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Era madrugada de uma Sexta-feira, gotas de chuva calmas caiam sobre o telhado de meu quarto, me trazendo uma sensação reconfortante da casa da vovó devido ao barulho. Um vento fresco de verão entrava pela janela, o que fez meu corpo todo se arrepiar instantaneamente sobre meus lençóis e cobertores desarrumados sobre a grande cama. Ao abrir os olhos em um gesto preguiçoso, olhei para o relógio digital ao meu lado, 03:50 da manhã, "por que diabos eu acordaria a uma hora dessas?" meus olhos correram arregalados por cada canto do meu quarto escuro com uma pequena iluminação da rua que entrava pela janela e no canto da parede, avisei a silhueta de um homem. Meu coração acelerou, quase saltando para fora do peito, em um gesto de impulso, me virei para o criado mudo feito de madeira onde ficava um abajur e o acendi sem pensar duas vezes, mas quando me virei, ele não estava mais ali. Meus olhos correram pelo quarto mais uma vez, procurando algum sinal de que eu não estava enlouquecendo, levei a mão até a cabeça e baguncei meus cabelos, fechando os olhos com certa força. Respirei fundo e me levantei, indo até a janela, olhei para baixo, era alto demais para alguém conseguir subir até o segundo andar da minha casa, até meu quarto. Eu estava definitivamente enlouquecendo. Revirei os olhos e fechei a janela por precaução, para tentar tirar aquela paranóia da cabeça, senti um nó se formar em minha garganta e o engoli, dando um passo para trás, meu coração ainda estava batendo descompassado, mas voltei para a cama, deixando minha cabeça criar várias teorias antes de apagar novamente em um sono nada profundo. Eu deveria estar lendo livros demais, isso subiu para a minha cabeça.

Los Angeles | 07:00 AM

Não consegui pregar os olhos direito pelo resto da noite, sempre que acordava de madrugada eu nunca conseguia dormir direito. Recentemente, consegui um emprego em um café próximo a minha casa, era um lugar aconchegante, cheio de paz, recebia visitas inesperadas dos meus pais que pediam o mesmo café espresso de sempre apenas para me verem atender. Eu gostava disso, adorava estar na presença deles.

Suspirei irritada e me levantei da cama, definitivamente não seria um bom dia, eu ficava irritada sempre que dormia mal, hoje não seria diferente. Ao me levantar, fui em direção ao banheiro do meu quarto e tomei um banho, após fazer todas as minhas higienes matinais e voltar para o quarto, percebi que estava atrasada. Peguei minhas roupas e me troquei, vestindo uma legging com uma camiseta simples. Arrumei meu cabelo no espelho, peguei minha bolsa, calcei meus sapatos e corri para o andar de baixo, onde inacreditavelmente, mamãe já estava de pé enquanto regava suas plantinhas recém ganhadas de meu pai, seus olhos azuis brilhavam enquanto um sol leve logo pela manhã batia sobre seu rosto tão delicado e enfeitado por suas sardinhas, ela adorava flores, especialmente flores ganhadas dele.
Assim que a vi tão concentrada, diminui meus passos e respirei fundo, abrindo meu melhor sorriso para ela.

— Bom dia, Mamãe — falei animada, pegando uma torrada que ela havia feito da forma que eu gostava.

— Bom dia, Amber — assim que me viu, ela abriu seu melhor sorriso e se virou em minha direção.

— Estou indo para o trabalho — falei, enquanto acenava com a mão e dava uma mordida na torrada.

Mamãe sempre foi uma mulher muito dócil e gentil, eu gostava do jeito que ela tratava suas flores favoritas como se fossem suas filhas, me arrisco em dizer que ela as achava mais bonitas que eu. Quando eu era criança, ela tinha o sonho de abrir uma floricultura e já tentou várias vezes, mas ela sempre acabava desistindo por algum motivo desconhecido por mim.

Assim que sai de casa, andei até meu trabalho que era apenas a umas duas quadras longe, ao chegar, fui recebida por Emma, minha nova colega de trabalho que havia se mudado recentemente para Los Angeles, ela era meu entretenimento ali dentro, sempre arrumava vários motivos para me fazer rir baixinho pelos cantos.

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