𝟎𝟓

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"Entre muitas outras coisas, tu eras para mim uma janela através da qual podia ver as ruas. Sozinho não o podia fazer."
Franz Kafka

Skyler

MEU CORPO TODO DOÍA, e eu não sabia o por quê. Ontem a noite havia sido esquisito, não sei explicar, era como se algo me levasse até a reserva. Meu pai diz que não posso ir até lá por conta dos lobos, que eles podem não me entender e acabar me atacando.

Mas ontem a noite, eu havia visto um lobo. Eu sei sobre os quileutes, e imaginei que ele também fosse um por conta de seu tamanho gigantesco e seu cheiro. Por sinal, que cheiro horrível. Será que eu fedo tanto quanto ele?

Fui até o banheiro e lavei meu rosto, eu estava acabada nesses últimos meses, devia ser por conta das luas cheias e minha força se intensificando.

Aquele lobo cinza com manchas pretas estava em minha mente desde que cheguei em casa. Eu adormeci pensando nele.

Desci as escadas e dei de cara com papai, ele estava com um semblante franzido enquanto trancava a porta da frente.

"Bom dia, pai." Disse, indo em direção aos armários e apanhando meu cereal de chocolate. "Chegou agora?"

"Bom dia, filha." Papai estava apoiado no balcão enquanto me observava. "Posso te perguntar uma coisa?"

"Depende. Eu não irei te dizer onde escondi a sua carteira." Ele me encarou indignado. "Tá legal! Eu admito que já dei zerin e cavalo de pau com o seu carro."

"O que?"

"E que quando você me perguntou o que havia acontecido com os pneus, eu respondi que não havia trocado e estavam carecas a muito tempo." Expliquei, abrindo a geladeira e pegando a caixa de leite.

O mais velho me encarava com um semblante sério, acho que se pudesse, teria infartado de raiva. Mas papai sempre foi calmo. Ou era.

O mais velho não sabia se eu estava sendo sarcástica ou falando realmente sério.

"Não era isso que você queria saber, né?" Papai acenou em negação, bufei pela minha burrice. "Agora é a hora que eu digo: pegadinha!"

"Depois a gente conversa sobre isso, Sky." Papai murmurou. "É algo que eu já conversei com você antes."

"Merda." Dei uma colherada no cereal de chocolate e rapidamente o coloquei em minha boca. "Por que você tá nesse chove e não molha, então?"

"Quer que eu seja direto?" Assenti. "Tudo bem. Você foi na reserva ontem a noite, não foi?"

Parei de mastigar quase que instantaneamente, senti o cereal descer rasgando pela minha garganta. Não demonstrei estar quase morrendo engasgada por um maldito cereal, continuei com minha cara de bosta. Calma aí, filhão! Puta que pariu.

"Uhum." Murmuro, ele não parecia surpreso. "Eu sei que você não gosta que eu vá até lá por motivos de segurança. Mas eu sempre entro e saio sem ser notada, sou quase uma ninja."

"Ninja né?" Ele debochou, franzi o cenho. Meu pai debochando de mim? "Então, ôh Ninja! Acho que você foi pega."

"Por que?"

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⏰ Última atualização: 5 days ago ⏰

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𝐓𝐄𝐑𝐑𝐈𝐅𝐈𝐄𝐃 | 𝐄𝐦𝐛𝐫𝐲 𝐂𝐚𝐥𝐥Onde histórias criam vida. Descubra agora