(Any)
Vim com a Any na pracinha, estamos tomando sorvete enquanto observamos algumas crianças brincando de peteca.
Sina- Até que é legal aqui. (Sina diz olhando ao redor do lugar)
Eu- É, nada mal. (mordo a casquinha do meu sorvete)
Apesar de ainda não ter tido um momento só com meu pai, estou feliz de estar aqui. Espero que nosso relacionamento de pai e filha possa melhorar.
Termino meu sorvete e continuo observando o local junto com a Sina até que uma voz familiar chega aos meus ouvidos e faz o meu corpo todo tremer de pavor.
Careca- Ora, ora se não é a Gabyzinha. (olho para o lado e vejo o velho se aproximando)
Mas que droga. Não consigo responder ele, meu corpo simplesmente paralisou.
Sina- O que você faz aqui? (Sina pergunta para o homem)
Careca- Eu moro aqui querida. (ele sorri maliciosamente para Sina) E vocês, o que estão fazendo aqui? (ele me olha de cima em baixo)
Eu- Vamos morar aqui agora. (digo o encarando)
Careca- Mas que maravilha, podíamos sair para comemorar a chegada de vocês. (ele lambe os lábios dele)
Eu- É melhor você sair daqui...
Careca- Porque Gabyzinha? Achei que iria ficar feliz em ver o coroa aqui. (ele se aproxima e encosta a mão no meu rosto)
Não consigo reagir, meu corpo paralisa novamente e meus olhos enchem de lágrimas.
Sina- Larga ela seu otario. (Sina bate no braço dele e me puxa para sair dali)
Puta merda, eu sou uma idiota. Nem conseguir reagir, ainda bem que a Sina estava comigo.
(Sina)
Voltei para casa junto a Any, e minha amiga foi correndo para o quarto. Sei que agora ela deve estar chorando, então não vou atrapalhar ela, ela não gosta de chorar na frente dos outros.
Mas eu estou com tanto ódio! Aquele babaca tinha que se aproximar? Tinha que falar? Tinha que tocar nela?
Vagabundo!
Vou até a cozinha pegar um pouco de água para me acalmar, e vou levar para a Any também. Se aquele cara aparecer de novo eu vou falar com o Silvio, ele é o dono do morro, vai dar conta do recado.
Quando viro para trás me assusto com o Tróia entrando na cozinha, e acho que ele se assustou também.
Eu- Ai cara, que susto. (digo colocando a mão no coração)
Tróia- Você que me assustou, sua assombração. (ele me encara bem zangado)
Eu- Assombração? Você não falou isso. (olho furiosa para ele)
Tróia- Você do nada me aparece parada na cozinha, como não vou me assustar? (ele se aproxima de mim)
Eu- Você que entrou todo calado aí, nem ouvi a porta abrir. (falo enquanto fecho a garrafa de água)
Tróia- Não ouviu? (ele me olha com dúvida) Como não ouviu? Eu derrubei sem querer a porcaria do vaso de plantas em cima da mesa. (ele continua me encarando)
Derrubou o vaso de plantas em cima da mesa? Como ele fez isso?
Eu- Eu estava distraída. (dou de ombros) Mas como você derrubou o vaso de plantas? (olho para ele esperando uma resposta)
Tróia- Eu estava olhando meu celular, não percebi que tava me aproximando da mesa. (ele abaixa a cabeça meio envergonhado)
Não é possível, sou obrigada a rir né.
Eu- Cara, você é muito tapado. (digo ainda rindo) Se fosse uma cobra com certeza tinha te picado.
Tróia- Não fode garota. (ele abre a geladeira e pega a garrafa de água)
Eu- Bom, eu tenho que subir, preciso ver como a Any está. (falo saindo da cozinha mas paro quando Tróia me pergunta)
Tróia- A Any está doente? (viro para ele e respondo)
Eu- Não, só um cara que encontramos hoje que não víamos a muito tempo, chegou até nós e nos incomodou. (me aproximo do balcão lembrando que ia esquecendo meu celular no mesmo)
Não consigo ficar longe do meu celular.
Tróia Um cara incomodou vocês? Quem foi? (Tróia me olha preocupado)
Eu- O nome dele é Ronaldo, mas muitos o conhecem por Careca. (observo o rosto do Tróia ficar sério)
Tróia- Ele fez alguma coisa com vocês? Como o conhecem? (ele se senta na banqueta do balcão)
Eu- Ele não fez nada com a gente. Não hoje, e nunca comigo. (não deveria contar, mas o Tróia é nosso amigo) Quando a Any tinha 9 anos, a mãe dela já tinha a deixado com a avó, Any ia pra escola sozinha, nós ainda não éramos muito próximas. Um dia Any estava indo para a escola e o Careca parou ela na rua, ele "conversou" com ela e a agarrou a levando para um beco que tinha ali perto. (respiro fundo e continuo contando) não tinha ninguém na rua, apenas eu, eu fui a única que vi tudo. Infelizmente não consegui impedir dele fazer alguma coisa com ela, ele foi muito rápido. (meus olhos enchem de lágrimas ao lembrar da cena) Eu corri até a casa da vó dela e contei tudo. Dona Jeny saiu o mais rápido possível de casa, eu fui até a casa dos meus pais e contei para eles, meu pai correu atrás da Dona Jeny, mas quando chegamos no beco... (as lágrimas rolam sobre meu rosto) Ele não tava mais, só estava a minha amiga sem nenhuma roupa no corpo. Ela estava chorando muito, e eu me senti um pouco culpada por não ter corrido antes.
Tróia se levanta da banqueta e se aproxima de mim, me dando um abraço.
Tróia- Eu sinto muito, por vocês duas. (ele aperta mais o abraço) O Comandante sabe disso? (ele me solta e olha nos meus olhos)
Eu- Não, nunca contamos para ninguém, os únicos que sabem são meus pais, eu e a avó da Any. (Tróia fica com os olhos cheios de ódio)
Tróia- Eu vou atrás desse cara, vou matar ele. (ele se afasta de mim e guarda a garrafa de água na geladeira)
Até que não seria uma má idéia...
Eu- Você vai contar para o Silvio? Não sei se Any gostaria que ele soubesse. (é um assunto delicado, acho que se fosse para ele saber era bom ela mesmo contar)
Tróia- Não, não vou contar. Acho que isso só cabe a ela. (realmente, cabe só a ela contar)
Eu- Mas não vai fazer coisas precipitadas, pode ser perigoso. (digo encarando o Tróia nos olhos)
Tróia- Relaxa gatinha, matar ele de uma vez vai ser algo muito bonzinho para ele. (ele encosta a mão no meu rosto) Ele merece coisa pior. (ele me dá um selinho)
Que safado, se aproveitando da situação para me beijar. Não estou reclamando...
Eu- Bom, é melhor eu ir ver a Any. (falo me afastando dele)
Tróia- Vai lá, se precisar de alguma coisa é só me ligar, vou passar na boca, o Comandante pediu para ir até lá. (observo ele pegando o celular do balcão e a chave da moto)
Eu- Pode deixar. (me viro saindo da cozinha e subo as escadas)
Me aproximo da porta do quarto da Any e bato, escuto a voz dela bem baixinho permitindo eu a entrar.
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Autora da obra oficial: __brunaholy
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Meu Abrigo
Romance(Adaptação) Any acabou de perder uma pessoa super importante na vida dela, e devido a esse acontecimento, seu pai resolveu voltar para a vida dela, e a chamou para morar com o mesmo, ela relutou um pouco a ideia de início, mas decidiu se mudar. Mal...