A mudança

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Como eu vim parar aqui mesmo? Ah é, já me lembrei: Há duas semanas atrás minha mãe decidiu que seria um ótimo dia pra estragar minha vida e me tirar do lugar onde eu nasci, cresci e vivi todo esse tempo, além de me afastar dos meus amigos, que por sinal, eram os únicos que eu tinha. E você sabe como ela fez isso? Bom, isso é bem simples de explicar e responder na verdade, nós vamos simplesmente nos mudar para uma aldeia em que o resto da minha família mora, que fica no C* do mundo!
Agora aqui no trem eu observo a paisagem inexistente de varias árvores todas iguais e mais e mais árvores pela janela, ao som de uma playlist do meu falecido pai que veio de outra realidade, enquanto sou rigorosamente observada por homens de preto que servem para "ficar de olho em mim" (coisa que eles nunca conseguem fazer porque sou bem mais rápida, habilidosa e ágil que eles... e mais esperta e inteligente também, então sempre consigo escapar) e me "proteger" de possíveis "perigos", ou seja, assassinos que a qualquer momento podem sequestrar a filha da pessoa mais importante da história que foi responsável por salvar o mundo (vulgo minha querida e adorada mãe) para usar de refem. É, eu sei o que você deve está pensando, minha família é bemmmm digamos... complicada, para não falar estranha e esquisita.
Não vou dizer que está sendo horrivel ficar aqui nesse trem, por que tirando a traição materna de me tirar de tudo o que eu mais amo nesse mundo e o desconforto de ser encarada desde que saímos de minha aldeia, a viajem não têm sido tão péssima quanto o que eu imaginava, me perguntam se quero comer ou beber algo de dez em dez minutos e pra tentar me consolar minha mãe me avisou que até a nossa casa nova ficar pronta; para eu não dormir no chão em volta de punhados e montes de poeira da obra, eu vou poder ficar na casa dos meus primos: Beijamin e sua irmã caçula Marcha, do meu tio Natlan e da esposa dele, Samanta, mas não lembro muito bem dela; eles são as únicas pessoas de lá que eu conheço, e manti um contato "razoável" com meu primo, Beijamin, alguém com quem me dava muito bem quando pequena; apesar de que faz algum tempo que não nos vemos pessoalmente, trocamos algumas cartas ao longo do tempo; o que sinceramente foi aliviante, porque eu já sábia que a nossa casa ainda não havia estado pronta e eu não queria ficar ospedada em alguma pousada ou algo do tipo, além de que vai ser legal me readaptar com minha família, será que aquele lugar mudou muito?
Além de ficar no tédio encarando o nada, eu também conversei com meus amigos por mensagem no nosso grupo, acho que... eles vão ser o que eu mais vou sentir falta daquele lugar, aliás... eu vou sentir falta de cada cantinho daquele lugar... minha casa... um dos lugares que eu mais passei tempo com meu pai... queria que ele ainda estivesse aqui... comigo... por que... se estivesse... seria tudo melhor... e... bem mais fácil também.
Mas não vamos ficar em depre agora, vou ter muitos mais problemas depois de chegar na aldeia, se for pra ficar chateada, que seja tudo de uma vez só! Né? Bom, muito prazer caro expectador, acho que você não consegue me ver... certo? Bom, eu tenho cabelos longos, lisos com algumas ondas e lindos fios azuis que puxei do meu falecido pai; pele clara e lindos olhos azuis que minha mãe dizia lembrar as ondas do mar ou os segredos do oceano profundo, acho que dá pra considerar isso um elogio... certo? Bem, Sou magra e meio alta pra minha idade, tenho 12 anos, vou fazer 13 em Fevereiro, mais especificamente dia 25, no ano que vem, nem está tão longe, falta só 1, 2... 6 meses... É, não tá tão perto quanto eu imagina, afinal, ainda estamos em Agosto, mas... deve passar rapido e...

- Celinaaa, Celina! Alôoo, Eiii, meu amor! Responda - Pediu Cecília estalando os dedos na frente do rosto de sua querida filha que estava no mundo da lua, mais uma vez.
- Ah oie, mãe, desculpa aí, tava meio destraída, pode falar - Respondeu Celina
- Meio? É, que você tava destraida eu percebi... Mas... Bem, continuando, não fique chateada por conta da mudança imediata, eu sei que é difícil se soltar de suas raízes, mas eu prometo que no período que ficarmos por lá, você poderá visitar seus amigos o maximo de vezes possiveis e que passar um tempo com o resto da nossa família, além de conhecer pessoas novas, vai lhi fazer bem.

- Hm, se você tá dizendo, mãe...

Olha, se eu parar para pensar os lados positivos, faz bastante tempo que não vejo a tia Ramona, uma pessoa de quem eu sou muito apegada; a irmã mais velha de minha mãe; a última vez que a vi foi quando ela e seu marido vieram me visitar no meio do ano passado, não lembro se desta vez os filhos deles vieram juntos, mas não importa! Tô doidinha pra ver ela! Que saudades! E o bom, é que a tia Bianca vai com a gente pra lá, aposto que ela também está com saudades do Tio Natlan e da Ramona, seus irmãos mais velhos; Bianca, passou a morar na mesma cidade em que eu e a mamãe desde que ela terminou com o namorado... longa história; mas a dica que ela me deu é pra irmos sem expectativas, nem boas, nem ruins... acho que terei que seguir essa dica... quer dizer, deve ser o melhor a se fazer... né?
Mamãe está ansiosa para ver seu irmão mais novo; o tio Natlan e sua irmã mais velha, a Ramona; diferente mente de mim e da Tia Bianca, eu estou meio animada e meio angustiada, já que não conheço quase ninguém de lá, ou se conheço, pelo menos não que me lembre e a parte da animação... bom, acho que é principalmente porque foi onde meu avô Michel nasceu, apesar de eu nunca ter o conhecido pois ele morreu quando minha mãe tinha apenas 4 ou 6 anos... algo assim, enfim, sei que ela era bem nova, mas mesmo assim, sempre ouvi incríveis histórias sobre ele, alguém que foi um grande herói e se sacrificou por sua aldeia; já a tua Bianca tá bem nervosa, eu acho, ela deve estar assim porque não quer encontrar o namorado, aliás... o EX- dela, né.

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