Vol. I (part 4)

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— Sim, diz-se que o reino inteiro queimou e desapareceu no sonho. Diz-se que um dragão cuspia fogo e queimava tudo. Meu mestre parece pensar que o dragão é o príncipe atual. É por isso que o Sr. Melmond veio desta vez, para transmitir as palavras do meu mestre à família real, certo?

— …..

— Também pedirei que você a transmita. Por favor.

Abel abaixou a cabeça. Melmond olhou para ele com uma expressão perplexa. Ele era inocente ou apenas um tolo.

— Você acredita nas palavras de seu mestre?

— Sim.

— …...

— Desculpe-me. Na verdade, eu o ouvi conversando lá fora mais cedo. O senhor não confia em mim, Sr. Melmond?

— Não é uma questão de confiança ou não! Mas quem acreditaria no que alguém diz com base em um sonho....

Melmond, que estava se emocionando e levantando a voz, acalmou a respiração e franziu a testa.

— Você não tem a capacidade de visão como seu mestre e, ainda assim, insiste nisso com base em um sonho. Quem acreditaria em você?

— Mas não foi só uma vez.

Quando Melmond perguntou novamente, os olhos de Abel se encheram de preocupação.

— Ele tem o mesmo sonho todos os dias. Já faz um mês.

— …..

— O sonho está se tornando cada vez mais vívido e claro. Toda vez que um dragão voa pelo céu com olhos cinzentos, ocorre um grande incêndio e as pessoas ficam presas em um mar de chamas e morrem queimadas. E…

Melmond o interrompeu quando ele hesitou em continuar falando.

— E…?

— Entre essas pessoas, ele também viu você, Melmond. Você estava segurando a mão de uma mulher grávida e de um menino que parecia ter uns dez anos de idade.

Melmond sentiu um estranho calafrio na espinha e não conseguiu responder por um momento. No entanto, ele logo descartou o fato como uma bobagem e soltou uma gargalhada.

— Bem, parece que seu mestre precisa de cuidados. Eu me casei cedo, mas não temos filhos. Mas uma criança de dez anos?

— Eu também não sei. Mas, de acordo com o mestre, a criança se parece com Melmond, e Melmond chamou a criança de “Roy”.

Dessa vez, ele não conseguiu abrir a boca. O nome “Roy” era um nome que eles haviam decidido dar a seu filho há muito tempo. Era um nome que só os dois sabiam, mas, com o passar do tempo e a ausência de um filho, eles o enterraram em suas memórias. Como ele sabia? Foi apenas uma coincidência? Enquanto Melmond permanecia em silêncio, ele mencionou mais uma coisa, como se tivesse se lembrado de algo.

— E você disse que o palácio é o primeiro lugar a queimar, e acrescentou algo estranho.

— Algo estranho?

— Bem, isso…

Abel hesitou por um momento e olhou para o ar.

— Há pessoas no palácio que estavam bebendo uma poção negra enquanto queimavam, e elas estavam rindo como se não pudessem sentir nenhuma dor.

Um calafrio percorreu a espinha de Melmond. Pessoas que riem enquanto seus corpos queimam. Isso não passava de um sonho maluco de uma pessoa doente. Ele tentou ignorar o fato dando motivos a si mesmo, mas o calafrio em seu corpo não foi embora.

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