Eu estava sentada no mesmo lugar de sempre. Depois de caminhar até a Orla, gostava de descansar ali um pouco antes de voltar para casa. Eu olhava para o mar e sentia o frio acalmando e relaxando meu corpo. Mesmo que odiasse o vento destruindo e frisando meu cabelo, valia a pena o sacrifício por aquele momento de paz olhando as estrelas.Escutei um ônibus parando e olhei os passageiros saindo. Foi quando eu vi o familiar cabelo cacheado. Com certeza o corte era recente, mesmo estando longe era perceptível. Ele ainda não tinha me visto, estava de costas para mim, prestes a atravessar a rua. E eu entrei em um conflito interno: falar com ele, fingir que não vi e sair antes que ele me visse, ou esperar ele me ver e decidir se vinha falar comigo.
Durante esses cinco segundos mais longos da minha vida decidindo o que fazer, eu levantei e corri até ele. Segurei o pulso dele e ele se virou, finalmente me vendo. E assim ficamos por um tempo, nos encarando. Fiquei reparando em todos os detalhes do rosto dele, no que havia mudado desde a última vez que nos vimos. Aqueles malditos sleepy eyes que me olhavam como se estivessem tristes eram extremamente lindos. E eu me arrependi de ter ido sem um plano. O que eu deveria falar? Não tínhamos nenhum assunto, e ele provavelmente sequer gostaria de falar comigo. Mas eu queria muito falar com ele, conversar com ele, olhar para ele e sentir a felicidade genuína que eu sempre sentia ao estar com ele.
Não sei se ele ia falar algo ou não, apenas o abracei. E me doeu muito perceber que ele não estava me abraçando de volta; ele continuava segurando a alça daquela maldita shoulder bag. Mas no momento, eu já havia desistido completamente da minha dignidade, e tudo que eu queria era sentir um pouco dele.
"Por favor... Por favor, me abraça..."
Ele não se moveu por uns dois segundos, antes de eu sentir um dos braços dele nas minhas costas. Meus olhos se encheram de água e eu tentei não deixar as lágrimas caírem, mas senti ele me apertar e então eu não aguentei. Deixei meu rosto escondido no pescoço dele enquanto chorava tal qual uma idiota. Percebi que ele ficou preocupado, falou alguma coisa que eu não consegui prestar atenção; eu estava com medo de que, se eu o soltasse, ele fosse embora, e que, se eu olhasse para ele, isso não fosse real.
E então me veio – ai meu Deus, eu estou pagando de louca –, e o soltei. E foi ainda pior, ele também estava com os olhos marejados. Eu quis me bater por aquilo. Segurei o rosto dele, com vontade de colocá-lo em um pote e proteger de qualquer sentimento ruim.
"Não, não, não, não chore. Por favor, me desculpe."
Limpei uma lágrima do rosto dele enquanto pensava em algo para sair daquela situação em que eu coloquei a gente.
"Como não chorar? Você apareceu do nada me abraçando e chorando também, eu estou confuso."
É claro que estava, e eu estava me odiando por ter feito ele passar por isso novamente.
"Eu estou confuso, mas não queria que você tivesse me soltado..."
Meu coração errou uma batida, eu não conseguia resistir a um ser humano tão adorável como ele. O abracei de novo, desta vez com o rosto dele no meu pescoço enquanto fazia carinho no cabelo dele.
"Me perdoa... Desculpa, tá? Tão adorável... Não tem que estar chorando..."
Eu sussurrei para ele enquanto alisava suas costas e o seu cabelo. Sentia ele se acalmar mesmo que o coração estivesse acelerado; bom, o meu estava até pior. Ele não me soltou e olhou para mim, os olhinhos vermelhos e a respiração tentando voltar ao normal. Mais uma vez, eu agi sem pensar e fiz o que eu queria: me aproximei, e ele não se afastou, então eu continuei até que nos beijamos. Foi como sempre foi, emocionante. Meu coração parecia que poderia sair correndo a qualquer instante, e meu corpo vibrava de alegria por aquele contato que tanto senti falta vindo da pessoa que eu mais amei.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Pessoa Que Mais Amei
RomanceEu sussurrei para ele enquanto alisava suas costas e o seu cabelo. Sentia ele se acalmar mesmo que o coração estivesse acelerado. Ele não me soltou e olhou para mim, os olhinhos vermelhos e a respiração tentando voltar ao normal. Mais uma vez, eu a...