Há 50 anos atrás, o mundo estava mergulhado em caos e desespero. Guerras assolavam várias regiões, enquanto uma pandemia letal, conhecida como "A Praga Cinzenta", varria o globo.
Essa doença, altamente contagiosa e fatal, dizimava populações inteiras, deixando apenas desolação em seu caminho. Em meio à devastação, governos desesperados e corporações poderosas uniram forças em um último esforço para salvar a humanidade.
Laboratórios secretos foram estabelecidos, onde experimentos genéticos radicais foram conduzidos. Homens e mulheres, desesperados por uma solução, se ofereceram como voluntários dispostos a suportar qualquer dor na esperança de encontrar uma cura.
Os voluntários foram conduzidos aos laboratórios sob a promessa de que estavam contribuindo para o bem da humanidade. A esperança de um futuro melhor os havia levado a aceitar a jornada, sem imaginar as profundezas da desumanidade que os aguardava.
Uma vez dentro das instalações, foram recebidos com uma frieza assustadora. Os cientistas, imersos em seus próprios mundos de pesquisa e ambição, tratavam-nos como simples cobaias, descartando qualquer vestígio de dignidade ou humanidade.
Os experimentos eram horrendos: seringas, máquinas e equipamentos desconhecidos preenchiam as salas de testes, cada um projetado para extrair dados sobre manipulação genética.
Os voluntários eram submetidos a procedimentos dolorosos e invasivos, que iam desde injeções de substâncias desconhecidas até cirurgias de alteração genética sem qualquer anestesia adequada.
Cada teste era uma batalha contra a dor, um teste de resistência física e psicológica. Os cientistas, muitas vezes impassíveis, registravam os resultados com uma precisão clínica, sem mostrar qualquer sinal de empatia.
Observavam-nos através de vidros espessos, como se estivessem estudando ratos em um laboratório, anotando cada reação, cada batimento cardíaco acelerado. As horas se arrastavam em silêncio, interrompidas apenas pelo som das máquinas e pelos gritos abafados dos voluntários, que se tornavam um coro de sofrimento incessante.
À medida que os dias se transformavam em semanas, e as semanas em meses e meses e anos, os resultados dos experimentos eram, na maioria das vezes, desastrosos os voluntários, desgastados e marcados pela dor, viam seus corpos e mentes se deteriorem aos poucos, alguns sucumbindo aos efeitos colaterais das substâncias administradas, outros enfrentavam a falência multipla de órgãos e colapsos nervosos.
Cada tentativa de avanço científico parecia mais um passo em direção à destruição, um preço cruel a ser pago pela esperança de uma cura que, no entanto, permanecia distante ou mesmo ilusória.
Presente
Vinte anos depois, Joanne, uma jovem de 18 anos tentando fugir da fome e da violência que assolavam sua cidade, encontrou-se desesperada o suficiente para se oferecer como voluntária em uma das instalações. Mal sabia ela o que a esperava dentro daquelas paredes, e sua surpresa ao descobrir foi tão avassaladora que desejou poder voltar no tempo.
No entanto, mesmo diante das adversidades, Joanne se destacava não apenas pela coragem, mas também pela determinação e compaixão que carregava consigo. Durante os longos dias e noites nas instalações, conheceu David, um soldado cuja bravura e gentileza a cativaram profundamente.
Inicialmente ali para proteger os cientistas, David encontrou em Joanne uma razão adicional para continuar lutando. Entre os corredores sombrios e os laboratórios frios, Joanne e David desenvolveram um vínculo especial, compartilhando momentos de silêncio tenso e conversas fugazes nos intervalos dos experimentos dolorosos.
Cada olhar trocado era um elo silencioso entre eles, uma conexão que crescia apesar das circunstâncias desesperadoras que os cercavam.
As experiências vividas dentro daqueles muros de aço e concreto eram como uma provação contínua, um teste de resistência não apenas física, mas também emocional. Joanne testemunhou horrores que desafiavam sua sanidade, experimentos que ultrapassaram os limites da ética e da humananidade.
No entanto, em meio ao caos e ao desespero, a presença de David se tornou um farol de esperança em um mar de angústia e desespero. Foi durante uma noite de vigília compartilhada, abraçados com os corpos nus e emaranhados, enquanto observavam as estrelas através da pequena janela do dormitório, que Joanne finalmente encontrou coragem para falar sobre seus temores mais profundos.
"David, você já parou para pensar em como tudo isso começou? Como acabamos aqui, neste lugar horrível?", questionou Joanne, olhando para ele com seriedade.
“Às vezes, eu tento não pensar nisso. Mas você... você é diferente, Joanne. Você é forte", respondeu David, colocando a mão sobre a dela.
Joanne suspirou antes de dizer, "Eu não me sinto forte. Sinto como se estivesse presa em um pesadelo sem fim."
David então consolou-a, "Você não está sozinha. Estamos juntos nisso."
"E se não houver saída, David? E se este for o nosso destino?", indagou Joanne, olhando profundamente nos olhos dele.
"Então, nós vamos enfrentá-lo juntos. E vamos encontrar uma maneira de sair daqui. Eu prometo", afirmou David com determinação.
Joanne sorriu levemente e respondeu, "Obrigada, David. Sua promessa me dá esperança."
