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Os dias passam rápido quando são melhores que os ruins. Mas quando são ruins, demoram uma eternidade...

Minha vida gira em torno da minha própria mente. Eu vivo pensando em coisas aleatórias para não surtar, saio pra lugares silenciosos e bonitos todas as noites, na esperança de uma cura para as minhas feridas abertas.

Sou o Tae, Kim Taehyung. Faço faculdade de música e meus instrumentos favoritos são o violão e o piano. Sou um garoto legal, eu acho, mas nem todos acham isso. Eu meio que sofro bullying e não posso falar nada, sou ameaçado quase todos os dias da minha vida.

Sai de casa com 12 anos, após brigar com meus tios por terem insultado meus pais falecidos. Moro sozinho à sete anos e faço faculdade à três meses, iniciou-se recentemente o segundo semestre.

Nesse momento estou dentro da sala de aula, afinando as cordas do meu violão, enquanto os outros alunos ainda estão chegando. Ouço risadas conhecidas no corredor e sou rápido em esconder meu violão para ele não ser maltratado. Me encolho na cadeira ao reconhecer os rostos presentes, eles vem em minha direção.

– Olha só galera, quem está aqui tão cedo hoje! – exclamou jackson, enquanto bagunçava meus cabelos e tirava deles o penteado fofo que eu havia feito pela manhã. – Trouxe o que eu mandei?

Assenti, tirando da bolsa cinco mil wons, entregando pra ele.

– Bom trabalho, otário! – me empurrou pelo ombro, vendo que eu tinha algo entre as mãos. – Que isso?

Ele tirou o papel a força de minhas mãos, vendo a pequena foto dos meus pais. Era velha, mas ainda sim radiante. Ele riu e negou com a cabeça, antes de rasgar e jogar em mim. Lágrimas grosseiras caíram de meus olhos e ainda me forcei a catar os pedacinhos de papel e juntá-los.

Jackson saiu com seus amigos da sala, enquanto algumas pessoas olhavam pra mim de forma curiosa. Apertei os pequenos papéis no meu peito, fechando os olhos com força enquanto notava a sala se encher mais.

– Hoseok! Você vai ser da nossa sala agora? – perguntou uma menina de cabelos ruivos, perseguindo um garoto alto que se sentava próximo à mim.

– Vou, pedi pra trocar de sala. Tem uns moleques insuportáveis lá, decidi mudar – falou. Sua voz era grossa e ele parecia ser alguém bem mais maduro que eu. – Aqui parece ser mais tranquilo.

– Ah, você que pensa! Olha... – a menina descaradamente apontou o dedo para mim, me fazendo ter um susto e ser rápido em virar o rosto, me sentindo patético por ainda estar chorando.

Ela está comentando sobre mim.

Enxugo minhas lágrimas rapidamente, arrumando meu cabelo novamente. Escuto passos e fico levemente desespero, mas ao olhar pra frente percebo o novato da sala parado à minha frente.

– Oi! Tá tudo bem? – perguntou, abaixando um pouco o rosto pra poder me fitar. Meus olhos estão levemente saltados, pareço um tolo agora. – Você é fofo. Está chorando?

– S-sim – guaguejei, não sabendo bem para qual das perguntas eu respondi sim. – E-eu...

– O que é isso na sua mão? Rasgaram um papel seu? É por isso que está chorando? – perguntou vezes seguidas, se abaixando perto de mim.

– É... era uma foto dos meus pais – falei, comprimindo meus lábios novamente, evitando de chorar mais.

– Poxa... quem fez isso? Eu posso ajudar você a emendar! – falou sorrindo sem mostrar os dentes, pegando o papel rasgado da minha mão – Ainda dá pra fazer isso, olha só, não está totalmente rasgado!

Percebi alguns olhares dos outros em cima de nós dois e tive medo, tive receio. Apenas concordei com a cabeça e fiz ele querer pedir espaço na minha própria cadeira para sentar perto de mim.

Ele pediu a mochila para a garota ruiva e pegou uma fita transparente na bolsa, ajeitando todos os papéis pequeninos nas partes corretas, remendando.

Ele passou a fita por todos eles, passou duas camadas e quando viu que estava bom, sorriu com o sucesso do próprio trabalho e me entregou.

– Aqui – peguei de volta, sorrindo que nem um idiota pelo o que ele fez por mim. – Tome cuidado com suas coisas pessoais, ninguém nunca entende o quanto de valor emocional que colocamos. Afinal, qual seu nome?

– Obrigado, de verdade... – falei meio sem jeito, olhando pra ele. – Sou Taehyung.

– Estou a disposição, Taehyung. Sou Hoseok, pode me chamar de hobi! – sorri com tamanha gentileza, assentindo. – Posso sentar do seu lado? Ou tem alguém aqui?

– Pode sentar, não tem ninguém – sorri pra ele, vendo-o sentar-se ao meu lado, sentindo meu coração esquentar.

Eu fiz um amigo.

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