo de um menino de 8 anos
Andava pelas ruas, com suas roupas de brechó e sapatos gastos, porém ainda bons de se usar, na sua mão havia uma apostila, já que com 8 anos, foi o único tempo que sua mãe deixara ele ir para a escola
E o motivo pra isso...
-Negro de merda! Não se aproxime da Lilian, sujo! Pele de lama!-Brian um dos valentões dizia
-É! Lilian é linda! E você é feio! Sujo! Macaco!-Cassidy, também um dos moleques brancos filhas da puta gritava
Depois dessas nove décadas e quatro anos, ele entendeu que, essas crianças só repetiam o que seus pais também falavam, o racismo era hereditário
Mas seu eu de 8 anos não achava isso, principalmente quando era tão novo assim e andava pelas ruas do Brooklyn todo sujo, machucado e mancando
Ele estudava numa das travessas do centro, a escola era privada, e sua mãe trabalhava em um outro emprego só para pagá-la, não era que ele tinha condições, era que sua mãe queria que o filho fosse diferente, que mudasse aquilo tudo
Ele se sentia lixo, era incomum e nunca mais veio a acontecer depois dos 13 anos, mas Alastor chorava
-Droga, porque eu não posso ser que nem eles, porque eu sou diferente? Só por ser negro? Qual o sentido de bater em alguém só pelo tom de pele?-Ele falava em intervalos do soluço que a lástima causava
Finalmente chegava em casa, se deitava no sofá, e escondia os ferimentos para a mãe não ver
-Al, mamãe vai fazer Jambalaya hoje, você gostaria de-Ela derruba a bolsa no chão ao ver o filho cuidando das feridas sozinho
Aquele gordo bêbado do seu pai mal se importava em contar ou ajudar, só sabia beber e dormir
-Oh querido...venha cá, deixe-me dar uma olhada-Ela se aproxima
-Desculpa mamãe...eu não queria ser fraco assim...-O menino ainda soluçava
-Alastor, escute o que a mamãe irá te contar, não é que você seja fraco mas existe forças que nos são impossíveis de alcançar, você não acha que sua mãe queria abrir um grande restaurante no centro? Porém ela nasceu negra, e qualquer oportunidade nos é retirada, você tem que lutar hoje, vai sofrer um pouco mas no futuro, seus netos e bisnetos, viveram em um mundo melhor e diferente deste, daqui...100 anos talvez, processos como esses demoram, mas valerá a pena
-É mesmo mãe?-Ele se acalma
-É mesmo, a mãe não mente
A mãe o leva até a cama e conta uma historinha antes de ele dormir
-A muito tempo atrás, existia um anjo, ele era amado por todos, mas um dia se apaixonou pela mulher do primeiro homem e com ela fez uma revolução, enganou Eva? Foi Banido?-A mulher olhava o livro incrédula
-Porcaria, eu jurava que era um livro cristão! Desculpa, filhote, a mamãe vai ter que passar a história hoje, o cara que estava vendendo me jurou que isto era um livro bíblico!
Ela não havia percebido mas, o menino parecia encantado com a história, no outro dia, ele roubou o livro novamente
-Então esse anjinho pode fazer qualquer coisa? Será que ele me ajudaria com o Brian e aqueles outros valentões?-O menino bufava
Ele guarda o livro e guardou na memória o que pode guardar pois sabia que a mãe queimaria o manuscrito assim que chegasse em casa
Finalmente pegou sua apostila e desceu o caminho até a escola
O dia se repetiu, e bom como sempre ele iria apanhar no final
-Quer dizer que o macaquinho ainda acha legal ficar perto da Lilian? Negro não se mistura com branco! Seu pai é uma vergonha! Um mestiço sujo, é isso que você é! Um erro!
-Mas...isso não significa que a Lilian não pode me amar! Ela pode amar, amor não tem nada haver com características tão fúteis quanto sua raça ou etnia-O moreno garoto grita incrédulo com tamanha ignorância
A garota de cachos douradas e pele clara surge no beco
-Eu jamais me misturaria com gente como você, seu macaco sujo! Você é sujo, e inferior-A garota ria
-Ah...certo então
-Se pelo menos é homem, luta viadinho! Você é o que? Gosta de homens também?-Brian debocha
Lilian sai do beco provavelmente para esperar Brian, namoradinhos de escola
Alastor dá um soco no rosto de Brian
-Macacos mordem, seu verme de neve!
Brian começou a chorar e correu do beco
-Oh..eu achei que teria mais dificuldade, ele no fim era só mais um covarde...-Alastor fala para si, aliviado
-Hora de voltar para casa, será que hoje tem Jambalaya de novo?-O menino estava ansioso, Jambalaya era seu prato favorito
Saindo do beco escuro, ele se depara com uma cena nada incomum na cidade, policiais incurralando um jovem negro, que dessa vez era ele
-Foi ele! Foi ele-Brian segurava rosto após o soco
-Você está encrencado, seu pirralho sujo
Os policiais pegaram Alastor pelos cabelos, e pegaram seus bastões, batendo e chutando o pobre fedelho de apenas 8 anos de idade
A mãe tinha razão, negros não podiam fazer muita coisa
Ninguém veio o socorrer quando era ele quem voltava sujo, machucado e mancando para casa
Mas aquele marica branquelo até ajuda da polícia recebia...
O mundo nunca fora tão injusto...ou talvez sempre fora assim
Racistas de merda...
Aquilo doía a sensação era cortante, as pessoas passavam na rua e nem se importavam, não davam nem um olhar de soslaio, era como se para eles aquilo não existisse...
Levado para a delegacia, parecia que não existiam pessoas, mas sim, somente, olhos, estas orbes que o julgavam até o último pedaço de quem era, mesmo sem saber realmente quem era
Na verdade, já havia a principal definição para o seu ser, para eles, era claro, ele era preto
Preto ladrão, pobre, agressivo...e tudo que há de ruim
O delegado o faz sentar na cadeira, e de novo ele enxergava somente olhos juízes, bem corruptos por sinal
-Vamos lá,você vai ficar preso por 5 dias, se não me provar que, é inocente
-S-senhor, eu só estava me defendendo, todos os dias, Brian me incurrala e me bate! Volto para casa sempre devagar pois sempre manco...minhas feridas sempre são reabertas e nunca podem ser curadas-Alastor diz tudo, a verdade
-Vou ser gentil contigo, não reaja quando um branco te bate e você for preto, mas se for branco e um preto te bater, mate, pise e faça o que bem intender, o mundo funciona assim, pirralho
-Ah...eu sei agora- Ele só não intendia do porque disso
Saindo da delegacia, percorre o centro inteiro com a apostila na mão enquanto o sol ia se pondo, chegaria em casa tarde naquela noite
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Não foi revisado então se tiver algo faltando pode dizer
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Um pacto com o diabo
RandomUm garoto do Brooklyn, Alastor, vivia de forma miserável desde pequeno, sua mãe era preta e tinha um restaurante popular no bairro, o pai era um branco desempregado, que fazia questão de bater na mulher por nada, ele já vivia indignado com sua reali...