(01)

515 47 8
                                    

(Any)

A minha avó acabou de falecer, eu estou arrasada, poxa, era a minha vózinha. Ela que me criou, que me educou e me fez ser quem eu sou hoje.

É claro que algumas coisas que eu faço ela não tem nada haver com a história, mas tudo de bom na minha vida, foi ela quem me proporcionou, e agora ela se foi.

Eu ainda estou aqui no hospital, estou me sentindo completamente perdida. Sina está aqui comigo, ela está arrasada também.

Sina é minha melhor amiga, a conheci quando minha mãe me abandonou aqui na cidade com a minha vó, cai na mesma sala que a dela no 4º ano, desde então nunca mais desgrudamos.

Os pais da Sina não ligam muito para ela, na verdade, eles nem lembram que ela existe, a mãe dela só vive pelo trabalho, e o pai só sabe beber e apostar jogo no bar.

A mãe dela a culpa por ter estragado o "lindo corpinho dela", e por isso o senhor Oscar começou a trair ela, por que tinha ficado feia devido a gravidez.

Any sofria muito quando era criança, todas essas acusações da mãe dela a machucavam demais, e como era uma criança não sabia se defender. Mas hoje ela não dá tanta importância a isso, até porque faz 8 meses que ela está morando comigo.

Minha avó criou a Sina como uma neta, sempre apoiou a nossa amizade, e sempre dava uma palavra de conforto para ela.

(Sina)

Chegamos em casa, agora são exatamente 7 horas da manhã, recebemos a notícia por volta das 4 horas. Conseguimos resolver tudo sobre o velório que acontecerá ainda hoje às 15 horas.

Any está no quarto dela, provavelmente chorando até não aguentar mais. Eu pensei em ficar no quarto com ela, mas sei que ela não gosta de chorar perto de ninguém.

Meu celular acabou de vibrar. Não faço a mínima ideia de quem seja. Meu whatsapp é mais parado do que um poste. A única pessoa que me manda mensagem é a Any.

Olho para o celular e não acredito em quem me mandou mensagem. O Sílvio, pai da Any.

O que esse cara tá querendo?

Oi, Sina.
A Any está com você?
Mandei mensagem para ela, mas ela não me responde.
Pode pedir para ela me responder, por favor.
Obrigado!

Vou avisar a Any, por mais que a relação dela com o pai não seja das melhores, ele ainda é o pai dela.

Bato na porta do quarto e a chamo

Eu- Any, posso entrar? (sei que ela tá acordada)

Any- Pode sim. (ela me responde)

Abro a porta e vejo que ela está deitada no meio da cama, parecendo um feto. Me aproximo dela e vejo os olhinhos vermelhos e inchados de tanto chorar, me sento na cama e puxo ela para perto de mim.

Eu- Seu pai me mandou mensagem, ele quer falar com você, disse que te mandou mensagem mas você não respondeu. (digo enquanto faço carinho nela)

Any- Não quero falar com ele. (ela diz em um tom sério)

Eu- Bom, é uma escolha sua. Mas se ele me encher o saco por causa disso, eu vou xingar ele todinho. (ela sorri com o que acabo de falar)

Any- Acho que vou esperar você xingar ele para eu responder. (ela fala debochando)

Eu- Odeio quando você não liga para as minhas ameaças. (ela se senta na cama e olha para mim)

Any- Acha mesmo que você teria coragem de xingar o dono do Alemão? (ela fala dando um sorriso debochado)

Eu- Talvez... Ok, eu não teria. Eu amo a minha vida.

Imagina eu xingando o dono do Complexo do Alemão. Por mais que ele seja pai da Any, ele não pensaria duas vezes em me dar um tiro.

Fiquei com a Any aqui no quarto, depois de tirar uns sorrisos dela com minhas palhaçadas, ela deitou na cama e dormiu. Fico mais aliviada por ela ter conseguido descansar, o dia ainda vai ser longo.

_____

Autora da obra oficial: __brunaholy

Meu AbrigoOnde histórias criam vida. Descubra agora