Eles encontraram refúgio um no outro, compartilhando momentos de ternura e esperança em meio ao caos que os cercava. Suas conversas eram recheadas de sonhos de um futuro melhor, longe dos horrores da guerra e da doença.
Tempos depois
David entrou furtivamente na sala de confinamento, o coração batendo acelerado. Joanne estava deitada em uma cama, presa a um monitor médico.
Seus olhos se iluminaram ao vê-lo, embora estivesse visivelmente exausta.
"David, eu vim assim que pude," ele sussurrou, mantendo-se atento aos sons ao redor.
Joanne tentou se erguer, mas as amarras e a fraqueza a impediam. "David... Eu acho que estou grávida," disse, a voz tremendo de alívio e medo.
David ficou surpreso, a notícia o atingindo como um golpe. "Grávida? Joanne, você tem certeza?"
Ela assentiu, lágrimas brotando nos olhos. "Sim, algumas semanas. Eu... eu sinto os sinais. Mas se eles descobrirem..."
David sentiu uma onda de esperança misturada com desespero. "Precisamos ser cuidadosos. Eles não podem saber sobre isso. Precisamos sair daqui antes que percebam."
Joanne agarrou a mão dele, buscando conforto. "
David, eu também estou com medo. E se o bebê... e se algo acontecer com ele?"
David olhou profundamente nos olhos dela, determinado. "Eu não vou deixar que nada aconteça com você ou com nosso bebê. Vou encontrar um jeito. Você precisa aguentar só mais um pouco."
Antes que ele pudesse continuar, Joanne disse com urgência na voz, "
David... Eles fizeram uma ultrassonografia, testes de sangue... descobriram que o bebê está modificado. Eles acham que é a chave para a cura e estão começando a realizar procedimentos de fertilização in vitro em outras mulheres."
"Isso é loucura," David disse, olhando ao redor, em pânico. "Eles vão usá-la como uma cobaia até o fim."
Joanne apertou a mão dele, tentando segurar as lágrimas. "David, eles me confinaram. Estão me mantendo sob monitoramento constante. Mal posso me mover sem que eles saibam."
David sentiu uma onda de raiva e desespero. "Isso não pode continuar. Precisamos encontrar uma maneira de sair daqui, todos nós."
"Mas como? Eles estão em todos os lugares. E o bebê... e se algo acontecer com ele?" Joanne perguntou, desesperada.
David olhou profundamente nos olhos dela, determinado. "Eu não vou deixar que nada aconteça com você ou com nosso bebê. Vou encontrar um jeito. Você precisa aguentar só mais um pouco."
Joanne sussurrou, a voz frágil e cheia de esperança. "Prometa-me, David. Prometa que vai nos tirar daqui."
Ele segurou a mão dela firmemente. "Eu prometo. Eu vou encontrar uma maneira. Confie em mim."
O som de passos se aproximando fez David olhar nervosamente para a porta.
Joanne apertou a mão dele com urgência. "Vai, antes que te peguem. Não podemos arriscar."
David inclinou-se e beijou rapidamente a testa dela. "Eu voltarei para você. Fique forte."
Com uma última troca de olhares, David saiu furtivamente pela porta, deixando Joanne com lágrimas nos olhos. A porta se fechou com um clique mecânico, selando momentaneamente o destino deles.
Lentamente, o confinamento de Joanne se transformou em uma experiência sufocante e claustrofóbica. Os cientistas, uma vez dedicados à busca por avanços científicos, perderam gradualmente seu senso de ética e humanidade. Sob o pretexto de "monitorar" sua gestação, Joanne foi colocada em uma sala estéril, onde câmeras e monitores acompanhavam cada movimento e batimento cardíaco do feto que carregava.
O ambiente era impessoal e intimidador. Joanne se sentia como uma cobaia em um experimento sem fim, onde sua privacidade foi completamente violada. A presença constante das câmeras e o constante zumbido dos monitores criavam uma sensação de vigilância opressiva. Ela era observada mesmo nos momentos mais íntimos, quando tentava se conectar emocionalmente com a vida que crescia dentro dela.
As visitas de David se tornaram escassas e limitadas. A distância imposta pelos cientistas, sob o pretexto de proteger o "experimento", deixava Joanne cada vez mais isolada e dependente de suas próprias forças.
A única certeza que Joanne tinha era que precisava proteger seu filho, mesmo que isso significasse suportar as condições desumanas impostas pelos cientistas.
Enquanto isso, os procedimentos de fertilização in vitro continuavam com as outras voluntárias, cada uma enfrentando seu próprio pesadelo sob os olhos implacáveis dos cientistas. Cada gestação se transformou em um teste angustiante de resistência física e emocional, com os cientistas cada vez mais dispostos a sacrificar valores éticos em nome do progresso científico.
Para Joanne, o confinamento não era apenas físico, mas também mental e emocional. Ela lutava diariamente para manter a esperança viva, imaginando um futuro onde ela e seu filho poderiam finalmente escapar das garras dos cientistas e encontrar um lugar de segurança e paz.
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Sangue e Fúria: A Ascensão dos Híbridos
AléatoireEm um futuro devastado por pandemias e guerras, a humanidade está à beira da extinção. A esperança renasce com os híbridos, seres criados pela fusão de genes humanos e animais poderosos. Joanne, uma das primeiras voluntárias, relembra a dor nas inst...