"Quando chegar o momento,
esse meu sofrimento,
vou cobrar com juros, juro.
Chico Buarque"
2009, Rio de Janeiro.
ㅡ Gabi, você tem certeza que quer voltar para lá? Você não precisa ficar passando por isso, minha filha! Fique aqui conosco, vamos proteger você e seu filho.
ㅡ Mãe Mariana, eu agradeço o carinho que a senhora tem por mim...mas, não posso deixar o Jimin crescer sem um pai. Ele é muito novo para entender tudo o que se passa.
ㅡ Mas, meu bem... o Rio é sua terra. O que você vai fazer? Manter Jimin afastado dos caminhos dele? Não me diga que vai fazer isso!
ㅡ Não! ㅡ A mulher fungou. ㅡ Só vou esperar ele completar a maioridade, para decidir se quer realmente continuar no barracão. Se quer realmente conhecer os próprios guias.
ㅡ E quanto ao seu marido? Ele já não te permite voltar para o Brasil... quem dirá, trazer o menino para cá.
ㅡ Eu me viro, mãe. ㅡ Ela tocou a bochecha da mais velha, vendo a mesma fungar. As lágrimas começaram a rolar por seu rosto, como uma cachoeira.
ㅡ Você sabe que seu filho nasceu com uma mediunidade aflorada, minha cara... meu medo, é ele não conseguir lidar com isso. Ele é de Iansã, mãe dos ventos...
ㅡ Deixe que o vento o trará até em casa. ㅡ Ela sorriu. ㅡ Agora, eu preciso voltar.
ㅡ Sabe que pode vir até mim sempre que puder, não é?
ㅡ Eu sei disso, agradeço por isso minha mãe. Você e todos desse barracão estarão no meu coração para sem dúvidas. Seojun vai aceitar querendo ou não, que minha vida está em louvar meu sagrado.
ㅡ Que minha mãe oxum lhe guie e lhe dê forças, minha filha! E que seu menino, venha ao nosso encontro no futuro.
ㅡ Ele virá, minha mãe. ㅡ Ela sorriu, indo até a pequena esteira no chão. ㅡ Jimin? Mimi, meu filho... já temos que ir.
ㅡ Mas, já? Eu queria ver as crianças em goma... ㅡ Ele disse tristonho, enquanto esfregava os olhos.
ㅡ O papai está te esperando, não está com saudades dele? ㅡ Observou o garoto assentir, segurando na sua mão. ㅡ Dê tchau para mãe Mariana.
ㅡ Tchau mãe Mariana, sentirei saudades!
ㅡ Eu também vou sentir, meu filho. ㅡ Ela sorriu, sentindo o abraço apertado do mesmo. ㅡ Vão com o grande. ㅡ Um selar foi depositado em ambas testas e logo, Jimin e sua mãe saíram pela porta.
[...]
2019, Rio de Janeiro, atualmente.
ㅡ Park Jimin! ㅡ O homem o sacudia. ㅡ Já disse que a vida não é um morango, garoto! Tu veio lá dos Estados Unidos para fazer corpo mole aqui no Brasil, Fi?
ㅡ Tio? ㅡ O loiro disse desnorteado. ㅡ O que foi dessa vez?
ㅡ Quando eu disse que tu podia ficar aqui em casa, não achei que iria fazer corpo mole. Achei que ia ajudar pelo menos no bar! Mas, nem isso tu tá fazendo. Moleque, moleque, tu te cria!
ㅡ Tio, eu odeio trabalhar no seu bar. Sem ofensas, mas o pessoal de lá é meio... rude.
ㅡ Deixa de meter caô onde não existe, menino! Arrumei um emprego pra ti. Vai ajudar com os preparativos do carnaval.
ㅡ Você o que?! ㅡ Ele sentou na cama, encarando o tio.
ㅡ E-M-P-R-E-G-O. ㅡ Ele soletrou.
ㅡ Eu entendi! Mas, porquê fez isso?
VOCÊ ESTÁ LENDO
No compasso do samba
FanfictionPark Jimin odiava o carnaval. O alvoroço das multidões, o calor sufocante das ruas do Rio de Janeiro e a música estridente que ecoava por toda parte eram o suficiente para testar sua paciência ao limite. Ele preferia a tranquilidade das noites calma...