Chegou um Áudio

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" Puta que pariu, Mon!" - Yuki exclama me deixando ainda mais nervosa.

"Eu sei!"

Mandei um "tô com saudade" e, no instante seguinte, já me arrependi. Aquelas palavras saíram sem pensar, impulsionadas por uma mistura de nostalgia e álcool. Assim que a mensagem foi enviada, uma onda de incerteza me atingiu. Comecei a questionar se foi a coisa certa a fazer, se iria parecer desesperado ou se estava abrindo um caminho para mais sofrimento.

Imediatamente, tentei apagar a mensagem, mas percebi, para meu desespero, que só consegui apagá-la para mim mesmo. O destinatário já tinha visto, e não havia mais como voltar atrás.

"E agora?" - indaga Yuki

"Não sei." - digo deitando minha cabeça no balcão do bar.

Estava um pouco alterado quando mandei a mensagem, talvez por isso a coragem momentânea de expressar algo que normalmente manteria guardado. O efeito do álcool que tinha me dado aquele impulso audacioso desapareceu quase instantaneamente, como se a realidade tivesse me dado um tapa na cara, me fazendo despertar para a seriedade do que havia feito. Agora, só me restava esperar e lidar com as consequências da minha impulsividade, torcendo para que a reação do outro lado fosse compreensiva e não piorasse ainda mais a situação.

E ela está gravando e desgravando um áudio já faz tempo. Eu vejo a notificação de que ela está digitando, mas, logo em seguida, some. Essa sequência se repete várias vezes, aumentando minha ansiedade a cada ciclo. Fico imaginando o que ela pode estar pensando, quais palavras está tentando escolher, e se está tendo a mesma dificuldade que eu em expressar seus sentimentos.

Esse vai e vem de sinais me deixa inquieto. Cada vez que a notificação aparece e desaparece, meu coração bate mais rápido. Será que ela está confusa, sem saber o que dizer? Ou talvez esteja tentando achar a maneira certa de responder ao meu impulso precipitado? A espera parece uma eternidade e, enquanto isso, meu nervosismo só aumenta.

"Mon..."

"O que foi?"

"Chegou um áudio."

Nem quando andei de avião pela primeira vez tremi tanto assim. Lembro-me bem daquele dia, o coração acelerado, as mãos suadas e a sensação de frio na barriga que só aumentava à medida que o avião ganhava altura. A ansiedade de enfrentar o desconhecido era grande, mas, ainda assim, não se comparava ao que estou sentindo agora. Meu Deus do céu, que sensação ruim.

Nem mesmo quando ouvi um "perdeu" e o ladrão levou o que era meu fiquei tão nervoso assim. Naquele momento, a raiva e a frustração me dominaram, mas ainda havia uma parte de mim que sabia que aquilo era apenas material, algo que poderia ser recuperado ou substituído. A sensação de impotência foi forte, mas passageira, e logo se transformou em uma determinação de seguir em frente.

"Da play." - digo com a voz embargada

"MonMon. Se sente minha falta, volta pra mim."

Essas palavras curtas, mas carregadas de significado, trouxeram à tona uma tempestade de emoções. Senti meu coração acelerar e as mãos tremerem ainda mais. Este pedido de retorno, tão simples e direto, fez com que todos os meus sentimentos, que eu pensava estarem bem guardados, viessem à tona, deixando-me completamente à mercê dessa onda avassaladora de emoções.

"O que vai responder?" - pergunta Yuki

Respirando fundo, ergo minha cabeça do balcão. Tomo o que resta de minha bebida antes de pegar o celular, com minhas mãos ainda trêmulas, e fazer uma ligação

O número chama por duas vezes antes do receptor atender.

"Mon." - diz em uma voz doce que sempre foi reservada para mim

"Sinto sua falta."

"Então volta pra mim." - diz novamente

"Khun Sam..."

"Sinto tanto sua falta, teerak."

"Onde você está agora?" - pergunto me levantando do banco, pronta para ir até onde ela estivesse.

"Em casa."

"Estou a caminho, okay."

"Te vejo em breve, Mon." - diz e desliga

"Yuki, eu preciso de um Uber."

"Tem certeza?"

"Eu tenho o amor da minha vida pra reconquistar." - digo acenando com a cabeça.

"E uma missão e tanto." - diz Yuki

"Talvez. Mas ela vale a pena.

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⏰ Última atualização: Jun 12 ⏰

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